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terça-feira, 17 de maio de 2011

ns 100%


Eu sei exatamente que música você está escutando enquanto finge que quer o mundo. Digo que não me importa, pressuponho demais, lido com meus pensamentos seus.

Sinto que todas as intimidades estão ao meu alcance, enquanto um momento pessoal desencadeia tantos outros, estarei ali todos os seus dias, no mesmo lugar que sentou pra pensar da ultima vez, recobrando alguma consciência.

Existe uma espécie de vivência paralela, parece que estou vivendo muitas realidades ao mesmo tempo, sempre presente apenas certa porcentagem em cada momento diferente simultâneo. A outra parte é comum em todos os outros momentos concomitantes, ou seja, 70% é comum em todas elas ( as vezes 60, de repente.), portanto 30% é um eu verdadeiro, não consciente, cheio de fantasias que só se realizam com 90% da felicidade de quem me acompanha.

_Percebo que esses 70% é a parte que garante o poder de viver todos eles(os momentos...) ao mesmo tempo, todos os 30%. A parte "ruim" é não me entregar 100% em nenhum momento, tendo consciência de sua simultaneidade. É como um clipe, uma situação é dividida em várias telas: uma faço sanduíches pra comermos antes de sair para nossos respectivos afazeres, outra faço brigadeiro pra vermos filme ao invés de estudarmos, outra faço suco de todas as frutas do mundo pra nós bebermos rindo antes de irmos a praia. Na outra cena faz comida pra nós (do nada, viro nós) comermos em uma mesa redonda. Em outra estou desenhando na parede de uma casa que não é minha, enquanto faço comida. Outra estou deitada enquanto diz eu te amo repetidas vezes. Outra cena o 'te amo' é dito com o rosto escondido, outra com resistência.

_Perceba que em todos os momentos vivo também outra pessoa, ou seja, essa coisa de não estar 100% ali é meio relativa, já que ninguém percebe, só os que querem arranjar um motivo pra fugir sem dizer que não aguentam e me decepcionar.

Mas que mal faz? Por que não poderiam todas essas cenas simultâneas serem reais, se até um dia temi que fossem sonhos? Me refiro ao que é melhor não dizer.
Tiro do começo das frases todos os "eus", como
eu gosto, eu me refiro, eu me dou conta, eu me assusto, eu acho, eu tenho, eu sou. Fica feio na norma culta.

Então sonhei que estávamos no meu primeiro colégio primário, misturado com o seu primeiro colégio primário.
Sonhei que a distância que percorria até meu destino colegial era enorme enquanto hoje posso ir andando até mesmo no perigo da noite e perder só 4 minutinhos, isto é, até viver a emoção de pegar um ônibus, ter um "registro de pessoa civil", é assim?
Bem, mas você já não estava mais quando o caminho de volta foi se tornando cada vez mais longo. (milvezes)

Enfim, finalmente não haviam cúmplices, admirei o mundo, percebi pouca movimentação dos traumas.
É engraçado, o que seria um terrível pesadelo, vejo como uma emoção tão pessoal e íntima agora,100% estável.

Ok, vou parar de dizer que o 100% é relativo só porque não sei decepcionar dizendo que não aguento.