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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Conversando



Nós que lemos crônica mais do que lemos livros normais, por que, como Rubem dizia, somos preguiçosos, ou apenas por que somos mais realistas (ou as duas coisas não exatamente nesta ordem), apesar de escrevermos sobre o paralelo para entreter, lembramos de várias crônicas enquanto vivemos, andamos por aí e até ao abrir os olhos. Acredito que tudo é isso quando se vive atento ou atentado.
Mas a questão é que estava a pensar seriamente sobre clair de lune e vidas passadas quando me bateu uma vontade imensa de praticar a arte de fazer uma crônica - Algo dificílimo já que nunca se sabe quando realmente fez uma. 
Normalmente até na falta de assunto se faz uma crônica, pois, aliás, detalhes escondidos é que fazem as crônicas. Como Rubem Braga era brilhante mesmo sem assunto, alguns outros são ainda mais com assuntos pessoais (Arnaldo, Clarisse).
Confesso que o presente que mais adoro receber é livro, qualquer livro de crônicas. E confesso também que contos valem nesse meio, pois remetem ao mesmo ponto: idealizando uma época, ou denunciando, tudo nas entrelinhas.
Confesso também, algo meio óbvio em minha pessoa, que adoro o quente do escrito. O que é o quente do escrito? Alguns pensariam algo com relação a crônicas apimentadas, contos safados, ou aqueles que conheçam mais: tons mais sarcásticos.
Retruco então: vale tudo que tenha dom característico. Mas o quente do escrito é o que não se reavalia trocentas vezes depois de ser feito, o que não se relê a fim de mudar frases, colocar em outras partes, acrescentar isso ou aquilo que poderia isso ou aquilo para melhorar isso ou aquilo. Eu gosto é do quente do escrito. Originalidade, e isso não passa despercebido para os bons olhos analíticos, ou escreve por gostar ou gosta de escrever, ali e aqui, melhorar alguma coisa por isso e aquilo. Mas não serei sórdida: gostar de escrever é um dom, que também não passa despercebido, até por que, pega-se domínio pela escrita depois de um tempo, e essa é uma outra questão.
O domínio maior da escrita é quando conseguimos passar o que queremos? Acredito que não. Como uma pintura; cada um vê de uma forma, é meio impossível todos verem o que você quis passar, e isso até que é bom demais da conta, em muitos casos. No caso de fazer romance; no caso de ser canalha; no caso de um bom irônico (os três se enquadram em um só, acredite.) .

Fui pressionada emocionalmente muitas vezes, portanto acho que está na hora de falar algo pessoal sem que seja nas entrelinhas como de praxe, e isso eu ia colocar depois do texto a seguir, pois eu lembrei do por quê estaria contando o que estarei a contar, mas vi que seria meio redundante, meio bobo, como já está sendo, mas vamos lá, agora é minha parte "escrita quente" retocando.

Meu caso com a escrita vem de muito tempo, desde que aprendi a escrever. Começou escrevendo meu nome várias vezes, várias e várias, a fim de fazer um poema. O poema Carolina se estendeu por pouco tempo, até que veio outros, com lata (primeira palavra que aprendi) e outras, pois minha mãe me ensinou coisas antes que eu entrasse no colégio, e coisas em inglês também, mas isso que se dane por enquanto.
Então, era uma vez um diário: Tirando detalhes corriqueiros (um deles que eu ainda os tenho até hoje), fazia poemetos subjetivos, e assim foi sempre, assim como desenhar. Tentava até uma linguagem denotativa, mas o conotativo sempre tomou conta das linhas, em "desalento" e isso era um problema nas provas de redação. Bom, a melhor amiga da sala de aula fez um diário também, e trocávamos, e ela escrevia no meu e eu no dela, e isso acontecia até os 16 anos: já outras amigas, já outros diários, já outros assuntos, já outros poemas. E em várias épocas meus poemas eram dados na sala para serem copiados e entregues à namorados, ou para elas proprias sonharem.
Uns amigos aos 14 me pediam para escrever poemas para as sua queridas, até um dizer que na verdade estava apaixonado pela autora. Várias pessoas foram vítimas dos meus poemas sem saber, mas acredito sempre que foi na boa intenção, até começar a acreditar que podia ajudar as pessoas a fazer poemas, e esse foi meu grande pulo. Acho que a parte meio caótica era o melhor amigo que me mandava poema, ou o namoradinho, ou o outro namoradinho: analisar os poemas e pensar, " é... ele tentou, talvez tenha sido de coração?". Sempre acreditei que quem gostava, escrevia o quanto quisesse. E olhando para qualquer poema, acredito que não era tão realmente belo, pois hoje em dia não vejo tanta beleza em poema, em rima, e aquilo era infância, tudo era "grandiosamente profundo" para nós. E foi indo, nessa de " de repente, não mais que de repente..." e meu caso também com a leitura jovial clássica poética (ou não), tal que não era, definitivamente crônicas. Mas talvez isso eu conte outrora.
Hoje em dia, existem mais coisas além das rimas, da luz dos olhos, da dor desenfreada que no fundo era "bonitinho", dos minutos que duram o beijo e da música que escutamos enquanto ele rola, e até da bruma.
Hoje em dia existem mais coisas além de paixão, até por que, para mim, a paixão hoje em dia não me pega, pegava antes pela pouca resistência que tínhamos: éramos pequenos, tudo era "grandiosamente profundo".
Quando repetimos coisas em crônicas, enfatizamos idéias que vagam por nossa mente ou vagaram constantemente. Essa é uma crônica explicativa parcial da minha vida, talvez, ou, talvez não. Lembro então, começo de um diário: "Amar o perdido, deixa confundido, este coração..." . E de ir indo, assim foi.

Em um dado momento, minha perspectiva da escrita foi repassar idéias e assim foi até muito tempo, levando a escrita na boca: a conversa se tornou para mim um folheto explicativo, um livro de auto-ajuda ou até a tal linguagem denotativa, finalmente, só que misturada. Extraía de tudo que eu lia o melhor que podia - e que não podia. ...Constantemente reflito se o fato de querer ajudar é arrogância. É impossível alguém saber mais que outro? Pois é impossível alguém querer ajudar? Eu não sei, só sei que se escrever e ajudar são a mesma coisa na minha perspectiva, então é o que sempre farei, pois me dá vida e acredito que todos precisam fazer o mesmo.
É a única coisa que dou a dica, o resto é implícito e não a jato. Tudo a jato é considerado chatissimo. Tipo agora. Estou chatissima.

A escrita não só é dada como repassar idéias, mas ser subjetivo e expressar sentimentos, portanto não ignoro a poesia, em sí. Adoro-as. As como. Por isso, exatamente assim, continuo com a minha história sem fim com tudo isso, valorizando todas as formas de escrita e de exteriorização da alma.
Pois o que há de ser o humano, se passar a vida, sem expressar-se? Quero entender tudo e todos: e nessa árdua continuação de mim, já pensei em psicologia, serviço social, filosofia, artes e letras. Acabo enfim filosofando sobre o direito da escrita e da arte como veículo, fazendo meu serviço social.
Afinal, todo mundo sabe que facul de psicologia é a maior putaria mesmo.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

entre passos me sorria






As sapatilhas serviram para alguma coisa, eu sabia que poderiam servir, mas ainda sim estão largas. Então mesmo que o salto seja mínimo (ou eu apenas diga isso), é complicado andar nas ruas meio esburacadas, com mini- paralelepípedos e recheadas de barraquinhas, lixo, butucas, lojas, portos-salva-vidas-de-água-de-coco (salvam mesmo) e pessoas, muitas, pra lá e pra cá: "quanto é isso, quanto é aquilo". "Gostosa!, loirinha!, arrasa!, vem cá! Entra aqui! e...
"- saieuer.." - Me bastava já, mas não estava estressada, mesmo sem uma música penetrando meus ouvidos, é como se me desconectasse do mundo prático para me conectar ao mundo subjetivo, a fim de entender e ver além das circunstâncias, sem deixar de perceber sua existência. (Funciona na vida prática).
A questão é que foi perto demais, e já estava escutando demais antes e isto foi baixo demais, não de baixeza. Já havia agradecido um simpático velho de uma barraquinha de doces e também comprei uma daquelas pequenas roupas íntimas de frufru (ou 3 por um preço econômico). Tudo estava mais engraçado, por que não tornar mais ainda?
- Passou um flash em que eu desenhava em um papel, no balcão de uma livraria que deveria ser barata mas não era e que eu devia comprar um livro do Rubem que eu já li, mas não comprei. O carinha de barbicha foi pesquisar o preço, afinal, em um computador. Logo abri um diálogo sobre o tal - computador - algo como eles nos enganarem, eles não serem eficientes, minha memória se distrai e não consigo lembrar a palavra certa, mas tive impressão que havia sido um diálogo de comédia-romântica quando ele sorriu, e depois, e os olhos. Algumas piadas, outros livros, ele só lia Gabriel Garcia Marques - Por que não lê Rubem Fonseca? - e coincidentemente ele ia ler aquele dia, ou estava pensando em ler. A correria do trabalho, ao menos havia uma intenção e é isto que vale, sempre foi.
- Vocês que trabalham aqui podem aproveitar pra ler nos intervalos, isso deve ser bom! - " É, podemos até, quando não há muito movimento também dá para pegar um..",
- "A menos que uma garota fique falando banalidades e tenha que dar atenção" " Ele ri, nega e aquela coisa toda. Nada foi charme, só queria mais uma risada. Risadas tiradas são tesouros guardados. Mesmo que as tímidas, mas não as plácidas, outras piadas e momentos ficam por conta da memória, pois neste momento o flash passou -

- O quê?
- saicmg. - Ele estava saindo consigo mesmo, constrangido já, devia pensar por que diabo eu retruquei...
- Ah sim, não entendi o que você falou, mas deve ter sido mais um daqueles caras que falam coisas quando as mulheres passam, certo?
Mais um tesouro computado. E daí começa-se o que não se começa e o que o fim não existe, portanto. E muitas palavras ressoadas depois, encontram-se uma curiosidade do meu nome, algo estranho, como o que estava fazendo ali, (que também era perguntar demais).
- Está perguntando demais. - Vá lá comprar sua guitarra, não vou comprar um café pra tomarmos e ninguém vai trepar, a barba é impressionante, e os olhos são de chocolate, se tivesse mais de 32 não acreditava em porra nenhuma, mas tinha menos, porém mais que 28. E isso tudo ficou só no pensamento sepultado. E se gostar da França é ponto, não ligo para o desencontro. Até certo ponto a média de ficar adivinhando coisas e nomes permaneceu imune.
"- Então você poderia morar ali, seria genial.", "-Você acha que eu estou comendo muito açaí? É todo dia."

- É algo realmente infantil fazer essas coisas; você é retardado.; Homens interessantes costumam ter barbas./; Você que é engraçado.
Isso tá ficando ridículo, vamos embora. -


O cara que tocava lá no pátio da vila lobos passou com seus instrumentos, seus amigos, um deles que tocava flauta - que gosto muito, mas que tanto havia escutado que meus ouvidos já queriam matá-lo - e o cabelo absurdamente comprido do metaleiro que virou tocador de cavaquinho.

E mesmo assim, ninguém acha estranho dois estranhos não se estranharem? -
Isso é realmente algo estranho hoje em dia, não é? Tirando em boates né, mas eu digo, sem necessariamente um homem alto ou baixo te agarrar ou algo acontecer por pressão local, pressão do álcool, sei la o quê acontece, só sei que acontece, e lá não é estranho, mas na rua sim, é estranho (raro e improvável).

A simpatia na rua é estranha. Apresentar a simpatia para as pessoas é um ato muito interessante, é como mostrar lugares novos no mesmo lugar - constando que todo local fica mais agradável assim. Tirando o fato de que a Cinelândia mesmo com toda sua simpatia, tem as escadarias gigantes até o banheiro que a luz pisca.
Mas vamos à simpatia: Digo uma que não seja ordinária, acrescento. Se não, só as mulheres terão um local interessante (e ao mesmo tempo vida sentimental vazia). A questão que exploro é você poder tornar o dia de alguém melhor, e quanto mais tornar, mais ganhar seu dia.
Depende muito, a vida é dura, quero ver quem trabalha, quem tem tempo para parar e ver o teatro do boneco tocando bateria no centro?
Quem tem tempo para pensar em não pensar? Quem não tem tempo para não ter tempo?
Precisa-se ser agradável com os íntimos, com os familiares, com os cachorros que te lambem principalmente. Mas não é bem por aí, não é por aí que tudo tem mesmo ido bem. É preciso prezar uma harmonia que acaba se tornando interna pra qualquer um. Por algum motivo, prefiro essencialmente fazer isso com as pessoas sozinhas que "não tem tempo" e ao mesmo tempo, terão mais um minuto para sorrir assim bobamente e fazer uma lembrança afagar os dias. Prefiro isto à quem, torneado dentro de um corredor, fala e fala, mesmo que sendo algo com teor interessante - do qual não tenho certeza, o interessante anda tão relativo, então digo: ou não - é algo como ter faro pra pessoas que comem muito açaí, pessoas que gostam de crônicas, que possam amar Fight Club, amam Mario Quintana (é querer demais, também, achar um que adore meu querido Bandeira integralmente) e que possam mudar o mundo. Que possam fazer diferença, e é interessante impulsionar, afinal. Mas tudo, tudo, é tão implícito...

Hoje ouvi dizer que um carinha em um certo programa da ESPN disse que entre as linhas não têm nada: que essa coisa de entrelinhas é babaquice. Ri tristemente ao ter que dizer que Clarisse dizia-se já esmagada por elas. Se fosse como o primeiro diz, quem seria Clarisse e quem seria todos os que consagraram e expandiram o que o interior é capaz, e não o que a rapidez "versátil" com máquinas é capaz....Isto é como um mergulho na vida para solucioná-la, e existem tantas formas do mesmo a se explorar...
Também ouvi sobre algumas pessoas hoje em dia que são bons frutos: boas cabeças que não tem deixa em um mercado maçante que se encontra o mundo de hoje, que cresce tão rápido e tão paradoxalmente, afinal, creio. São essas que devem fazer a diferença, e "não escolhemos nascer, mas escolhemos fazer a nossa diferença, plantando nossa semente". (revolucionaria)
Ainda escutar de professores essas coisas hoje em dia, é algo já difícil, ainda mais ver seu efeito. Mas acredito que todos nós temos o dom de sermos professores e alunos. E fazermos nossa diferença, e nunca é chato repetir que nenhum bom ato é pequeno, nem hoje, nem amanhã.

-Deixa eu te fazer a pergunta, cara.

E o amor?


" Talvez o tenha sentido em alguns momentos da minha vida, breves, talvez minutos. Já sofri por alguém e tal, mas.. "

-Sofrer é por vaidade, insegurança, não é amor.


Olha nos meus olhos atentamente.


"- É verdade, por isto, senti algo em alguns minutos..."


- Acredita-se, que amor é para sempre.


Mais um riso escuta-se.

" Como a igreja batista ali... já entendemos que isso não existe e ..."


- Então, amor é uma lenda, pra você?

Ri.

"- Algo Infantil"

- Infantil, como dizer coisas para mulheres no meio da rua.

Mais risos.

- Ainda vai saber o que é amor, ou não, mas um dia sentirá, amor de qualquer forma.

"- Precisará ser muito boa para isso, estou cansado, não trago nem celular, não quero ninguém me ligando, de todas e não dou o rabo, não está no contrato"

(Rio, penso em celulares que não trago. )

- Comigo é algo assim. O saco fica cheio, mesmo sem ter um... Mas creia, quando acontecer, você entenderá.




(A memória não redige todas as palavras, ela redige apenas a dita bela crônica da lembrança)


É justo que se interfira nas conversas, na música, na sociedade, sempre para o bem da nação, mesmo que ainda não entenda por que tudo precisa ser tão perfeitamente em harmonia,e a simpatia faça diferença, mesmo quando seu dia não está como gostaria. Mas ainda não aconteceu e já disse mil vezes que quando acontecer a tal coisa, eles hão de entender. E 500 entenderam (ou, superficialmente?), e eu fico com a parte que consta do cardápio: criar arte nas pessoas, não romance.
O dia está exatamente como estará seu estado, precisa-se regar-se constantemente e ao mundo, também, e só de fazer a si mesmo, já o está ajudando. Uma das nossas habilidades constadas turísticas, deve-se ser prezada, não por ser turística, e sim por que este calor brasileiro e simpatia deve vir sempre do nosso humanismo.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Bipolarizando

"Minhas desequilibradas palavras são o luxo do meu silêncio."


"Inútil querer me classificar,eu simplesmente escapulo não deixando. Gênero não me pega mais."


(Clarice Lispector)

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Mesa redonda

Ele faz uns versos, ele faz outro texto. Ela:
- Bebe dois chopes e fuma mais dois cigarros e prossegue. -

Não salvo o poema, salvo a vida transbordando em palavras, procurando essência sem tema.
Com tal introdução, não poderia avaliar pequenezas.

O evasivo, mesmo distinto, à mim continua restrito, como todas as drogas que me conflagram humana.


Revejo a lembrança como nossa magia, nossa um dia insensatez. Aquela que reproduzimos como vida, nosso marlboro, nosso seguro porto, não dito nem exposto.


Escrevo assim como quem bebe, vive ou sonha e tampouco sonha ou vive.
Mas contemporizar nesse mundo afinal é viver... Mesmo que assim: diferente de quem vive, tornando-se ressonância, redundância. Puta tarja preta e insolação.


Afinal, em meu azulejo interno, só poderia salvar como sempre o fiz, o subjetivo, sem a rima,

sem aviso.
Como vida; paradoxal.


Estado atmosférico

Dali ; santiafoelgrande

Consternado pelo sol que não lhe abriram,

O pesar tornava-se lento, insípido em noite e dia.
Sem conflito, sem tempo.

O tormento inexpressivo,
desolado, impreciso.

Quando haverá em si uma dor que acalmasse pura alma,

Conflagrasse o resto em cinzas para enfim embrenhar a vida em papel branco,
Contra o vento, como espelho,
em indolência restaurada sem mácula,
desejo de quem precisa fechar os olhos.

Desolado o próprio impreciso haverá de repetir as mesmas indagações,

Em pausa, em delírio, em dispersão.
- O que será desta, um encontro consigo:

Suportar o grito diletante e despir-se das emoções;

Consternado enfim,

Consumido pela resistência.

(Desesperança que emana novamente ao sorriso,
corta a epiderme em respiração,

Confundindo o mundo,
Desesperada razão,
corolário de quem faz o mundo girar e prossegue;
Em resistência. )





segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

(Mil e uma entrelinhas)



Afinal
Só quero
Só queres
sorrir
florir
sem mentiras
partidas
sem mais petalas
feridas





Escada no jarfim do artista; Bonnard

(- Carolina.) Coisa infantil mesmo, se faz antigamente.


domingo, 3 de fevereiro de 2008

A arte do papel branco



- Kandinsky

Antes de ir, mais um pouco entrelaçado com tudo...

Linguagem constituída como ponte, resta-nos como veículo à administrar outros caminhos - e se fácil fosse entender tantos e tantos textos deixados, não existiriam os sábios à ver nas entrelinhas, mais poema e mais prosa do que a arte cênica de outros textos.
O melhor meio de se expressar, é arte, crítica e a própria íris. E os estilosos são tão louváveis quanto tudo de artificial que existe: apenas uma falta de astúcia misturada com uma roupagem fútil, que não se entrega a palavras e própria linguagem, e o íntimo pouco dito: o alheio quando dramático, é máscara do verdadeiro evasivo-burro, portanto, ressalvo a linguagem de si: subentendida e intrigante.


Quando irrita, acho bonitinho, como o burro do Shrek. (sabes?)


Nada mais.

Então, rumo à passeios carnavalescos, têm-se a impressão de já ter visto tudo antes, e fatigado a maioria continua, pois a vida não quer ser evasiva como as palavras, a vida quer ganhar prosa.
Já outra ala do mesmo instante que passeava-se enfeitado, têm a impressão de dar prosa a vida, dar linguagem aos sentidos, sem métrica nem alcance mútuo: simplesmente o que lhe remete, antecede e sonha, como pinceladas sob o papel branco são as palavras a escorrerem, tripudiando e louvando poucos, deixando apenas a interrogação que acho absurdo de divino: sinal que existe a vontade de Saber.

Essa vontade sempre será a mola mestre de todos... E se uns não alcançarem mesmo participando-a na rotina, que comecem do início mesmo, sem vergonha, vá para as fabulas.

Sobre os que temem:um bocado de confiança em sua própria fórmula.
De resto, explore e explore.