Páginas

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

(1) Sobre o inteiro só existir verdade

(título 2: Gênios marinhos que vomitam fadas já cheias do fogo capitalista)

 Nem parece que é o final do ano. Na verdade nem em dezembro parecia ser natal. Não é um comentário qualquer, realmente sinto isso... Mas de fato é qualquer coisa pra introduzir e traduzir algo que não esteja explodindo no peito.

...Comparar aos outros finais de ano não dá certo, mas sei que novembro e dezembro já não são tão tristes como eram, e que consegui uma estabilidade emocional, como ser serena com os acontecimentos e que uma unidade não se divide.

Tantas notícias boas, algumas coisas superaram minhas expectativas esse ano, sério... Principalmente aqui no Rio de Janeiro, coisas incríveis, meu Deus, que até uma pessoa que se diz apolítica deveria reconhecer. A educação vai melhorar, sério, e já entendi essa coisa de Dilma, não tem jeito. As discrepâncias da nossa desigualdade vão continuar existindo, culpa das pessoas que continuam a perpetuá-la com sonhos sobre rodas, sobre marcas, sobre estrelas que não brilham - são apenas as pontas delas, feitas de qualquer outro material que não seja luz.

Essa coisa de que o mundo está perdido não é verdade, do mesmo jeito que
atos bondosos, atos horrendos também existem e assustam.

Na palavra cruzada caiu o seguinte: "Destruidor de ídolos". =zzz Como assim, é uma máquina? Eu achei engraçado, ficamos pensando o que era e no fim tive que ver no final da revista... Era "iconoclasta", cara, sem noção, até onde eu sei iconoclasta é o cara que não gosta de cultuar imagens e é isso aí.

Achei escrota também a definição da diferença entre"cinestesia" e "sinestesia" wikipédica. Dá uma olhadela, voce vai ter vontade de olhar mais umas vezes e não vai adiantar.

''Neste primeiro momento destacamos a existência de uma certa confusão com relação aos termos cinestesia e sinestesia, o primeiro termo refere-se ao sentido muscular, a um conjunto de sensações que nos permite a percepção dos movimentos (Michaelis, 98); o segundo termo, objeto de nosso estudo neste trabalho, refere-se a uma sensação secundária que acompanha uma percepção, ou seja, uma sensação em um lugar originária de um estímulo proveniente de um estímulo de outro (Michaelis, 1998 e Dorsch, 1976). Portanto, é importante termos em mente que o termo sinestesia empregado neste trabalho não se restringe à percepção do movimento e suas propriedades (peso e posição dos membros), mas engloba um conjunto geral de percepções e sensações interconectadas por processos sensoriais.''

Depois o cara vem falar que  tudo tem a ver com a idéia do subjetivo e do objetivo, o que é coeso, só que esse paradigma é causado pela história e seu contexto vai ser óbvio até alguém vir e revolucionar isso. Sabe, estamos rodando muito rápido,tanto que não dá pra enxergar direito e ficamos confusos, assim o único jeito é rever teorias antigas.

...Faz um tempo não tenho uma sensação sinestésica e confesso que as poucas vezes que senti foram desesperadoras: algumas tem a ver com remédios, outras podem ser interpretadas pela metafísica. Estamos novamente na corda bamba entre o objetivo e  subjetivo? Estamos novamente no cordão da bola preta?


E aí volto nessa coisa característica que destrói meus sonhos lindos e minhas ilusões horríveis: a desconfiança. Não que tenha a ver com o subjetivo e o objetivo, talvez se interliguem sinestesicamente (zagana), mas só tem a ver pelo cordão da bola preta, sabe, um dia de samba e outro dia você queima cartas em puro meio dia, em um sol
idiota.

Manuel Bandeira está errado, eu te digo, bastante errado e foda-se essa merda de ótica, de ângulo, de verdade relativa. Ele fala que pra sentir o amor devemos esquecer a alma, que os corpos se entendem, mas as almas não. O cara com certeza guardava um sentido pra essa afirmação, obviamente essa coisa simbólica da alma se torna uma sutileza pra ateus fervorosos, sabe, ateus com fé no ateísmo. Bem, a questão é que as almas são capazes de se entender, os corpos não, os corpos não se entendem, eles se fodem, se encaixam, movimentam, mas o que move isso tudo?

...Quero dizer que amor existe e só a alma pode compreender isso, afinal a paixão é facilmente explicada cientificamente, já o amor não e Einstein e carinhas legais abeça concordam e eu acho que são gênios sim, mas não da lâmpada.

Lembrei de um professor meu que mostrou a verdade sobre Nelson Rodrigues,
ao comentar que na realidade suas obras critícam a forma como as pessoas vêem o amor. Ele expõe uma realidade, é  verdade, e eu concordo com ela e com ele, mas não mais com o professor, ele é ''iconoclasta'' demais, é um destruidor de ídolos, um psicopata, um serial killer. Mas no final todos estão ali falando de amor e tal, e pimba na gorduchinha.

Deixo de dizer, explicar, não há como. Sabe quando você sente uma coisa e não tem como prová-la? É bem diferente de quando você prova uma coisa e sente. Só que a segunda opção tem a ver com se conectar com o mundo inteiro e isso é chato, isso é fanho e um acontecimento fanho é muito escroto, um dia você terá um e assim entenderá. Pior que acontecimento fanho é acontecimento nu, cru, uma delícia de acontecido e assim mesmo é ''pior'' e o pior é libertador, uma verdade que te consome, você vomita verdades e limpa depois, e aí fica com vontade de vomitar de novo e perde o sentido da porra toda. Então, tudo isso é pra dizer que a verdade dói, mas cura, cura muito.

Eu agradeço todas os momentos maravilhosos de um ano inesquecível com pessoas
inesquecíveis e aperto as patinhas do dragão marinho que solta fogo. Por quê? Porque ele é foda, ele mostra que contos de fadas são machistas e que as fadas são racistas sim e muito. Mas essas espécies existem em um mundo bem mais real que todas as questões culturais que você e seus amigos e familiares seguem ridiculamente a risca, todas essas pequenezas sobre comportamento, rótulos, meu Deus. 

E eu fico com raiva, caralho, tomar no cú, pro inferno essa porra toda, 
nego é chato pacaralho, porra, por que diabo é difícil só calar a porra da boca?
As pessoas são extremamente insensíveis, puta que pariu. E ainda acham que insensibilidade é falar palavrão, que amor é casar e que omitir é diferente de mentir. Se isso é ter a cabeça no lugar, eu quero mais é andar sem cabeça por aí,
e que se dane se alguém vai achar horrendo. Horrível é não se preocupar, não se colocar no lugar das pessoas. Isso é horrível.

Bem,
Nem parece que é o final desse texto.. Na verdade nem o começo parecia tão começo e esse é um comentário qualquer, só pra perpetuar a tradução do que explode no peito.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Personagens do impossível

A reforma psiquiátrica brasileira e a política de saúde mental

(fonte e o projeto em sí)


''A humanidade convive com a loucura há séculos e, antes de se tornar um tema essencialmente médico, o louco habitou o imaginário popular de diversas formas. De motivo de chacota e escárnio a possuído pelo demônio, até marginalizado por não se enquadrar nos preceitos morais vigentes, o louco é um enigma que ameaça os saberes constituídos sobre o homem.
Na Renascença, a segregação dos loucos se dava pelo seu banimento dos muros das cidades européias e o seu confinamento era um confinamento errante: eram condenados a andar de cidade em cidade ou colocados em navios que, na inquietude do mar, vagavam sem destino, chegando, ocasionalmente, a algum porto.
No entanto, desde a Idade Média, os loucos são confinados em grandes asilos e hospitais destinados a toda sorte de indesejáveis – inválidos, portadores de doenças venéreas, mendigos e libertinos. Nessas instituições, os mais violentos eram acorrentados; a alguns era permitido sair para mendigar.

No século XVIII, Phillippe Pinel, considerado o pai da psiquiatria, propõe uma nova forma de tratamento aos loucos, libertando-os das correntes e transferindo-os aos manicômios, destinados somente aos doentes mentais. Várias experiências e tratamentos são desenvolvidos e difundidos pela Europa.

O tratamento nos manicômios, defendido por Pinel, baseia-se principalmente na reeducação dos alienados, no respeito às normas e no desencorajamento das condutas inconvenientes. Para Pinel, a função disciplinadora do médico e do manicômio deve ser exercida com firmeza, porém com gentileza. Isso denota o caráter essencialmente moral com o qual a loucura passa a ser revestida.

No entanto, com o passar do tempo, o tratamento moral de Pinel vai se modificando e esvazia-se das idéias originais do método. Permanecem as idéias corretivas do comportamento e dos hábitos dos doentes, porém como recursos de imposição da ordem e da disciplina institucional. No século XIX, o tratamento ao doente mental incluía medidas físicas como duchas, banhos frios, chicotadas, máquinas giratórias e sangrias.
Aos poucos, com o avanço das teorias organicistas, o que era considerado como doença moral passa a ser compreendido também como uma doença orgânica. No entanto, as técnicas de tratamento empregadas pelos organicistas eram as mesmas empregadas pelos adeptos do tratamento moral, o que significa que, mesmo com uma outra compreensão sobre a loucura, decorrente de descobertas experimentais da neurofisiologia e da neuroanatomia, a submissão do louco permanece e adentra o século XX.

A partir da segunda metade do século XX, impulsionada principalmente por Franco Basaglia, psiquiatra italiano, inicia-se uma radical crítica e transformação do saber, do tratamento e das instituições psiquiátricas. Esse movimento inicia-se na Itália, mas tem repercussões em todo o mundo e muito particularmente no Brasil.

Nesse sentido é que se inicia o movimento da Luta Antimanicomial que nasce profundamente marcado pela idéia de defesa dos direitos humanos e de resgate da cidadania dos que carregam transtornos mentais.
Aliado a essa luta, nasce o movimento da Reforma Psiquiátrica que, mais do que denunciar os manicômios como instituições de violências, propõe a construção de uma rede de serviços e estratégias territoriais e comunitárias, profundamente solidárias, inclusivas e libertárias.

No Brasil, tal movimento inicia-se no final da década de 70 com a mobilização dos profissionais da saúde mental e dos familiares de pacientes com transtornos mentais. Esse movimento se inscreve no contexto de redemocratização do país e na mobilização político-social que ocorre na época.
Importantes acontecimentos como a intervenção e o fechamento da Clínica Anchieta, em Santos/SP, e a revisão legislativa proposta pelo então Deputado Paulo Delgado por meio do projeto de lei nº 3.657, ambos ocorridos em 1989, impulsionam a Reforma Psiquiátrica Brasileira.

Em 1990, o Brasil torna-se signatário da Declaração de Caracas a qual propõe a reestruturação da assistência psiquiátrica, e, em 2001, é aprovada a Lei Federal 10.216 que dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental.
Dessa lei origina-se a Política de Saúde Mental a qual, basicamente, visa garantir o cuidado ao paciente com transtorno mental em serviços substitutivos aos hospitais psiquiátricos, superando assim a lógica das internações de longa permanência que tratam o paciente isolando-o do convívio com a família e com a sociedade como um todo.

A Política de Saúde Mental no Brasil promove a redução programada de leitos psiquiátricos de longa permanência, incentivando que as internações psiquiátricas, quando necessárias, se dêem no âmbito dos hospitais gerais e que sejam de curta duração. Além disso, essa política visa à constituição de uma rede de dispositivos diferenciados que permitam a atenção ao portador de sofrimento mental no seu território, a desinstitucionalização de pacientes de longa permanência em hospitais psiquiátricos e, ainda, ações que permitam a reabilitação psicossocial por meio da inserção pelo trabalho, da cultura e do lazer.
A mostra fotográfica que aqui se apresenta traz a força documental das imagens, que, para além das palavras, prova que a mudança do modelo de atenção aos portadores de transtornos mentais não apenas é possível e viável, como, de fato, é real e acontece.
Em parceria, a Coordenação Nacional de Saúde Mental e o Programa de Humanização no SUS, ambos do Ministério da Saúde, registraram o cotidiano de 24 casas localizadas em Barbacena/MG, nas quais residem pessoas egressas de longas internações psiquiátricas e que, por suas histórias e trajetórias de abandono nos manicômios, mais parecem personagens do impossível.
Antes, destituídos da própria identidade, privados de seus direitos mais básicos de liberdade e sem a chance de possuir qualquer objeto pessoal (os poucos que possuíam tinham que ser carregados junto ao próprio corpo), esses sobreviventes agora vivem. São personagens da cidade: transeuntes no cenário urbano, vizinhos, trabalhadores e também turistas, estudantes e artistas. Compuseram e compõem novas histórias no mundo.
Essa mostra fotográfica de beneficiários do Programa de Volta para Casa e moradores de Serviços Residenciais Terapêuticos é, acima de tudo, uma homenagem aos que transpuseram os muros dos hospitais, da sociedade e os seus próprios.


''(...) há sempre um resto de razão no mais alienado dos alienados.'' - Philippe Pinel (1745-1826)

projeto Área temática da saúde mental

Fonte

Centro Cultural da Saúde

Texto todo extraído do link do projeto "De volta para Casa".

O Programa De Volta para Casa

O Programa de Volta para Casa foi instituído pelo Presidente Lula, por meio da assinatura da Lei Federal 10.708 de 31 de julho de 2003 e dispõe sobre a regulamentação do auxílio-reabilitação psicossocial a pacientes que tenham permanecido em longas internações psiquiátricas.
O objetivo deste programa é contribuir efetivamente para o processo de inserção social dessas pessoas, incentivando a organização de uma rede ampla e diversificada de recursos assistenciais e de cuidados, facilitadora do convívio social, capaz de assegurar o bem-estar global e estimular o exercício pleno de seus direitos civis, políticos e de cidadania.
Além disso, o De Volta para Casa atende ao disposto na Lei 10.216 que determina que os pacientes longamente internados ou para os quais se caracteriza a situação de grave dependência institucional, sejam objeto de política específica de alta planejada e reabilitação psicossocial assistida.
Em parceria com a Caixa Econômica Federal, o programa conta hoje com mais de 2600 beneficiários em todo o território nacional, os quais recebem mensalmente em suas próprias contas bancárias o valor de R$240,00.
Em conjunto com o Programa de Redução de Leitos Hospitalares de longa permanência e os Serviços Residenciais Terapêuticos, o Programa de Volta para Casa forma o tripé essencial para o efetivo processo de desinstitucionalização e resgate da cidadania das pessoas acometidas por transtornos mentais submetidas à privação da liberdade nos hospitais psiquiátricos brasileiros.
O auxílio-reabilitação psicossocial, instituído pelo Programa de Volta para Casa, também tem um caráter indenizatório àqueles que, por falta de alternativas, foram submetidos a tratamentos aviltantes e privados de seus direitos básicos de cidadania.

____________________________________________________________________
Créditos 

MINISTRO DA SAÚDE
José Gomes Temporão

Secretaria de Atenção à Saúde
José Carvalho de Noronha
Departamento de Ações Programáticas Estratégicas
Adson França
Coordenação-Geral de Saúde Mental
Pedro Gabriel
Política Nacional de Humanização do SUS
Dário Frederico Pasche
Esplanada dos Ministérios, bloco G, 6.º andar, sala 606
Tel: (61) 3315-2313
Fax: (61) 3315-3920
saudemental@saude.gov.br
www.saude.gov.br/portal/saude/cidadao

Concepção Original do Projeto
Ana Amstalden
Textos
Ana Amstalden
Eduardo Passos

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Amigo, isso não faz sentido algum

''Devo estar em um mundo onde tudo é mentira, o que meu orgulho faz? Até onde é a divisão de orgulho com me respeitar e ser insegura? A mistura é de orgulho, carência, vaidade, medo, insegurança.
Sei, são todas essas questões normais que passamos pra evoluirmos, tudo isso.

Mas sabendo de tudo isso, e do quão certo é todo esse "sistema", como ainda sinto isso?
É carência? É uma tristeza, uma tristeza por não ter acontecido, por não saber confiar, essa é a mais
pura verdade.
Nao confio, não queria estar a mercê de sentimentos mundanos humanos caóticos
a ver com shakespeare e o caralho... sabe, que merda, nao ter por completo é a grande bosta,a pessoa fica querendo, de fato nunca vai ter, mas quando acha que já tem, ela desanima?

Tenho tanto medo!
Algo me diz que nao consigo decifrar ou ser racional, já que tenho algo fechado quanto a isso.



"Há também uma predisposição de sua parte a "entortar" as coisas e fatos de acordo com uma visão excessivamente pessoal. Assuma um compromisso com a importância de atos justos, e você evitará a tendência a dizer coisas ou tomar atitudes que não são muito corretas."

...várias partes podem me dizer um sim ou um não, minha indecisão dá espaço pro mundo inteiro se manifestar.
Meu espaço é o agora, o físico, é tomar banho e deitar, feliz? Devo ficar longe, devo chorar até chegar amanhã e eu nao ter resolvido nada?''