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sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Sexos


A energia feminina é fortíssima e se mistura - não sei mais o que sou, homem ou mulher.
Olho os homens como meu espelho, as mulheres deveriam ser meu alvo e mesmo assim apenas me dão medo.
Todas as mulheres com que me relacionei me deixaram.
As mulheres costumam me deixar, eu costumo me deixar.
Sonho com o animus em yang e descubro que acordei homem mais uma vez
Freud estava errado, estava errada
Nem todas as respostas encontraremos em um fator comum sexual, mesmo que isso mova o mundo inteiro.

Confesso, nunca fui apaixonado por carros ou futebol, apenas ostentei.
Os seios me chamam atenção, mas é com as nádegas que eu deliro.
Nos seios sou minha alma,
no meio de todos estou perdido,
(perdido sem reclamar de nada).

Meu querer é paixão e tudo que o envolve erro em seguir
...Mas é quando sigo o erro que percebo que Eros estava certo.

Feromônios e estamos todos loucos,
dentro de nossos corpos temos o que explode nossas mentes.
Dentro de nossas mentes organizadas uma tela, uma rede de conexões que, enfim.

A ciência interrompe o que achei debaixo das cobertas.



05\11

quarta-feira, 2 de maio de 2012

William S. Burroughs Diary


Trechos do diário de William S. Burroughs

*Sábado, 3 de maio de 1997.
O caviar chegou. Sabe, filho, quando o sujeito se vicia em caviar Beluga, não há nada que não fará para satisfazer a fome de caviar que o consome.
Ele pode mentir, trapacear, pode até matar para conseguir uma porção. Pode chegar ao ponto em que nem humano é mais. Apenas um veículo para a vil prostituta troiana russa, oferecendo seu produto mortífero.
Posso imaginar alguém indo à falência de tanto comprar o melhor Beluga. Um dia ele chega a sua casa e sua filha de 15 anos e outros adolescentes estão comendo seu Beluga, acompanhado de milk-shake.
"Venha se juntar à festa, pai." Ela ergue o vidro vazio. "Chegou tarde." Ele seria capaz de matar todos, se não tivesse caído morto pela "Falta de Caviar na Hora Certa".

* Segunda, 5 de maio.
Allen morreu no dia 5 de abril de 1997. 
Is it not time to
 
Dance and sing
 
While the bell of 
 
Death do ring?
 
Turn on the toe
 
Sing out "Hey Nanny Noo".

* Segunda, 12 de maio.
Lembro no sonho que eu era jovem, com a vida toda à minha frente, em 1890, cidade pequena, cheia de gente simpática.  

Gente simpática e ignorante. Eu não estava com pressa nenhuma. Dólares de prata chacoalhando no meu jeans. Na época em que um dólar comprava um banquete.
Acompanhado de um vinho francês da melhor safra e, é claro, do melhor caviar Beluga. Ou então você podia pagar uma boa transa. Qualquer tamanho, raça ou cor.
Então, onde foi que erramos? Acho que o erro sempre esteve ali. ''Segurança, a máscara amigável da transformação. Para a qual sorrimos, sem vermos o que sorri por trás dela.'' (Edwin Arlington Robinson)
Sinto-me frio e envelhecido. Sinto-me como Teiresias, morto há 15 dias, e as ondas desnudando seus ossos em sussurros _aquelas velhas, velhas palavras. Tantas cenas terríveis com _esqueça, desative, deixe pra lá, é apenas sua memória agora, remova-a. Você tem o poder de fazê-lo.

* Sábado, 24 de maio.
Dia legal a quarta-feira com a banda ME TOO (U2) em Kansas City. Gosto dessas apresentações públicas _como injeções de boa vontade recíproca sincera. 

I'll go right back where
 
the bullets fly and
 
stay on the cow
 
until I die.
Aqui eu desabo, rindo. Tentando pensar numa leitura realmente nova que consiga transmitir quem sou e por que estou aqui. Tenho que fazer isso.
Começamos com a grande e feia mentira americana. Allen Ginsberg, segundo George Will, construiu sua carreira a partir das disfunções da Sociedade Americana.
Allen roeu um furo na Mentira; foi dele o Uivo ouvido no mundo todo, da Cidade do México até Pequim, o Uivo da juventude distorcida, sufocada.
A influência mundial de Allen foi algo sem precedentes. Ele, com a coragem de sua sinceridade total, encantou e desarmou as selvagens Feras da Fraternidade Estudantil.

* Domingo, 25 de maio.
Todos os governos são erguidos sobre mentiras. Todas as organizações são erguidas sobre mentiras. As mentiras podem ser inofensivas, como a mentira da droga milagrosa, a metadona, que supostamente remove o desejo de heroína (claro, como o gim alivia a necessidade de uísque). 
A droga surgiu em meio a mentiras explicadas a mim por um dos primeiros médicos.
A metadona é a primeira síntese bem-sucedida da molécula de morfina. Em Tânger, tive um hábito de dois anos de metadona injetável que era droga pura.
Quem são os malucos antidrogas? De onde vêm?
Fato: a cannabis é uma das melhores drogas para combater a náusea, aumenta o apetite e o bem-estar. 
Também estimula os centros visuais cerebrais. Já tive tantas imagens ótimas conseguidas com cannabis. Na minha época de saladas, eu usava só ela, e que realizações consegui! (''E que acasalamentos!'', como exclamou um crítico francês admirado.) 
Algumas tragadas na teta verde e consigo enxergar múltiplas saídas e caminhos. Então por que tanta repressão a essa substância inofensiva e prazerosa?
Quem é você, para quem a verdade é tão perigosa? O que é a verdade? Algo imediatamente percebido como sendo a verdade. 
Allen abriu rombos na Grande Mentira, não apenas com sua poesia, mas com sua presença, sua verdade espiritual auto-evidente.
Últimas palavras ''dois a cinco meses, os médicos disseram'', disse Allen, ''mas eu acho que vai ser muito menos''.  

Depois ele me disse: ''Achei que ficaria apavorado, mas estou totalmente feliz!''. Suas últimas palavras a mim. Eu me recordo de falar com ele pelo telefone antes do diagnóstico fatal, e já estava ali em sua voz _distante, fraca. Então eu soube.

* Segunda, 26 de maio.
A busca da resposta final _o Santo Graal, a Pedra Filosofal. Uma miragem que se distancia. De qualquer modo, quem quer uma resposta final?  

Perguntei a um físico japonês: ''Você realmente quer conhecer o segredo do universo?''. Ele disse: ''Sim''. Pensei que uma pequena fração desse segredo seria o suficiente para fazer você subir pela parede. Quanto a mim, só quero saber o que preciso saber para fazer o que preciso fazer. ''Sou apenas um Sargento Técnico.''
Será que quero saber? Já tentei psicanálise, ioga, o método de posturas de Alexander, fiz um seminário com Robert Monroe, fiz viagens para fora do corpo, Cientologia e saunas indígenas. 
Procurando uma resposta? Por quê? Você quer saber o segredo? Nada disso. Tudo está no que não está feito. 

Onde estão a cavalaria, a nave espacial, o esquadrão de resgate? Fomos abandonados aqui neste planeta governado por filhos da puta mentirosos, de poder cerebral modesto. Sem sentido. Nem uma minúscula fração de boas intenções. Filhos da puta mentirosos.

Burroughsrreu de taque cardíaco em agosto de 1997. 

''Black smoker'', William S Burroughs




domingo, 30 de outubro de 2011

Córtex mundial


Sinto segredos por todo os lados, sinto a pele das pessoas mentindo todo o tempo - sinto que as pessoas não sabem sentir cheiro, sentir gosto, realmente enxergar ou tocar de coração. O padrão dos cheiros, das cores combinadas, dos gostos artificiais  demais, das imagens que há séculos distorcem as coisas com uma objetividade tramada, calculada.

Ninguém sente a própria alma, ninguém mais sabe o que é sentir vergonha ou pedir ajuda de coração.
Essa expressão parece boba, mas significa a consciência de estar vivo, de sentir. Quem sente de coração não ignora a natureza, não ignora sensações, sente verdadeiramente.

Somos iludidos, destruimos e construímos sem entender o mundo por trás do sistema. Forjamos felicidades, somos alegres e somos específicos demais, numa intensidade que não vejo outra intenção se não a de não saber realmente sentir, apenas identificam o referencial e se encaixam, como se fosse obrigação.

A direita não precisa anular a esquerda, o direito não precisa ser o certo e o esquerdo não precisa ser procrastinador. A política não precisa ser mais crucificada, nem a fé, nem a vontade. Nada disso causa guerra ou fúria de verdade.

Ganhar ou perder, escolher alternativas, achar que grito não é música, que não sentir como o resto
é simplesmente não sentir.
Precisar das coisas, preferir não enxergar, fingir pra sí mesmo e se assustar com os próprios pensamentos quanto a vida e a morte.
Definir únicos, líderes, perdedores, excluídos.
Misturar ciência com estatísticas, prometer, cumprir, destinar, sentir mais a temperatura do que compaixão.

Tudo que eu vejo de baixo são julgamentos de massas, culturas falidas por guerras, cópias de cópias,
idéias que não tiveram apoio e idéias que destruíram vidas. As pessoas se jogam para a morte,
esperam por um Deus ou buscam na crítica sobre Deus também um sentido, um ateísmo que o possa libertar das carências tanto quanto a reencarnação para os esperançosos que não aguentam.

Quando formos sacrificar nosso tempo,  nossos sonhos prontos, ambições e vaidades;
Vamos sacrificar nossas verdades e ordem fálica em troca de libertação?


domingo, 9 de outubro de 2011

SOAD in Rio


O melhor dessa porra é justamente não conseguir descrever, puta que pariu, só lembrar de ficar sem ar, de chorar suor, sentir a guitarra genial do Malakian, que acompanhava trambem com sua voz inconfundível, o potencial vocal e introspecção muito paradoxal do Serj, a bateria sagaz de Dolmayan tenso, o baixo do Shavo parecendo um inconsciente lokinórdico e de nao fotografar merda nenhuma por ter esquecido o cel, na fome de simplesmente curtir pulando dignamente, fazendo o meu mundo rodar e rodando com o mundo que aquilo me surpreendia existir.

No Rock in Rio, antes de 'Mind', Serj diz :
''Temos que encarar nossas mentes no tempo em que vivemos. Nós temos que roubar nossas mentes de sua incessante busca por coisas estúpidas. Tecnologia, o filho do materialismo. Coisas boas e ruins. Temos que olhar para nós e para nosso meio ambiente e dizer: “Que diabos estamos fazendo aqui?”. Como eu disse ontem em São Paulo, estou do lado dos indígenas do Brasil contra todo o desenvolvimento desnecessário por todo o país.''





Psycho

Psycho, groupie, cocaine, crazy
Psycho, groupie, cocaine, crazy

Psycho groupie, cocaine, crazy
Psycho groupie coke,
Makes you high, makes you hide,
Makes you really want to go - stop.

Psycho groupie, cocaine, crazy
Psycho groupie coke,
Makes you high, makes you hide,
Do you really want to think and stop,
Stop your eyes from flowing,
Psycho, groupie, cocaine, crazy

Psycho groupie, cocaine, crazy
Psycho groupie coke,
Makes you high, makes you hide,
Makes you really want to go - stop.

Psycho groupie, cocaine, crazy
Psycho groupie, coke,
Makes you high, makes you hide,
Do you really want to think and stop,
Stop your eyes from flowing out

So you want the world to stop,
Stop in and watch your body fully drop,
From the time you were a
Psycho, groupie, cocaine, crazy

So you want to see the show,
You really don't have to be a whore
From the time you were a
Psycho, groupie, cocaine, crazy.

Psycho groupie, cocaine, crazy
Psycho groupie coke,
Makes you high, makes you hide,
Makes you really want to go - stop.

Psycho groupie, cocaine, crazy
Psycho groupie, coke,
Makes you high, makes you hide,
Do you really want to think and stop,
Stop your eyes from flowing out

So you want the world to stop,
Rushing to watch your spirit fully drop,
From the time you were a
Psycho, groupie, cocaine, crazy

So you want to see the show,
You really don't have to be a whore
From the time you were a
Psycho, groupie, cocaine, crazy

(agora uma que nao tocaram, mas é genial também: )
Metro 
I'm alone, sitting with my broken glass
My four walls follow me through my past
I was on a Paris train
I emerged in London rain
And you waiting there swimming through apologies

I remember searching for the perfect words
I was hoping you might change your mind
I remember the soldier standing next to me
Riding on the metro

I went smiling as you took my hand
So removed we spoke in France
You were passed as shallow word
The years have passed and still a hurt
You were passed as shallow word
Years have passed and still a hurt
I can see it now smiling as I pulled away...
sorry

I remember the letter wrinkled in my hand
"I'll love you always" filled my eyes
I remember the night we walked along the Seine
Riding on the metro


I remember a feeling coming over me
The soldier turned, then walked away
Fuck you for loving me
Riding on the metro

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Bienal XV


A 15ª Bienal do Livro foi a melhor.
Investimento de R$ 27 milhões e expectativa de faturamento calculada em R$ 50 milhões. É justo, ficou linda.

É um evento incrível onde todos estão em um lugar só, compartilhando dos seus gostos sem ser apertando em 'curtir' ou qualquer coisa pela internet que, apesar de inclusiva, acaba se tornando artificial.

 Na bienal você vê o interesse real das pessoas nas atividades:  quem realmente têm paciência pra uma palestra voltada pra um tema específico só pode ser quem realmente gosta daquele tema, claro. (Ok, excessão pro pessoal que escuta poemas ou histórias só porque o Thiago Lacerda iria recitá-las).
Mas quem gosta de poesia, quem prefere quadrinhos se esbaldando na comics etc, quem admite e prefere os livros de auto-ajuda, se acaba nos romances diversos ou vai lá pros eventos religiosos espíritas, evangélicos, católicos etc, todos no mesmo lugar (ou pavilhão, enfim).

Há dois anos atrás descobri que o chão de cada pavilhão dá a cor do pavilhão. Esse ano descobri a mesma coisa. Mas o que importa? A verdade é que o desenhista Zigg, depois de desenhar animando as crianças com gracinhas e música, dançou e cantou uma dança da caveira muito genial, nossa, muito!
- Você era uma das crianças que participava das dinâmicas? (ZIgg pediu que as crianças levantassem, batessem o pé, as mãos, cantassem tal trecho etc)
- Não! Eu tinha vergonha!

Tentei lembrar se eu era. Meus pais diziam: " vai vai vai!", eu ficava com vergonha e algumas vezes ia.

No sarau do Manoel de Barros acabei ficando em uma mesa reservada pra algum artista, logo em frente ao Antonio Calloni ( só conseguia imaginá-lo como Mohamed) e Maria Rezende (que estudou na puc e até terminar a faculdade de sei lá o quê nunca tinha escutado falar em Manoel de barros, admitiu). Temi que o MOhamed não gostasse de fato de MB, só estivesse ali de sacanagem, afinal ele é um ator e enfim atua bem. Mas também é escritor e me pareceu um cara genial, descontraído. Maria Rezende, apesar do meu preconceito, pareceu bem natural e divertida, gostei mesmo. Os poemas nem preciso dizer, todos eu sorria e sentia coisas maravilhosas dentro do meu cérebro, coração e bunda, porque eu estava com uma calcinha que me machucava, na verdade. Mas foi maravilhoso, nossa!

Antes da bienal começar fui fuxicar o que teria no café literário e alguns estandes. Quando li André Dahmer fiquei pasma, reli, nossa, André Dahmer, que acho genial. Logo depois li que estaria com Rafael Sicca, Lourenço Mutarelli, Rafael Coutinho e o editor Lobo, da editora Barba Negra, participando de uma mesa de debate sobre o cruzamento de linguagens. Cada um com um pensamento  interessante, um idiota e tal e Mutarelli falando pouco, mas bem. Andre Dahmer é exatamente como eu imaginava que era, assim como sua forma de expressão pouco integrada e muito irônica. Umas mulheres de terninho e batom vermelho passavam pra nos dar papelzinho se quiséssemos perguntar alguma coisa pra alguém ali. Ninguém respondeu o que perguntei, o barba negra não repassou muito bem. ALiás que péssimo mediador, mas tudo bem.

Muito livro bom barato e um estande da ciranda cultural também trazia o troca troca de livros, que obviamente aproveitei muito, uma alegria só, nossa!

Poucos eventos considero tão completos quanto esse - e não senti vontade alguma de beber ou coisa assim, diferente do que aconteceria  se estivesse em uma boate ou barzinho, social e tal.
Falei como integrante do AA agora, mas tudo bem. (Nao tinha estande do AA.)

Queria estar com mil reais pra gastar naquelas coisas magníficas, inclusive um livro de inclusão sobre libras ou a Diva Prado, uma senhora genial falando sobre uma nova técnica de programação mental que veio antes dessas putarias de O segredo ou até a PNL. Legal conversar sobre isso, mesmo, muito. Ela disse que um filho quase morreu de Salmonela, ela estava em um cruzeiro e sentiu algo. Tudo sensacional. Nesse mesmo local faziam um "teste de estresse" que funcionava por ondas magnéticas de Jah etc correntes nervosas etc. Naturalmente deu que estou mega estressada, ainda mais quando ela pediu pra eu pensar em algo específico.

Mas lá só tinha espaço pra ficar a vontade... Fiquei a vontade demais, desenhei em uma plataforma muito louca e fui expremida na comicx, onde comprei mangás e hentais (que perguntei à parte, porque nao estavam a mostra).

Várias coisas me chamaram atenção, tanto que não dá pra descrever. Só posso dizer que valeu muito, muito mesmo.

estande ''casa dos espíritos'', pavilhão verde

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Pra começar




Agora estou fazendo meus próprios deseinhos, graças ao Chapolim Colorado.
Feliz feliz demais isso!

Essa música se chama "Pra começar". (Coincidências que o inconsciente explica)


''Pra começar
Quem vai colar
Os tais caquinhos
Do velho mundo
Pátrias, Famílias, Religiões
E preconceitos
Quebrou não tem mais jeito
Agora descubra de verdade
O que você ama...
Que tudo pode ser seu
Se tudo caiu
Que tudo caia
Pois tudo raia
E o mundo pode ser seu
Pra terminar.
Quem vai colar
Os tais caquinhos
Do velho mundo...'

terça-feira, 5 de julho de 2011

Sobre os dias eternos

É estranho viver dias eternos.
Nos dias eternos a ressaca vira energético, as comidas são digeridas perfeitamente .
Somos capazes de metáforas não tão clichês
De abrigar o sentimento na reciclagem e fazer uma realidade virar decisão
sem qualquer movimento certo

Dá pra sentir que nossas risadas serão escutadas ainda durante semanas e lembradas durante anos e anos.

Nos dias eternos pessoas queridas se reúnem e coisas não tão queridas, mesmo nao sendo transmutadas,
emergem em alguma bebida, se distraindo sem grandes patologias.
Nos dias eternos nada é clínico, definitivamente.

Nesses dias o amanhã ainda vai demorar demais, e fica difícil demais pensarmos nele
nesses dias as caminhadas são ao contrário e quilômetros são alguns passos a mais.
Aquele frio fica engraçado e aquece como o verão costuma pretender aquecer (mas no final apenas queima).

Céus, nos dias eternos nem mesmo consigo descrever de forma impessoal pra ficar poético.
Nesses dias nada é indireto mais,
o irônico é lúdico demais pra soar agressivo ou subversivo
acabo dizendo que colocamos fantoches na cabeça ou no braço do violão e
assim evoluímos ganhando golpes que tiram 75 % do HP do oponente.

Nos dias eternos o aleatório é sinestésico,
todas as impressões culturais ficam borradas e prestamos
atenção na falta de atenção do mundo,
disfarçada de uma porrada de expressões engraçadas.

É importante dizer que os dias eternos são todos musicados, não
há uma frase que não gere uma nota musical,
sem alusão a um subjetivo tão encantador, firme, mais real que todas
as informações denotativas que insistem em nos amarrar por aqui

Os dias eternos obviamente não tem final,
vivemos um abstrato que o limite do tempo não poderia entender
e até a partida é também uma viagem,

(...)
Mais ou menos assim são os dias eternos;

E o melhor é que o futuro já vê o passado,
e mesmo certamente nostálgico, não damos adeus pra ninguém.


Salvador Dali

Salvador Dali – “A persistência da memória”



terça-feira, 21 de junho de 2011



Nesses momentos que o silêncio não diz mesmo nada e a poesia vai embora,
escorre pra não me apavorar.
Foi por isso que fugi e agora sinto essas coisas em câmera lenta.
Dois dias parecem dois meses agora.
O estômago que antes se revoltava, agora padece em uma conformidade já conhecida, onde a digestão é lenta e voltar só causa um vômito triste,
nada sobre falhas poéticas, apenas uma lucidez vista por um olho mágico, sem qualquer chance de me abrir, mesmo chamando na porta.
Uma dor que dilacera não me faz aguentar outra, não faz sentido,
pra quê dores dilacerantes?
Nunca existiu um complemento naquilo que resultava em alguma coisa
capaz de me fazer fugir.
Só por que fugia, não quer dizer que era bom e que eu poderia perder.
Simplesmente significa que nunca foi bom e eu já sabia que só poderia ganhar
ao explorar e organizar o que é importante.
E pra que?
Viver essa importância agora vale como?
Não me sinto ótima, contudo menos ainda preferia uma ignorância.
Preferia uma distância, perceber que não vale a pena nem fingir,
não vale a pena mentir se não existe por quê ser sincero.
O incerto sempre foi o agora, o amanhã nem mesmo existiu.
Agora o certo é apenas um ontem?


Um amanhã com a desventura do sofrimento,
engolido como as palavras que nunca mais vi,
causando um esquecimento que nunca mais lembrei.


sexta-feira, 17 de junho de 2011


Se o equilíbrio falta,
como perdurar ou aniquilar alguma coisa?
Que o mundo inteiro escolha,
mas dessa vez não suicidarei as incertezas
sem me colocar atrás das grades,
Sem achar que o juízo é bom conselheiro,
Visto que o orgulho o sabota sempre -
e este já é interativamente ligado a uma ética fálica,

Que o mundo inteiro escolha...
Apenas nunca quis ver ninguém morrer nas minhas mãos.

Bela ilustração do artista Jonatan Cantero.

Ilustração do artista Jonatan Cantero.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

times deserved technology

Fico com medo pensando em merecimentos. 
Fico horas olhando fotos, imagens, matérias, desenhos, pinturas. 
É como fazer um tour por várias mostras culturais, exposições do mundo inteiro.
A internet é um veículo maravilhoso, como alguém pode julgar? 
Quando menor sentia vontade de conseguir ler vários livros ao mesmo tempo,
daí deixava os mais importante ao lado da minha cama, pra pelo menos ter a segurança
de saber que qualquer coisa é só pegar e procurar. Na internet é como se
tudo fosse interdisciplinar, um momento estou vendo desenhos geniais de Norma Bar, outro fotos de castelos de Roma, outro tatuagens das mais diversas, outro kawais, outro quadrinhos de piadas nerds anos 90 que rio abeça. 
Merecemos ter tanta informação, sim, espero poder dizer isso. Somos fruto de muitos estudos, experiências, sonhos. 
Eu agradeço todos os dias por tudo isso que a humanidade alcançou.
É uma ciência movida pela paixão, aquela em que esquecemos de pensar no depois de amanhã, achando que até lá já teremos resolvido. Assim é nossa questão ambiental.  
A natureza nos inspira a tudo que fazemos, absolutamente. Sem ela, não tem o que
pesquisar, o que deslumbrar-mo-nos. A reciclagem não é um paliativo, ela é genial se posta em prática realmente. Nossos sentimentos são da natureza de nossos pensamentos, também frutos de um sistema biológico complexo, lindo. Nossos pensamentos também podem ser reciclados.
Contudo, ainda considero os humanos frágeis demais. Talvez a tecnologia nos esteja mimando, já que com ela deixamos de nos interiorizar e assim, carentes, nos apoiamos demais em redes sociais virtuais e riquezas materiais, nos tornando dependentes dessas coisas. Não as acho erradas, mas depender
e viver apenas na superficialidade (nem sempre fútil) que todos apresentam nesses meios, já que viramos vitrines, é negativo. 
Pra nós dos anos 90 esse avanço enorme tecnológico pode ser ou muito bom ou muito ruim. Para os mais antigos essa tecnologia atual costuma a ser desesperadora e dá pra entender o por quê. Rapidez, informação, plágio. A trivialidade passa em bandejas, o sexo também. A energia sexual faz o marketing, o marketing faz de nossas mentes mecanismos mais fáceis. 
As teorias borbulham. O preconceito ainda existe, não importa, sempre existirá. Os padrões são pra rotular, os rótulos excluem muitos. A mídia ilude porque nós gostamos de nos iludir. Talvez seja fácil reparar isso... Difícil é tentar não se influenciar por nada disso. Diria impossível. Na busca do sentido a curtição é inevitável, o deleite em tantas formas grosseiras. Antigamente usávamos melhor o ócio? 
Mas há muitos que transformam em arte o que vêem e sentem. É maravilhoso! Meus olhos brilham. a criatividade que o jovem atual apresenta é impressionante. As teorias de estudos antropológicos e sociológicos não servem só pra livros de auto-ajuda. 
Papo furado sempre existiu. A quantidade de pessoas aumenta, é normal, mas a porcentagem produtiva é maior, a democracia fez isso brilhantemente.  
Enfim, agradeço, tudo é interessante e o mundo merece tanto quanto merece o caos que também se cria com as sobras. 

terça-feira, 17 de maio de 2011

ns 100%


Eu sei exatamente que música você está escutando enquanto finge que quer o mundo. Digo que não me importa, pressuponho demais, lido com meus pensamentos seus.

Sinto que todas as intimidades estão ao meu alcance, enquanto um momento pessoal desencadeia tantos outros, estarei ali todos os seus dias, no mesmo lugar que sentou pra pensar da ultima vez, recobrando alguma consciência.

Existe uma espécie de vivência paralela, parece que estou vivendo muitas realidades ao mesmo tempo, sempre presente apenas certa porcentagem em cada momento diferente simultâneo. A outra parte é comum em todos os outros momentos concomitantes, ou seja, 70% é comum em todas elas ( as vezes 60, de repente.), portanto 30% é um eu verdadeiro, não consciente, cheio de fantasias que só se realizam com 90% da felicidade de quem me acompanha.

_Percebo que esses 70% é a parte que garante o poder de viver todos eles(os momentos...) ao mesmo tempo, todos os 30%. A parte "ruim" é não me entregar 100% em nenhum momento, tendo consciência de sua simultaneidade. É como um clipe, uma situação é dividida em várias telas: uma faço sanduíches pra comermos antes de sair para nossos respectivos afazeres, outra faço brigadeiro pra vermos filme ao invés de estudarmos, outra faço suco de todas as frutas do mundo pra nós bebermos rindo antes de irmos a praia. Na outra cena faz comida pra nós (do nada, viro nós) comermos em uma mesa redonda. Em outra estou desenhando na parede de uma casa que não é minha, enquanto faço comida. Outra estou deitada enquanto diz eu te amo repetidas vezes. Outra cena o 'te amo' é dito com o rosto escondido, outra com resistência.

_Perceba que em todos os momentos vivo também outra pessoa, ou seja, essa coisa de não estar 100% ali é meio relativa, já que ninguém percebe, só os que querem arranjar um motivo pra fugir sem dizer que não aguentam e me decepcionar.

Mas que mal faz? Por que não poderiam todas essas cenas simultâneas serem reais, se até um dia temi que fossem sonhos? Me refiro ao que é melhor não dizer.
Tiro do começo das frases todos os "eus", como
eu gosto, eu me refiro, eu me dou conta, eu me assusto, eu acho, eu tenho, eu sou. Fica feio na norma culta.

Então sonhei que estávamos no meu primeiro colégio primário, misturado com o seu primeiro colégio primário.
Sonhei que a distância que percorria até meu destino colegial era enorme enquanto hoje posso ir andando até mesmo no perigo da noite e perder só 4 minutinhos, isto é, até viver a emoção de pegar um ônibus, ter um "registro de pessoa civil", é assim?
Bem, mas você já não estava mais quando o caminho de volta foi se tornando cada vez mais longo. (milvezes)

Enfim, finalmente não haviam cúmplices, admirei o mundo, percebi pouca movimentação dos traumas.
É engraçado, o que seria um terrível pesadelo, vejo como uma emoção tão pessoal e íntima agora,100% estável.

Ok, vou parar de dizer que o 100% é relativo só porque não sei decepcionar dizendo que não aguento.

Tanto nada

Tanto, tanto, tanto tempo, tanto futuro quanto passado se perdem, tanto que preciso despedir, tanto final que preciso embelezar, tanta alma que preciso expor e perceber;
tanto e nem tanto, quase nada... Nada que mude tanto quanto os sonhos tão reais que me fazem continuar sem perder nada, mesmo perdendo tudo.

tudo tudo
que tudo nada e pára no infinito que nunca mais vai estar entre eles, com eles, nem nos seus sonhos.
Principalmente não mais nos meus pesadelos
Elos perdidos que nunca foram seus nunca serão nossos,
nada nada nada nada que será meu será nosso será seu será meu nosso que nada será meu, só seu nada particular.
Seu nada particular; particularmente é mais mais mais

filme rodopiando, negativo maldito, rasguei em um monte de pedaços ao lado dos achados que eu perdi;

A nitidez sem visão não é nada, não é nada, não é nada.
o8

Robôs que não são

Quando estamos bem com uma idéia e determinados em realizá-la, nada é tão difícil que não podemos sobrepor.
Existe a autocrítica e a pressão social, a pressão familiar e a sentimental; estamos sendo pressionados todo o tempo, mas também estamos pressionando as pessoas todo o tempo também, até involuntariamente. A verdade é que não precisamos provar nada pra ninguém, mas sempre tentamos provar, assim como achamos sempre que as pessoas precisam provar que são assim, assim, assim.
Podíamos parar de pensar tanto e falar mais, viver mais, ter menos medo de parecer tão infantil, tão estúpidos, tão folgados e simplesmente sermos humanos e entendermos com compaixão os motivos e as carências dos outros... Mas só podemos fazer isso quando admitimos os nossos.
x²- Quando temos um vislumbre do que realmente queremos, não há nada nem ninguém que atrapalhe, principalmente quando só queremos que as pessoas sejam um pouco mais humanas que são e menos metidas a robôs que não são.
Então não levamos tão a sério nossos pequenos conflitos internos a ponto de atrapalhar nosso convívio com quem também tem conflitos nesse mundo de solidões colecionadas que deviam ser solidões unidas, numa individualidade saudável.

É fácil falar mesmo?

'Quem tira a foto sempre diz mais do que quem está sendo fotografado, com certeza - e é uma forma tão boa de unir um só pensamento, mesmo que seja com duas pessoas completamente diferentes. ' -

segunda-feira, 16 de maio de 2011

athem


Painel e blablabla



(Quando interpretamos o que sonhamos e o que fazemos o bastante pra expor de alguma forma, nós temos nossa própria obra prima; e como todas as nossas obras, um dia serão lembranças, não exatamente como todos os nossos sonhos...)


Tento sentir seu cheiro (misto de canela, água de coco, algodão doce, livro velho e caixa vazia), tento formar nosso diálogos na minha cabeça doentia e desenhar seus traços com todas as cores que me fazem esquecer do resto e trazer você a tona;
Eu penso nos comodos claros e limpos da sua casa, na sua roupa branca, em como você vê a eleição que passou, o que você vê nos quadros que vemos, o que acha de comprar coisas que adoramos, o que voce gasta seu tempo e dinheiro; como voce tem dinheiro e como você deixa de ter, na sua mania de correr e de paralisar, na sua mania de me alongar, se você faz comida bem e se o seu mundo é quente ou frio;
A idéia que eu faço é que eu te faço idêntico a minha outra metade, na linha tênue de todas as vezes que também a sou; então você é como eu, e como eu, aonde você vive?
31/10/08 - fotolog



quarta-feira, 13 de abril de 2011

backup

30/09/10 (fotolog)


Já escrevi tanto. Acho que tudo que escrevi nos meus diários etc. desde pequena dá uns 50 livros, 60, 70, sei lá. Fora as cartas enormes, poemas, um livro que eu comecei a fazer com 12 anos e não terminei até hoje...

Muitas fotos, muitas! Não consigo me transferir pro dia da foto ali congelado, apenas lembro como foi uma ou duas coisas e se valeu a pena. Sei que em todas essas épocas não teria vivido nem a metade se não fosse impulsiva.
Tenho a ilusão de achar que hoje sei distinguir exatamente quando algo vale a pena e quando não vale. Tudo tem a ver com ser produtivo ou não,
e confesso que compreendo que muitos erros valem a pena,

... o problema é: essa expressão: "valer a pena" não faz sentido algum, valer a pena o cacete, só se for pena literalmente, maldita expressão feia que não traduz o que realmente vale!
Mas procurando outra forma de dizer: "valeu a pena", fico estagnada:
"foi suficiente"
"foi realmente considerável"
"não me arrependerei" (...)

A única expressão que lembrei com "valeu a pena" é carpediem, que significa "aproveite o dia".
Então.. vale a pena =
"foi aproveitável"
"aproveitei de verdade" (...)
Mas essa coisa de "aproveitei" é estranha também.

Enfim, o que interessa mesmo é que tudo foi interessante o suficiente pra que eu escrevesse,
e meu interesse em certas épocas é bem diferente de hoje. Aliás nem mesmo escrevo tudo de interessante hoje em dia, mas consigo dizer que tal coisa eu faria questão ou não e de repente desenhar na minha agenda a temática do dia.

A maioria das coisas que me dava uma dor dilacerante estão agora entre histórias, traumas e uma memória feliz, que necessariamente não quer dizer que tal época foi feliz e sim que tal lembrança agora me traz felicidade. Sabe, uma espécie de biografia poética, que é extremamente ruim pra quem está ali, mas pra quem vê é simplesmente... poético.
E é isso, meu backup valeu a pena, é poético.

Ervilha de laboratório


Se pararmos pra pensar um entusiasmo não deixa de ser uma ansiedade.

Qualquer comentário fica fora de todos os contextos e ao mesmo tempo se enquadra em qualquer um...
Falo da análise de qualquer coisa, permitindo o abstrato e o absurdo até. Pra entender melhor, é só olhar pra uma imagem, cada um vai ver de sua forma particular (até mesmo os que sabemos que falam por que outros falam, os chamados pseudo pseudos intelectuais).
A questão é que até mesmo os que avaliam de forma "lógica" procuram no objeto a ser analisado uma referência sutil pra garantir uma revelação.
A referência sutil é na verdade um lugar onde nossas próprias características pesam, até mesmo
por não pesarem. É como um ecossistema mental.

Ok, sempre existe um ponto de
partida.

O começo é pela empatia, por exemplo: se eu acabar percebendo em qualquer alvo
uma coincidência, estarei sem dúvida admitindo
uma ingenuidade que não me deixa ser crítica, nem
mesmo discernir o que de fato é bom.
Perai. Mas como assim bom?
Depende dos critérios.
[critério
s. m.
1. Faculdade de distinguir o verdadeiro do falso, o bom do mau.
2. Capacidade, autoridade para criticar.]

Sinceramente todos se identificam ou mapeiam inspirados em seus próprios meios... Ou seja, na verdade perceber uma coincidência não é ingenuidade e sim ser um idiota bem burro, daqueles que são carentes e não admitem que podem admitir suas lamentações psicológicas em cada análise que fazem, seja de qualquer coisa e principalmente pra qualquer um.
Cara, tudo rende demais e ainda há quem
tenha tédio (repare, justamente são os pseudo
psceudos intelectuais. No entanto considerá-los
extremamente burros é outra burrice, apenas são carentes e se ghandi deixar um dia serão proveitosos pra si mesmos e não só como ratos de laboratório.).
(18/11/09, postado no meu fotolog)

E olha que escroto: No gartic já desenharam algo parecido com uma ervilha,
aí eu arrisquei: "ervilha" e as pessoas ficaram: O.o, 'ervilha? NOSSA, ervilha não é
assim!". É incrível não saberem como é de fato uma ervilha, sabe, elas não nascem em latas daquele jeito, gente, elas são compridinhas e sua vagem também é usada.





"As ervilhas serviram a Johann Gregor Mendel para as experiências que o levaram à descoberta das leis da herança biológica, hoje conhecidas em todo o mundo como leis de Mendel." (wiki)

"Ervilha não é com H."
"Claro que é, ninguém fala ervila."
(Chaves)

Sabe?

Tudo tá estranho,
existe um desespero mudo me fazendo quase engolir em seco o mundo inteiro,

será essa uma sensação de estar tudo errado?
  Sensaçãode não conseguir parar o tempo,
o receio aumenta, estou longe de ser, de estar

acho que preciso desenhar pra conseguir voar,
não imagino o mundo inteiro agora sabe?
só sinto uma energia ensurdecedora,
uma sinestesia atrapalhada de querer me esconder entre as nuvens,
o ar, a água, todos os sons do mundo

é incompreensível, isso não é prelúdio de nada
me ensinei a resistir a essas coisas e agora preciso ir o mais rápido possível,
se não eu páro, sabe? páro que nem uma idiota. 



[Toulouse-Lautrec - art print, poster - The Bed]

Henri de Touslouse Lautrec_ The Bed

minha vida em tigelas grandinhas


"Passei o dia vendo cartas antigas, jogando coisas fora, limpando cada canto de cada objeto que pretendo decorar meu quarto... e achei tantos, reciclei tantos.
Nas caixas coloquei as cartinhas, os pedaços de memória e os meus queridos diários: minhas biografias. Alguma frustração em ler aqueles pedaços me faz guardá-los mais no fundo, mas não rasgo, não rasgava-me naquele tempo ué... lembro bem.. (talvez por dentro).
Não sei se perco tempo. Não sei se as coisas vão para seu lugar, assim, naturalmente, sem pensar demais.
Aqui sou evasiva por motivos imbecis, ao menos comigo mesma, ao menos enquanto escrevo sem pensar que um dia vou ler depois.
Não perderia tempo se escrevesse sabendo que um dia irei ler. Outras vezes eu me atrevo a usar minha razão horripilante pra consagrar uma vida decadente de auto-suficiência ilusória.
E eu sei disso, neste mundo nasci dependendo de tudo que eu fizer fisicamente, espacialmente, socialmente: algo que me sustente ao menos pra pagar um óculos pra enxergar, a tinta que eu quero pintar. A natureza não é a solução, a terra que eu piso não é minha, se eu vender meu corpo eu arranjo uma terra, se eu pensar: hei, vou entrar nessa, vou ser mais uma na sociedade a continuar dando voltas cada vez mais longas para o mesmo ponto, reverenciando o que têm ao centro. Eu não concordo pra isso ou com isso. E como eu faço pra não concordar? Ando pelada por aí, isso é revolução?
Hoje em dia a revolução não é como antigamente, a revolução é paga. Temos uma liberdade sim, temos uma liberdade ilusória. Acho que a organização é fruto do companheirismo, compaixão, desenvolvimento. E isso cria organizações políticas, ou o que seja. E quem é qualificado, hoje em dia?

Vi a borboleta em um baú antigo, pintura mineira da época imperial. Amei o baú.
Pensei em vários tipos de posições e coisas para meu quarto, desde o que é usual e o que não é, o que é belo-agradável, o que é usual-desagradável (como duas cômodas.) etc.

Tenho mania de jogar três moedas que devem ser da mesma cor e do mesmo valor. Funciona da seguinte forma: Cara é sim. Coroa é não. Quando dá Cara, cara e coroa é “sim, mas haverá problemas”. Ou “sim, mas é melhor não arriscar”. E coroa, coroa e cara: “Não, espere mais um pouco” ou “Não, pare de jogar essa porra 300 vezes”.

Tenho mania de deixar um pouco de bebida ''pro santo'', seja o que for que eu vá beber, e assim também acontece com comida. Seria uma boa dieta se eu não pensasse que pessoas poderiam comer exatamente aquilo que eu deixei em muita maior quantidade. Mas bebida sim.

Não tenho mania de estalar dedos, apesar de fingir isso quando tenho vergonha.

Tenho mania de lavar as mãos todo momento. Tenho mania absurda de higiene. Acho que fiquei traumatizada quando era pequena e vi no colégio um vídeo sobre bactérias.
Gosto de comer coisas em tigelas grandinhas. Adoro tigelas de porcelana. Adoro taças, gosto de beber qualquer coisa em taça.
Tenho mania de me alongar.
Tenho mania de proatividade, quando me sinto reativa fico reclusa pensando
o quão errado é.


A profundeza as vezes é redundante demais, por isso é bom só pintar e pintar.

talvez junho, talvez julho, mas do meu diário de 2008;


[Millais - Bubbles (aka that Pears Soap poster original)]

  John Everett Millais - Bubbles (aka that Pears Soap)

                           

Avefall 07


Deixe-me ir. Talvez eu prefira vagar, por que não?

Só que não mais por aqueles cantos oprimidos, eu não mereço?

Por que não posso? Por que não devo? O que mais devo? O que mais devo matar por dentro, a fim de renovar tudo à minha volta...? Em circulos escuros, um clarão no meio sem medida e sem alcance, estou jogada a sete palmos do céu, caindo, caindo, caindo e dele cada vez mais longe...
[Henri Matisse - art print, poster - Fall of Icarus]

 Matisse -  Fall of Icarus

                                  

empavecer-lhe


Argucioso,
subterfúgio de êxtase,
Enlevo como lasso:
Ora amparo ora resguardo;
Na meia luz da meia vida;
Do inteiriço belle époque: (meu cântico sussurrado);
No espelho se espelha traços ambíguos;


Essa languidez de alma fugida (fudida)
De volta ao subterfúgio
Não me rendo
Nem ao enlevo, mesmo volúvel ao léu
O que faz o significado em teste lascivo?
...Tudo é emparvecer.


2008, diário

[kandinsky_improvisation30.jpg]
kandisnsky