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quinta-feira, 6 de março de 2008

Azul Marinho

Rosto retocado de sono faz lembrar-se da crônica de Xico Sá e as mulheres quando acordam. O espelho morre em poesia angustiada por pouco tempo, enquanto o feixe de luz vem da janela esfregar seus olhos. Mais um dia, corta o céu nublado com sua pele branca, ainda do avesso.

Acaba por inocentar o dia, assim mesmo sem música, árido. Sente calafrios percorrerem a espinha, ou a alma (quando a espinha torna-se clichê). Pois hoje não se permite, se sente. Como as grades que pusessem na sua própria vida fossem agora tormento e prenúncio de morte.

É. Vida que corre.

Analisa-se o gélido prenuncio é de decorrente ilusão.

Novamente o plano vertical sem fundo em que se remete, se mete, dissolve e é sonho. Chateação.

Seus versos acabaram mudos e os risos abafaram-se com o vento. Sua verdade agora é tão brilhante quanto seu rosto retocado de sono, em que seus mesmos olhos frios recriam o mundo (assim como se transbordasse formas e fórmulas) em que tudo lá fora agora é azul marinho e faz isto repetindo as mesmas palavras em ordens distintas, pois afinal, desordenado se fez mais uma linha sem laço: o destino (ou mais um caminho infiel que se descreve).

E assim prepara o corpo e a alma, o dia e o mundo. E quando as grades se dilaceram pela fera desencontrada, finde mais um dia, não mais em particular.

Mas logo logo começa por inocentar o dia. E Tudo agora é azul marinho.