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sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Sexos


A energia feminina é fortíssima e se mistura - não sei mais o que sou, homem ou mulher.
Olho os homens como meu espelho, as mulheres deveriam ser meu alvo e mesmo assim apenas me dão medo.
Todas as mulheres com que me relacionei me deixaram.
As mulheres costumam me deixar, eu costumo me deixar.
Sonho com o animus em yang e descubro que acordei homem mais uma vez
Freud estava errado, estava errada
Nem todas as respostas encontraremos em um fator comum sexual, mesmo que isso mova o mundo inteiro.

Confesso, nunca fui apaixonado por carros ou futebol, apenas ostentei.
Os seios me chamam atenção, mas é com as nádegas que eu deliro.
Nos seios sou minha alma,
no meio de todos estou perdido,
(perdido sem reclamar de nada).

Meu querer é paixão e tudo que o envolve erro em seguir
...Mas é quando sigo o erro que percebo que Eros estava certo.

Feromônios e estamos todos loucos,
dentro de nossos corpos temos o que explode nossas mentes.
Dentro de nossas mentes organizadas uma tela, uma rede de conexões que, enfim.

A ciência interrompe o que achei debaixo das cobertas.



05\11

quarta-feira, 2 de maio de 2012

William S. Burroughs Diary


Trechos do diário de William S. Burroughs

*Sábado, 3 de maio de 1997.
O caviar chegou. Sabe, filho, quando o sujeito se vicia em caviar Beluga, não há nada que não fará para satisfazer a fome de caviar que o consome.
Ele pode mentir, trapacear, pode até matar para conseguir uma porção. Pode chegar ao ponto em que nem humano é mais. Apenas um veículo para a vil prostituta troiana russa, oferecendo seu produto mortífero.
Posso imaginar alguém indo à falência de tanto comprar o melhor Beluga. Um dia ele chega a sua casa e sua filha de 15 anos e outros adolescentes estão comendo seu Beluga, acompanhado de milk-shake.
"Venha se juntar à festa, pai." Ela ergue o vidro vazio. "Chegou tarde." Ele seria capaz de matar todos, se não tivesse caído morto pela "Falta de Caviar na Hora Certa".

* Segunda, 5 de maio.
Allen morreu no dia 5 de abril de 1997. 
Is it not time to
 
Dance and sing
 
While the bell of 
 
Death do ring?
 
Turn on the toe
 
Sing out "Hey Nanny Noo".

* Segunda, 12 de maio.
Lembro no sonho que eu era jovem, com a vida toda à minha frente, em 1890, cidade pequena, cheia de gente simpática.  

Gente simpática e ignorante. Eu não estava com pressa nenhuma. Dólares de prata chacoalhando no meu jeans. Na época em que um dólar comprava um banquete.
Acompanhado de um vinho francês da melhor safra e, é claro, do melhor caviar Beluga. Ou então você podia pagar uma boa transa. Qualquer tamanho, raça ou cor.
Então, onde foi que erramos? Acho que o erro sempre esteve ali. ''Segurança, a máscara amigável da transformação. Para a qual sorrimos, sem vermos o que sorri por trás dela.'' (Edwin Arlington Robinson)
Sinto-me frio e envelhecido. Sinto-me como Teiresias, morto há 15 dias, e as ondas desnudando seus ossos em sussurros _aquelas velhas, velhas palavras. Tantas cenas terríveis com _esqueça, desative, deixe pra lá, é apenas sua memória agora, remova-a. Você tem o poder de fazê-lo.

* Sábado, 24 de maio.
Dia legal a quarta-feira com a banda ME TOO (U2) em Kansas City. Gosto dessas apresentações públicas _como injeções de boa vontade recíproca sincera. 

I'll go right back where
 
the bullets fly and
 
stay on the cow
 
until I die.
Aqui eu desabo, rindo. Tentando pensar numa leitura realmente nova que consiga transmitir quem sou e por que estou aqui. Tenho que fazer isso.
Começamos com a grande e feia mentira americana. Allen Ginsberg, segundo George Will, construiu sua carreira a partir das disfunções da Sociedade Americana.
Allen roeu um furo na Mentira; foi dele o Uivo ouvido no mundo todo, da Cidade do México até Pequim, o Uivo da juventude distorcida, sufocada.
A influência mundial de Allen foi algo sem precedentes. Ele, com a coragem de sua sinceridade total, encantou e desarmou as selvagens Feras da Fraternidade Estudantil.

* Domingo, 25 de maio.
Todos os governos são erguidos sobre mentiras. Todas as organizações são erguidas sobre mentiras. As mentiras podem ser inofensivas, como a mentira da droga milagrosa, a metadona, que supostamente remove o desejo de heroína (claro, como o gim alivia a necessidade de uísque). 
A droga surgiu em meio a mentiras explicadas a mim por um dos primeiros médicos.
A metadona é a primeira síntese bem-sucedida da molécula de morfina. Em Tânger, tive um hábito de dois anos de metadona injetável que era droga pura.
Quem são os malucos antidrogas? De onde vêm?
Fato: a cannabis é uma das melhores drogas para combater a náusea, aumenta o apetite e o bem-estar. 
Também estimula os centros visuais cerebrais. Já tive tantas imagens ótimas conseguidas com cannabis. Na minha época de saladas, eu usava só ela, e que realizações consegui! (''E que acasalamentos!'', como exclamou um crítico francês admirado.) 
Algumas tragadas na teta verde e consigo enxergar múltiplas saídas e caminhos. Então por que tanta repressão a essa substância inofensiva e prazerosa?
Quem é você, para quem a verdade é tão perigosa? O que é a verdade? Algo imediatamente percebido como sendo a verdade. 
Allen abriu rombos na Grande Mentira, não apenas com sua poesia, mas com sua presença, sua verdade espiritual auto-evidente.
Últimas palavras ''dois a cinco meses, os médicos disseram'', disse Allen, ''mas eu acho que vai ser muito menos''.  

Depois ele me disse: ''Achei que ficaria apavorado, mas estou totalmente feliz!''. Suas últimas palavras a mim. Eu me recordo de falar com ele pelo telefone antes do diagnóstico fatal, e já estava ali em sua voz _distante, fraca. Então eu soube.

* Segunda, 26 de maio.
A busca da resposta final _o Santo Graal, a Pedra Filosofal. Uma miragem que se distancia. De qualquer modo, quem quer uma resposta final?  

Perguntei a um físico japonês: ''Você realmente quer conhecer o segredo do universo?''. Ele disse: ''Sim''. Pensei que uma pequena fração desse segredo seria o suficiente para fazer você subir pela parede. Quanto a mim, só quero saber o que preciso saber para fazer o que preciso fazer. ''Sou apenas um Sargento Técnico.''
Será que quero saber? Já tentei psicanálise, ioga, o método de posturas de Alexander, fiz um seminário com Robert Monroe, fiz viagens para fora do corpo, Cientologia e saunas indígenas. 
Procurando uma resposta? Por quê? Você quer saber o segredo? Nada disso. Tudo está no que não está feito. 

Onde estão a cavalaria, a nave espacial, o esquadrão de resgate? Fomos abandonados aqui neste planeta governado por filhos da puta mentirosos, de poder cerebral modesto. Sem sentido. Nem uma minúscula fração de boas intenções. Filhos da puta mentirosos.

Burroughsrreu de taque cardíaco em agosto de 1997. 

''Black smoker'', William S Burroughs




domingo, 9 de outubro de 2011

SOAD in Rio


O melhor dessa porra é justamente não conseguir descrever, puta que pariu, só lembrar de ficar sem ar, de chorar suor, sentir a guitarra genial do Malakian, que acompanhava trambem com sua voz inconfundível, o potencial vocal e introspecção muito paradoxal do Serj, a bateria sagaz de Dolmayan tenso, o baixo do Shavo parecendo um inconsciente lokinórdico e de nao fotografar merda nenhuma por ter esquecido o cel, na fome de simplesmente curtir pulando dignamente, fazendo o meu mundo rodar e rodando com o mundo que aquilo me surpreendia existir.

No Rock in Rio, antes de 'Mind', Serj diz :
''Temos que encarar nossas mentes no tempo em que vivemos. Nós temos que roubar nossas mentes de sua incessante busca por coisas estúpidas. Tecnologia, o filho do materialismo. Coisas boas e ruins. Temos que olhar para nós e para nosso meio ambiente e dizer: “Que diabos estamos fazendo aqui?”. Como eu disse ontem em São Paulo, estou do lado dos indígenas do Brasil contra todo o desenvolvimento desnecessário por todo o país.''





Psycho

Psycho, groupie, cocaine, crazy
Psycho, groupie, cocaine, crazy

Psycho groupie, cocaine, crazy
Psycho groupie coke,
Makes you high, makes you hide,
Makes you really want to go - stop.

Psycho groupie, cocaine, crazy
Psycho groupie coke,
Makes you high, makes you hide,
Do you really want to think and stop,
Stop your eyes from flowing,
Psycho, groupie, cocaine, crazy

Psycho groupie, cocaine, crazy
Psycho groupie coke,
Makes you high, makes you hide,
Makes you really want to go - stop.

Psycho groupie, cocaine, crazy
Psycho groupie, coke,
Makes you high, makes you hide,
Do you really want to think and stop,
Stop your eyes from flowing out

So you want the world to stop,
Stop in and watch your body fully drop,
From the time you were a
Psycho, groupie, cocaine, crazy

So you want to see the show,
You really don't have to be a whore
From the time you were a
Psycho, groupie, cocaine, crazy.

Psycho groupie, cocaine, crazy
Psycho groupie coke,
Makes you high, makes you hide,
Makes you really want to go - stop.

Psycho groupie, cocaine, crazy
Psycho groupie, coke,
Makes you high, makes you hide,
Do you really want to think and stop,
Stop your eyes from flowing out

So you want the world to stop,
Rushing to watch your spirit fully drop,
From the time you were a
Psycho, groupie, cocaine, crazy

So you want to see the show,
You really don't have to be a whore
From the time you were a
Psycho, groupie, cocaine, crazy

(agora uma que nao tocaram, mas é genial também: )
Metro 
I'm alone, sitting with my broken glass
My four walls follow me through my past
I was on a Paris train
I emerged in London rain
And you waiting there swimming through apologies

I remember searching for the perfect words
I was hoping you might change your mind
I remember the soldier standing next to me
Riding on the metro

I went smiling as you took my hand
So removed we spoke in France
You were passed as shallow word
The years have passed and still a hurt
You were passed as shallow word
Years have passed and still a hurt
I can see it now smiling as I pulled away...
sorry

I remember the letter wrinkled in my hand
"I'll love you always" filled my eyes
I remember the night we walked along the Seine
Riding on the metro


I remember a feeling coming over me
The soldier turned, then walked away
Fuck you for loving me
Riding on the metro

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Personagens do impossível

A reforma psiquiátrica brasileira e a política de saúde mental

(fonte e o projeto em sí)


''A humanidade convive com a loucura há séculos e, antes de se tornar um tema essencialmente médico, o louco habitou o imaginário popular de diversas formas. De motivo de chacota e escárnio a possuído pelo demônio, até marginalizado por não se enquadrar nos preceitos morais vigentes, o louco é um enigma que ameaça os saberes constituídos sobre o homem.
Na Renascença, a segregação dos loucos se dava pelo seu banimento dos muros das cidades européias e o seu confinamento era um confinamento errante: eram condenados a andar de cidade em cidade ou colocados em navios que, na inquietude do mar, vagavam sem destino, chegando, ocasionalmente, a algum porto.
No entanto, desde a Idade Média, os loucos são confinados em grandes asilos e hospitais destinados a toda sorte de indesejáveis – inválidos, portadores de doenças venéreas, mendigos e libertinos. Nessas instituições, os mais violentos eram acorrentados; a alguns era permitido sair para mendigar.

No século XVIII, Phillippe Pinel, considerado o pai da psiquiatria, propõe uma nova forma de tratamento aos loucos, libertando-os das correntes e transferindo-os aos manicômios, destinados somente aos doentes mentais. Várias experiências e tratamentos são desenvolvidos e difundidos pela Europa.

O tratamento nos manicômios, defendido por Pinel, baseia-se principalmente na reeducação dos alienados, no respeito às normas e no desencorajamento das condutas inconvenientes. Para Pinel, a função disciplinadora do médico e do manicômio deve ser exercida com firmeza, porém com gentileza. Isso denota o caráter essencialmente moral com o qual a loucura passa a ser revestida.

No entanto, com o passar do tempo, o tratamento moral de Pinel vai se modificando e esvazia-se das idéias originais do método. Permanecem as idéias corretivas do comportamento e dos hábitos dos doentes, porém como recursos de imposição da ordem e da disciplina institucional. No século XIX, o tratamento ao doente mental incluía medidas físicas como duchas, banhos frios, chicotadas, máquinas giratórias e sangrias.
Aos poucos, com o avanço das teorias organicistas, o que era considerado como doença moral passa a ser compreendido também como uma doença orgânica. No entanto, as técnicas de tratamento empregadas pelos organicistas eram as mesmas empregadas pelos adeptos do tratamento moral, o que significa que, mesmo com uma outra compreensão sobre a loucura, decorrente de descobertas experimentais da neurofisiologia e da neuroanatomia, a submissão do louco permanece e adentra o século XX.

A partir da segunda metade do século XX, impulsionada principalmente por Franco Basaglia, psiquiatra italiano, inicia-se uma radical crítica e transformação do saber, do tratamento e das instituições psiquiátricas. Esse movimento inicia-se na Itália, mas tem repercussões em todo o mundo e muito particularmente no Brasil.

Nesse sentido é que se inicia o movimento da Luta Antimanicomial que nasce profundamente marcado pela idéia de defesa dos direitos humanos e de resgate da cidadania dos que carregam transtornos mentais.
Aliado a essa luta, nasce o movimento da Reforma Psiquiátrica que, mais do que denunciar os manicômios como instituições de violências, propõe a construção de uma rede de serviços e estratégias territoriais e comunitárias, profundamente solidárias, inclusivas e libertárias.

No Brasil, tal movimento inicia-se no final da década de 70 com a mobilização dos profissionais da saúde mental e dos familiares de pacientes com transtornos mentais. Esse movimento se inscreve no contexto de redemocratização do país e na mobilização político-social que ocorre na época.
Importantes acontecimentos como a intervenção e o fechamento da Clínica Anchieta, em Santos/SP, e a revisão legislativa proposta pelo então Deputado Paulo Delgado por meio do projeto de lei nº 3.657, ambos ocorridos em 1989, impulsionam a Reforma Psiquiátrica Brasileira.

Em 1990, o Brasil torna-se signatário da Declaração de Caracas a qual propõe a reestruturação da assistência psiquiátrica, e, em 2001, é aprovada a Lei Federal 10.216 que dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental.
Dessa lei origina-se a Política de Saúde Mental a qual, basicamente, visa garantir o cuidado ao paciente com transtorno mental em serviços substitutivos aos hospitais psiquiátricos, superando assim a lógica das internações de longa permanência que tratam o paciente isolando-o do convívio com a família e com a sociedade como um todo.

A Política de Saúde Mental no Brasil promove a redução programada de leitos psiquiátricos de longa permanência, incentivando que as internações psiquiátricas, quando necessárias, se dêem no âmbito dos hospitais gerais e que sejam de curta duração. Além disso, essa política visa à constituição de uma rede de dispositivos diferenciados que permitam a atenção ao portador de sofrimento mental no seu território, a desinstitucionalização de pacientes de longa permanência em hospitais psiquiátricos e, ainda, ações que permitam a reabilitação psicossocial por meio da inserção pelo trabalho, da cultura e do lazer.
A mostra fotográfica que aqui se apresenta traz a força documental das imagens, que, para além das palavras, prova que a mudança do modelo de atenção aos portadores de transtornos mentais não apenas é possível e viável, como, de fato, é real e acontece.
Em parceria, a Coordenação Nacional de Saúde Mental e o Programa de Humanização no SUS, ambos do Ministério da Saúde, registraram o cotidiano de 24 casas localizadas em Barbacena/MG, nas quais residem pessoas egressas de longas internações psiquiátricas e que, por suas histórias e trajetórias de abandono nos manicômios, mais parecem personagens do impossível.
Antes, destituídos da própria identidade, privados de seus direitos mais básicos de liberdade e sem a chance de possuir qualquer objeto pessoal (os poucos que possuíam tinham que ser carregados junto ao próprio corpo), esses sobreviventes agora vivem. São personagens da cidade: transeuntes no cenário urbano, vizinhos, trabalhadores e também turistas, estudantes e artistas. Compuseram e compõem novas histórias no mundo.
Essa mostra fotográfica de beneficiários do Programa de Volta para Casa e moradores de Serviços Residenciais Terapêuticos é, acima de tudo, uma homenagem aos que transpuseram os muros dos hospitais, da sociedade e os seus próprios.


''(...) há sempre um resto de razão no mais alienado dos alienados.'' - Philippe Pinel (1745-1826)

projeto Área temática da saúde mental

Fonte

Centro Cultural da Saúde

Texto todo extraído do link do projeto "De volta para Casa".

O Programa De Volta para Casa

O Programa de Volta para Casa foi instituído pelo Presidente Lula, por meio da assinatura da Lei Federal 10.708 de 31 de julho de 2003 e dispõe sobre a regulamentação do auxílio-reabilitação psicossocial a pacientes que tenham permanecido em longas internações psiquiátricas.
O objetivo deste programa é contribuir efetivamente para o processo de inserção social dessas pessoas, incentivando a organização de uma rede ampla e diversificada de recursos assistenciais e de cuidados, facilitadora do convívio social, capaz de assegurar o bem-estar global e estimular o exercício pleno de seus direitos civis, políticos e de cidadania.
Além disso, o De Volta para Casa atende ao disposto na Lei 10.216 que determina que os pacientes longamente internados ou para os quais se caracteriza a situação de grave dependência institucional, sejam objeto de política específica de alta planejada e reabilitação psicossocial assistida.
Em parceria com a Caixa Econômica Federal, o programa conta hoje com mais de 2600 beneficiários em todo o território nacional, os quais recebem mensalmente em suas próprias contas bancárias o valor de R$240,00.
Em conjunto com o Programa de Redução de Leitos Hospitalares de longa permanência e os Serviços Residenciais Terapêuticos, o Programa de Volta para Casa forma o tripé essencial para o efetivo processo de desinstitucionalização e resgate da cidadania das pessoas acometidas por transtornos mentais submetidas à privação da liberdade nos hospitais psiquiátricos brasileiros.
O auxílio-reabilitação psicossocial, instituído pelo Programa de Volta para Casa, também tem um caráter indenizatório àqueles que, por falta de alternativas, foram submetidos a tratamentos aviltantes e privados de seus direitos básicos de cidadania.

____________________________________________________________________
Créditos 

MINISTRO DA SAÚDE
José Gomes Temporão

Secretaria de Atenção à Saúde
José Carvalho de Noronha
Departamento de Ações Programáticas Estratégicas
Adson França
Coordenação-Geral de Saúde Mental
Pedro Gabriel
Política Nacional de Humanização do SUS
Dário Frederico Pasche
Esplanada dos Ministérios, bloco G, 6.º andar, sala 606
Tel: (61) 3315-2313
Fax: (61) 3315-3920
saudemental@saude.gov.br
www.saude.gov.br/portal/saude/cidadao

Concepção Original do Projeto
Ana Amstalden
Textos
Ana Amstalden
Eduardo Passos

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Sobre os sonhos



(Salvador Dali, “Sonho Causado Pelo Vôo de uma Abelha ao Redor de Uma Romã um Segundo Antes de Acordar”)


Talvez nem todos saibam que a interpretação profunda dos sonhos não pode ser feita por sites que generalizam, já que cada um tem seu esquema mental. 
Para não me alongar demais, posto aqui um texto resumido muito bom sobre
a interpretação dos sonhos através dos tempos, em especial na visão de Freud e Jung. Claro que além deles há muitos especialistas, na contemporaneidade 
podemos encontrar mais ligados na parapsicologia e os temas espiritualistas 
que sempre foram fonte de interpretações, seja por análise antropológica ou 
mesmo da metafísica, mas no caso achei mais propício de dois ícones do assunto.

Bem, eis o texto:

''
O que é a interpretação do significado dos sonhos
A interpretação dos sonhos é um processo para atribuir significado a eles. Em muitas sociedades ancestrais --- como o Egito e Grécia --- os sonhos eram considerados uma comunicação sobrenatural ou significado de intervenção divina. Segundo tais sociedades ancestrais, pessoas com certos poderes poderiam decifrar o significado dos sonhos. Em tempos modernos, várias escolar de psicologia oferecem teorias para decifrar o significado dos sonhos.

História da interpretação do significado dos sonhos
Os gregos ancestrais construíam templos que chamavam Asclepieions, onde pessoas doentes eram mandadas para ser curadas. Eles acreditavam que a cura poderia ser feita através da graça divina ao encubar sonhos dentro do confinamento dos templos. Os sonhos também eram considerados de significado profético por videntes de particular importância. No Egito Antigo, sacerdotes também atuavam na interpretação do significado dos sonhos. Hieróglifos descrevendo sonhos e a interpretação do seus significados são evidentes. Os sonhos têm recebido considerável importância através da história pela maioria da culturas.


No mundo ocidental, o primeiro grande trabalho de interpretação do significado dos sonhos foi o Oneirocritica, escrito por Artemidorus no segundo século, o qual interpretou o significado de muitos temas de sonhos. No século nono "Sobre as Causas dos Sonhos", de al-Farabi (conhecido como Alpharabius no ocidente), foi o primeiro trabalho a claramente distinguir entre a natureza e causa dos sonhos e sua interpretação. Em tempos modernos a interpretação dos sonhos foi levada como parte da psicanálise no final do século 19. O conteúdo dos sonhos foi analisado para revelar o significado latente da psique da pessoa. Um dos trabalhos sobre esse tema foi "A Interpretação dos Sonhos" de Sigmund Freud.

Freud e a interpretação do significado dos sonhos

Foi no seu livro "A Interpretação dos Sonhos", publicado primeiramente em 1899 (mas datado 1900), que Sigmund Freud argumentou que a fundação do conteúdo dos sonhos é de satisfação de desejos, e que sua instigação é sempre encontrada em eventos do dia que o precedeu. Freud defendia que, no caso de uma criança muito nova, isso poderia facilmente ser visto, uma vez que os sonhos destas quase diretamente representavam a satisfação de desejos que despertavam no dia anterior. Porém, em adultos a situação é mais complicada. Neles os sonhos seriam sujeitos a distorções, com o sentido manifesto (a fachada) e o sentido latente (o significado) presente no inconsciente. Como resultado dessa distorção e disfarce, o significado real do sonho ficaria oculto: a pessoa não é mais capaz de reconhecer o significado verdadeiro do seu sonho. 

Freud listou as operações de distorção que seriam aplicadas para reprimir que os desejos se formassem nos sonhos como recordáveis. Por causa dessas distorções, o conteúdo manifesto dos sonhos diferia tanto do sentido latente que poderia ser alcançado através da análise. Essas operações incluiriam:
* Condensação - O objeto do sonho suporta várias associações e idéias, desta forma os sonhos são breves e lacônicos em comparação com a riqueza dos pensamentos.
* Deslocamento - Um objeto do sonho de significado emocional é separado do seu objeto ou conteúdo real e ligado a um completamente diferente que não levante suspeitas para censura.
* Representação - O pensamento é traduzido em imagens visuais.
* Simbolismo - Um símbolo substitui uma ação, pessoa ou idéia.

A essas operações pode-se adicionar a "elaboração secundária", que é o resultado da tendência natural da pessoa dar algum tipo de sentido ou história ao que recordou do conteúdo manifesto no sonho.
Freud considerava que a experiência de pesadelos eram resultado de falhas na elaboração do sonho, de modo a não contradizer sua teoria de satisfação de desejos. Sonhos traumáticos (os quais meramente repetiam experiência traumática) eram admitidos como exceções à teoria.


Jung e a interpretação do significado dos sonhos

Jung acreditava que a noção de Freud, de que os sonhos representavam desejos não atendidos, era simplista. Jung era convicto de que os espoco da interpretação do significado dos sonhos era maior, refletindo a riqueza e complexidade de todo o inconsciente, tanto pessoal como coletivo. Jung acreditava que a psique era um organismo auto-regulatório no qual as atitudes conscientes eram provavelmente compensadas nos sonhos pelo inconsciente.
Jung acreditava que arquétipos como o animus (força masculina na mulher), anima (força feminina no homem), a sombra, entre outros, se manifestavam nos sonhos como símbolos ou figuras. Tais figuras poderiam tomar forma como um homem velho, jovem donzela ou aranha gigante. Cada um representaria uma atitude inconsciente que era escondida do pensamento consciente. Embora parte integral da psique do indivíduo, essas manifestações eram em grande parte autônomas e percebidas pela pessoa sonhando como personagens externos. Jung defendia que os sonhos não eram quebra-cabeças inventados pelo inconsciente para se decifrar, de modo que a efeitos causais "verdadeiros" fossem extraídos.    "