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quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

entre passos me sorria






As sapatilhas serviram para alguma coisa, eu sabia que poderiam servir, mas ainda sim estão largas. Então mesmo que o salto seja mínimo (ou eu apenas diga isso), é complicado andar nas ruas meio esburacadas, com mini- paralelepípedos e recheadas de barraquinhas, lixo, butucas, lojas, portos-salva-vidas-de-água-de-coco (salvam mesmo) e pessoas, muitas, pra lá e pra cá: "quanto é isso, quanto é aquilo". "Gostosa!, loirinha!, arrasa!, vem cá! Entra aqui! e...
"- saieuer.." - Me bastava já, mas não estava estressada, mesmo sem uma música penetrando meus ouvidos, é como se me desconectasse do mundo prático para me conectar ao mundo subjetivo, a fim de entender e ver além das circunstâncias, sem deixar de perceber sua existência. (Funciona na vida prática).
A questão é que foi perto demais, e já estava escutando demais antes e isto foi baixo demais, não de baixeza. Já havia agradecido um simpático velho de uma barraquinha de doces e também comprei uma daquelas pequenas roupas íntimas de frufru (ou 3 por um preço econômico). Tudo estava mais engraçado, por que não tornar mais ainda?
- Passou um flash em que eu desenhava em um papel, no balcão de uma livraria que deveria ser barata mas não era e que eu devia comprar um livro do Rubem que eu já li, mas não comprei. O carinha de barbicha foi pesquisar o preço, afinal, em um computador. Logo abri um diálogo sobre o tal - computador - algo como eles nos enganarem, eles não serem eficientes, minha memória se distrai e não consigo lembrar a palavra certa, mas tive impressão que havia sido um diálogo de comédia-romântica quando ele sorriu, e depois, e os olhos. Algumas piadas, outros livros, ele só lia Gabriel Garcia Marques - Por que não lê Rubem Fonseca? - e coincidentemente ele ia ler aquele dia, ou estava pensando em ler. A correria do trabalho, ao menos havia uma intenção e é isto que vale, sempre foi.
- Vocês que trabalham aqui podem aproveitar pra ler nos intervalos, isso deve ser bom! - " É, podemos até, quando não há muito movimento também dá para pegar um..",
- "A menos que uma garota fique falando banalidades e tenha que dar atenção" " Ele ri, nega e aquela coisa toda. Nada foi charme, só queria mais uma risada. Risadas tiradas são tesouros guardados. Mesmo que as tímidas, mas não as plácidas, outras piadas e momentos ficam por conta da memória, pois neste momento o flash passou -

- O quê?
- saicmg. - Ele estava saindo consigo mesmo, constrangido já, devia pensar por que diabo eu retruquei...
- Ah sim, não entendi o que você falou, mas deve ter sido mais um daqueles caras que falam coisas quando as mulheres passam, certo?
Mais um tesouro computado. E daí começa-se o que não se começa e o que o fim não existe, portanto. E muitas palavras ressoadas depois, encontram-se uma curiosidade do meu nome, algo estranho, como o que estava fazendo ali, (que também era perguntar demais).
- Está perguntando demais. - Vá lá comprar sua guitarra, não vou comprar um café pra tomarmos e ninguém vai trepar, a barba é impressionante, e os olhos são de chocolate, se tivesse mais de 32 não acreditava em porra nenhuma, mas tinha menos, porém mais que 28. E isso tudo ficou só no pensamento sepultado. E se gostar da França é ponto, não ligo para o desencontro. Até certo ponto a média de ficar adivinhando coisas e nomes permaneceu imune.
"- Então você poderia morar ali, seria genial.", "-Você acha que eu estou comendo muito açaí? É todo dia."

- É algo realmente infantil fazer essas coisas; você é retardado.; Homens interessantes costumam ter barbas./; Você que é engraçado.
Isso tá ficando ridículo, vamos embora. -


O cara que tocava lá no pátio da vila lobos passou com seus instrumentos, seus amigos, um deles que tocava flauta - que gosto muito, mas que tanto havia escutado que meus ouvidos já queriam matá-lo - e o cabelo absurdamente comprido do metaleiro que virou tocador de cavaquinho.

E mesmo assim, ninguém acha estranho dois estranhos não se estranharem? -
Isso é realmente algo estranho hoje em dia, não é? Tirando em boates né, mas eu digo, sem necessariamente um homem alto ou baixo te agarrar ou algo acontecer por pressão local, pressão do álcool, sei la o quê acontece, só sei que acontece, e lá não é estranho, mas na rua sim, é estranho (raro e improvável).

A simpatia na rua é estranha. Apresentar a simpatia para as pessoas é um ato muito interessante, é como mostrar lugares novos no mesmo lugar - constando que todo local fica mais agradável assim. Tirando o fato de que a Cinelândia mesmo com toda sua simpatia, tem as escadarias gigantes até o banheiro que a luz pisca.
Mas vamos à simpatia: Digo uma que não seja ordinária, acrescento. Se não, só as mulheres terão um local interessante (e ao mesmo tempo vida sentimental vazia). A questão que exploro é você poder tornar o dia de alguém melhor, e quanto mais tornar, mais ganhar seu dia.
Depende muito, a vida é dura, quero ver quem trabalha, quem tem tempo para parar e ver o teatro do boneco tocando bateria no centro?
Quem tem tempo para pensar em não pensar? Quem não tem tempo para não ter tempo?
Precisa-se ser agradável com os íntimos, com os familiares, com os cachorros que te lambem principalmente. Mas não é bem por aí, não é por aí que tudo tem mesmo ido bem. É preciso prezar uma harmonia que acaba se tornando interna pra qualquer um. Por algum motivo, prefiro essencialmente fazer isso com as pessoas sozinhas que "não tem tempo" e ao mesmo tempo, terão mais um minuto para sorrir assim bobamente e fazer uma lembrança afagar os dias. Prefiro isto à quem, torneado dentro de um corredor, fala e fala, mesmo que sendo algo com teor interessante - do qual não tenho certeza, o interessante anda tão relativo, então digo: ou não - é algo como ter faro pra pessoas que comem muito açaí, pessoas que gostam de crônicas, que possam amar Fight Club, amam Mario Quintana (é querer demais, também, achar um que adore meu querido Bandeira integralmente) e que possam mudar o mundo. Que possam fazer diferença, e é interessante impulsionar, afinal. Mas tudo, tudo, é tão implícito...

Hoje ouvi dizer que um carinha em um certo programa da ESPN disse que entre as linhas não têm nada: que essa coisa de entrelinhas é babaquice. Ri tristemente ao ter que dizer que Clarisse dizia-se já esmagada por elas. Se fosse como o primeiro diz, quem seria Clarisse e quem seria todos os que consagraram e expandiram o que o interior é capaz, e não o que a rapidez "versátil" com máquinas é capaz....Isto é como um mergulho na vida para solucioná-la, e existem tantas formas do mesmo a se explorar...
Também ouvi sobre algumas pessoas hoje em dia que são bons frutos: boas cabeças que não tem deixa em um mercado maçante que se encontra o mundo de hoje, que cresce tão rápido e tão paradoxalmente, afinal, creio. São essas que devem fazer a diferença, e "não escolhemos nascer, mas escolhemos fazer a nossa diferença, plantando nossa semente". (revolucionaria)
Ainda escutar de professores essas coisas hoje em dia, é algo já difícil, ainda mais ver seu efeito. Mas acredito que todos nós temos o dom de sermos professores e alunos. E fazermos nossa diferença, e nunca é chato repetir que nenhum bom ato é pequeno, nem hoje, nem amanhã.

-Deixa eu te fazer a pergunta, cara.

E o amor?


" Talvez o tenha sentido em alguns momentos da minha vida, breves, talvez minutos. Já sofri por alguém e tal, mas.. "

-Sofrer é por vaidade, insegurança, não é amor.


Olha nos meus olhos atentamente.


"- É verdade, por isto, senti algo em alguns minutos..."


- Acredita-se, que amor é para sempre.


Mais um riso escuta-se.

" Como a igreja batista ali... já entendemos que isso não existe e ..."


- Então, amor é uma lenda, pra você?

Ri.

"- Algo Infantil"

- Infantil, como dizer coisas para mulheres no meio da rua.

Mais risos.

- Ainda vai saber o que é amor, ou não, mas um dia sentirá, amor de qualquer forma.

"- Precisará ser muito boa para isso, estou cansado, não trago nem celular, não quero ninguém me ligando, de todas e não dou o rabo, não está no contrato"

(Rio, penso em celulares que não trago. )

- Comigo é algo assim. O saco fica cheio, mesmo sem ter um... Mas creia, quando acontecer, você entenderá.




(A memória não redige todas as palavras, ela redige apenas a dita bela crônica da lembrança)


É justo que se interfira nas conversas, na música, na sociedade, sempre para o bem da nação, mesmo que ainda não entenda por que tudo precisa ser tão perfeitamente em harmonia,e a simpatia faça diferença, mesmo quando seu dia não está como gostaria. Mas ainda não aconteceu e já disse mil vezes que quando acontecer a tal coisa, eles hão de entender. E 500 entenderam (ou, superficialmente?), e eu fico com a parte que consta do cardápio: criar arte nas pessoas, não romance.
O dia está exatamente como estará seu estado, precisa-se regar-se constantemente e ao mundo, também, e só de fazer a si mesmo, já o está ajudando. Uma das nossas habilidades constadas turísticas, deve-se ser prezada, não por ser turística, e sim por que este calor brasileiro e simpatia deve vir sempre do nosso humanismo.