Sinto segredos por todo os lados, sinto a pele das pessoas mentindo todo o tempo - sinto que as pessoas não sabem sentir cheiro, sentir gosto, realmente enxergar ou tocar de coração. O padrão dos cheiros, das cores combinadas, dos gostos artificiais demais, das imagens que há séculos distorcem as coisas com uma objetividade tramada, calculada.
Ninguém sente a própria alma, ninguém mais sabe o que é sentir vergonha ou pedir ajuda de coração.
Essa expressão parece boba, mas significa a consciência de estar vivo, de sentir. Quem sente de coração não ignora a natureza, não ignora sensações, sente verdadeiramente.
Somos iludidos, destruimos e construímos sem entender o mundo por trás do sistema. Forjamos felicidades, somos alegres e somos específicos demais, numa intensidade que não vejo outra intenção se não a de não saber realmente sentir, apenas identificam o referencial e se encaixam, como se fosse obrigação.
A direita não precisa anular a esquerda, o direito não precisa ser o certo e o esquerdo não precisa ser procrastinador. A política não precisa ser mais crucificada, nem a fé, nem a vontade. Nada disso causa guerra ou fúria de verdade.
Ganhar ou perder, escolher alternativas, achar que grito não é música, que não sentir como o resto
é simplesmente não sentir.
Precisar das coisas, preferir não enxergar, fingir pra sí mesmo e se assustar com os próprios pensamentos quanto a vida e a morte.
Definir únicos, líderes, perdedores, excluídos.
Misturar ciência com estatísticas, prometer, cumprir, destinar, sentir mais a temperatura do que compaixão.
Tudo que eu vejo de baixo são julgamentos de massas, culturas falidas por guerras, cópias de cópias,
idéias que não tiveram apoio e idéias que destruíram vidas. As pessoas se jogam para a morte,
esperam por um Deus ou buscam na crítica sobre Deus também um sentido, um ateísmo que o possa libertar das carências tanto quanto a reencarnação para os esperançosos que não aguentam.
Quando formos sacrificar nosso tempo, nossos sonhos prontos, ambições e vaidades;
Vamos sacrificar nossas verdades e ordem fálica em troca de libertação?