Nós que lemos crônica mais do que lemos livros normais, por que, como Rubem dizia, somos preguiçosos, ou apenas por que somos mais realistas (ou as duas coisas não exatamente nesta ordem), apesar de escrevermos sobre o paralelo para entreter, lembramos de várias crônicas enquanto vivemos, andamos por aí e até ao abrir os olhos. Acredito que tudo é isso quando se vive atento ou atentado.
Mas a questão é que estava a pensar seriamente sobre clair de lune e vidas passadas quando me bateu uma vontade imensa de praticar a arte de fazer uma crônica - Algo dificílimo já que nunca se sabe quando realmente fez uma.
Normalmente até na falta de assunto se faz uma crônica, pois, aliás, detalhes escondidos é que fazem as crônicas. Como Rubem Braga era brilhante mesmo sem assunto, alguns outros são ainda mais com assuntos pessoais (Arnaldo, Clarisse).
Confesso que o presente que mais adoro receber é livro, qualquer livro de crônicas. E confesso também que contos valem nesse meio, pois remetem ao mesmo ponto: idealizando uma época, ou denunciando, tudo nas entrelinhas.
Confesso também, algo meio óbvio em minha pessoa, que adoro o quente do escrito. O que é o quente do escrito? Alguns pensariam algo com relação a crônicas apimentadas, contos safados, ou aqueles que conheçam mais: tons mais sarcásticos.
Retruco então: vale tudo que tenha dom característico. Mas o quente do escrito é o que não se reavalia trocentas vezes depois de ser feito, o que não se relê a fim de mudar frases, colocar em outras partes, acrescentar isso ou aquilo que poderia isso ou aquilo para melhorar isso ou aquilo. Eu gosto é do quente do escrito. Originalidade, e isso não passa despercebido para os bons olhos analíticos, ou escreve por gostar ou gosta de escrever, ali e aqui, melhorar alguma coisa por isso e aquilo. Mas não serei sórdida: gostar de escrever é um dom, que também não passa despercebido, até por que, pega-se domínio pela escrita depois de um tempo, e essa é uma outra questão.
O domínio maior da escrita é quando conseguimos passar o que queremos? Acredito que não. Como uma pintura; cada um vê de uma forma, é meio impossível todos verem o que você quis passar, e isso até que é bom demais da conta, em muitos casos. No caso de fazer romance; no caso de ser canalha; no caso de um bom irônico (os três se enquadram em um só, acredite.) .
Fui pressionada emocionalmente muitas vezes, portanto acho que está na hora de falar algo pessoal sem que seja nas entrelinhas como de praxe, e isso eu ia colocar depois do texto a seguir, pois eu lembrei do por quê estaria contando o que estarei a contar, mas vi que seria meio redundante, meio bobo, como já está sendo, mas vamos lá, agora é minha parte "escrita quente" retocando.
Meu caso com a escrita vem de muito tempo, desde que aprendi a escrever. Começou escrevendo meu nome várias vezes, várias e várias, a fim de fazer um poema. O poema Carolina se estendeu por pouco tempo, até que veio outros, com lata (primeira palavra que aprendi) e outras, pois minha mãe me ensinou coisas antes que eu entrasse no colégio, e coisas em inglês também, mas isso que se dane por enquanto.
Então, era uma vez um diário: Tirando detalhes corriqueiros (um deles que eu ainda os tenho até hoje), fazia poemetos subjetivos, e assim foi sempre, assim como desenhar. Tentava até uma linguagem denotativa, mas o conotativo sempre tomou conta das linhas, em "desalento" e isso era um problema nas provas de redação. Bom, a melhor amiga da sala de aula fez um diário também, e trocávamos, e ela escrevia no meu e eu no dela, e isso acontecia até os 16 anos: já outras amigas, já outros diários, já outros assuntos, já outros poemas. E em várias épocas meus poemas eram dados na sala para serem copiados e entregues à namorados, ou para elas proprias sonharem.
Uns amigos aos 14 me pediam para escrever poemas para as sua queridas, até um dizer que na verdade estava apaixonado pela autora. Várias pessoas foram vítimas dos meus poemas sem saber, mas acredito sempre que foi na boa intenção, até começar a acreditar que podia ajudar as pessoas a fazer poemas, e esse foi meu grande pulo. Acho que a parte meio caótica era o melhor amigo que me mandava poema, ou o namoradinho, ou o outro namoradinho: analisar os poemas e pensar, " é... ele tentou, talvez tenha sido de coração?". Sempre acreditei que quem gostava, escrevia o quanto quisesse. E olhando para qualquer poema, acredito que não era tão realmente belo, pois hoje em dia não vejo tanta beleza em poema, em rima, e aquilo era infância, tudo era "grandiosamente profundo" para nós. E foi indo, nessa de " de repente, não mais que de repente..." e meu caso também com a leitura jovial clássica poética (ou não), tal que não era, definitivamente crônicas. Mas talvez isso eu conte outrora.
Hoje em dia, existem mais coisas além das rimas, da luz dos olhos, da dor desenfreada que no fundo era "bonitinho", dos minutos que duram o beijo e da música que escutamos enquanto ele rola, e até da bruma.
Hoje em dia existem mais coisas além de paixão, até por que, para mim, a paixão hoje em dia não me pega, pegava antes pela pouca resistência que tínhamos: éramos pequenos, tudo era "grandiosamente profundo".
Quando repetimos coisas em crônicas, enfatizamos idéias que vagam por nossa mente ou vagaram constantemente. Essa é uma crônica explicativa parcial da minha vida, talvez, ou, talvez não. Lembro então, começo de um diário: "Amar o perdido, deixa confundido, este coração..." . E de ir indo, assim foi.
Em um dado momento, minha perspectiva da escrita foi repassar idéias e assim foi até muito tempo, levando a escrita na boca: a conversa se tornou para mim um folheto explicativo, um livro de auto-ajuda ou até a tal linguagem denotativa, finalmente, só que misturada. Extraía de tudo que eu lia o melhor que podia - e que não podia. ...Constantemente reflito se o fato de querer ajudar é arrogância. É impossível alguém saber mais que outro? Pois é impossível alguém querer ajudar? Eu não sei, só sei que se escrever e ajudar são a mesma coisa na minha perspectiva, então é o que sempre farei, pois me dá vida e acredito que todos precisam fazer o mesmo.
É a única coisa que dou a dica, o resto é implícito e não a jato. Tudo a jato é considerado chatissimo. Tipo agora. Estou chatissima.
A escrita não só é dada como repassar idéias, mas ser subjetivo e expressar sentimentos, portanto não ignoro a poesia, em sí. Adoro-as. As como. Por isso, exatamente assim, continuo com a minha história sem fim com tudo isso, valorizando todas as formas de escrita e de exteriorização da alma.
Pois o que há de ser o humano, se passar a vida, sem expressar-se? Quero entender tudo e todos: e nessa árdua continuação de mim, já pensei em psicologia, serviço social, filosofia, artes e letras. Acabo enfim filosofando sobre o direito da escrita e da arte como veículo, fazendo meu serviço social.
Afinal, todo mundo sabe que facul de psicologia é a maior putaria mesmo.
Mas a questão é que estava a pensar seriamente sobre clair de lune e vidas passadas quando me bateu uma vontade imensa de praticar a arte de fazer uma crônica - Algo dificílimo já que nunca se sabe quando realmente fez uma.
Normalmente até na falta de assunto se faz uma crônica, pois, aliás, detalhes escondidos é que fazem as crônicas. Como Rubem Braga era brilhante mesmo sem assunto, alguns outros são ainda mais com assuntos pessoais (Arnaldo, Clarisse).
Confesso que o presente que mais adoro receber é livro, qualquer livro de crônicas. E confesso também que contos valem nesse meio, pois remetem ao mesmo ponto: idealizando uma época, ou denunciando, tudo nas entrelinhas.
Confesso também, algo meio óbvio em minha pessoa, que adoro o quente do escrito. O que é o quente do escrito? Alguns pensariam algo com relação a crônicas apimentadas, contos safados, ou aqueles que conheçam mais: tons mais sarcásticos.
Retruco então: vale tudo que tenha dom característico. Mas o quente do escrito é o que não se reavalia trocentas vezes depois de ser feito, o que não se relê a fim de mudar frases, colocar em outras partes, acrescentar isso ou aquilo que poderia isso ou aquilo para melhorar isso ou aquilo. Eu gosto é do quente do escrito. Originalidade, e isso não passa despercebido para os bons olhos analíticos, ou escreve por gostar ou gosta de escrever, ali e aqui, melhorar alguma coisa por isso e aquilo. Mas não serei sórdida: gostar de escrever é um dom, que também não passa despercebido, até por que, pega-se domínio pela escrita depois de um tempo, e essa é uma outra questão.
O domínio maior da escrita é quando conseguimos passar o que queremos? Acredito que não. Como uma pintura; cada um vê de uma forma, é meio impossível todos verem o que você quis passar, e isso até que é bom demais da conta, em muitos casos. No caso de fazer romance; no caso de ser canalha; no caso de um bom irônico (os três se enquadram em um só, acredite.) .
Fui pressionada emocionalmente muitas vezes, portanto acho que está na hora de falar algo pessoal sem que seja nas entrelinhas como de praxe, e isso eu ia colocar depois do texto a seguir, pois eu lembrei do por quê estaria contando o que estarei a contar, mas vi que seria meio redundante, meio bobo, como já está sendo, mas vamos lá, agora é minha parte "escrita quente" retocando.
Meu caso com a escrita vem de muito tempo, desde que aprendi a escrever. Começou escrevendo meu nome várias vezes, várias e várias, a fim de fazer um poema. O poema Carolina se estendeu por pouco tempo, até que veio outros, com lata (primeira palavra que aprendi) e outras, pois minha mãe me ensinou coisas antes que eu entrasse no colégio, e coisas em inglês também, mas isso que se dane por enquanto.
Então, era uma vez um diário: Tirando detalhes corriqueiros (um deles que eu ainda os tenho até hoje), fazia poemetos subjetivos, e assim foi sempre, assim como desenhar. Tentava até uma linguagem denotativa, mas o conotativo sempre tomou conta das linhas, em "desalento" e isso era um problema nas provas de redação. Bom, a melhor amiga da sala de aula fez um diário também, e trocávamos, e ela escrevia no meu e eu no dela, e isso acontecia até os 16 anos: já outras amigas, já outros diários, já outros assuntos, já outros poemas. E em várias épocas meus poemas eram dados na sala para serem copiados e entregues à namorados, ou para elas proprias sonharem.
Uns amigos aos 14 me pediam para escrever poemas para as sua queridas, até um dizer que na verdade estava apaixonado pela autora. Várias pessoas foram vítimas dos meus poemas sem saber, mas acredito sempre que foi na boa intenção, até começar a acreditar que podia ajudar as pessoas a fazer poemas, e esse foi meu grande pulo. Acho que a parte meio caótica era o melhor amigo que me mandava poema, ou o namoradinho, ou o outro namoradinho: analisar os poemas e pensar, " é... ele tentou, talvez tenha sido de coração?". Sempre acreditei que quem gostava, escrevia o quanto quisesse. E olhando para qualquer poema, acredito que não era tão realmente belo, pois hoje em dia não vejo tanta beleza em poema, em rima, e aquilo era infância, tudo era "grandiosamente profundo" para nós. E foi indo, nessa de " de repente, não mais que de repente..." e meu caso também com a leitura jovial clássica poética (ou não), tal que não era, definitivamente crônicas. Mas talvez isso eu conte outrora.
Hoje em dia, existem mais coisas além das rimas, da luz dos olhos, da dor desenfreada que no fundo era "bonitinho", dos minutos que duram o beijo e da música que escutamos enquanto ele rola, e até da bruma.
Hoje em dia existem mais coisas além de paixão, até por que, para mim, a paixão hoje em dia não me pega, pegava antes pela pouca resistência que tínhamos: éramos pequenos, tudo era "grandiosamente profundo".
Quando repetimos coisas em crônicas, enfatizamos idéias que vagam por nossa mente ou vagaram constantemente. Essa é uma crônica explicativa parcial da minha vida, talvez, ou, talvez não. Lembro então, começo de um diário: "Amar o perdido, deixa confundido, este coração..." . E de ir indo, assim foi.
Em um dado momento, minha perspectiva da escrita foi repassar idéias e assim foi até muito tempo, levando a escrita na boca: a conversa se tornou para mim um folheto explicativo, um livro de auto-ajuda ou até a tal linguagem denotativa, finalmente, só que misturada. Extraía de tudo que eu lia o melhor que podia - e que não podia. ...Constantemente reflito se o fato de querer ajudar é arrogância. É impossível alguém saber mais que outro? Pois é impossível alguém querer ajudar? Eu não sei, só sei que se escrever e ajudar são a mesma coisa na minha perspectiva, então é o que sempre farei, pois me dá vida e acredito que todos precisam fazer o mesmo.
É a única coisa que dou a dica, o resto é implícito e não a jato. Tudo a jato é considerado chatissimo. Tipo agora. Estou chatissima.
A escrita não só é dada como repassar idéias, mas ser subjetivo e expressar sentimentos, portanto não ignoro a poesia, em sí. Adoro-as. As como. Por isso, exatamente assim, continuo com a minha história sem fim com tudo isso, valorizando todas as formas de escrita e de exteriorização da alma.
Pois o que há de ser o humano, se passar a vida, sem expressar-se? Quero entender tudo e todos: e nessa árdua continuação de mim, já pensei em psicologia, serviço social, filosofia, artes e letras. Acabo enfim filosofando sobre o direito da escrita e da arte como veículo, fazendo meu serviço social.
Afinal, todo mundo sabe que facul de psicologia é a maior putaria mesmo.