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terça-feira, 21 de junho de 2011



Nesses momentos que o silêncio não diz mesmo nada e a poesia vai embora,
escorre pra não me apavorar.
Foi por isso que fugi e agora sinto essas coisas em câmera lenta.
Dois dias parecem dois meses agora.
O estômago que antes se revoltava, agora padece em uma conformidade já conhecida, onde a digestão é lenta e voltar só causa um vômito triste,
nada sobre falhas poéticas, apenas uma lucidez vista por um olho mágico, sem qualquer chance de me abrir, mesmo chamando na porta.
Uma dor que dilacera não me faz aguentar outra, não faz sentido,
pra quê dores dilacerantes?
Nunca existiu um complemento naquilo que resultava em alguma coisa
capaz de me fazer fugir.
Só por que fugia, não quer dizer que era bom e que eu poderia perder.
Simplesmente significa que nunca foi bom e eu já sabia que só poderia ganhar
ao explorar e organizar o que é importante.
E pra que?
Viver essa importância agora vale como?
Não me sinto ótima, contudo menos ainda preferia uma ignorância.
Preferia uma distância, perceber que não vale a pena nem fingir,
não vale a pena mentir se não existe por quê ser sincero.
O incerto sempre foi o agora, o amanhã nem mesmo existiu.
Agora o certo é apenas um ontem?


Um amanhã com a desventura do sofrimento,
engolido como as palavras que nunca mais vi,
causando um esquecimento que nunca mais lembrei.