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domingo, 22 de janeiro de 2012

Ilusão


Pornografia, a ilusão do prazer

A partir de making of de filmes pornográficos, filme francês reflete sobre a representação idealizada do sexo e do prazer.

Por Bruno Carmelo, do Discurso-Imagem.
Il n’y a pas de rapport sexuel (“Não há relação sexual”) nasceu do encontro improvável entre Raphaël Siboni, famoso artista plástico, e HPG, diretor e ator de filmes pornográficos. Por coincidência, o trabalho de ambos é financiado pela mesma produtora, a marginal Capricci filmes, que propôs a Siboni pegar milhares de horas de making of do diretor pornô e fazer um documentário a respeito. Cada um impôs suas condições: Siboni exigiu que HPG não tivesse influência nenhuma na escolha das imagens, enquanto este último impôs que não se falasse na remuneração dos atores. Acordo fechado.
O título, o irônico “não há relação sexual”, faz referência ao psicanalista Jacques Lacan, que sugeria que mesmo no ato sexual a dois, o verdadeiro prazer não está na outra pessoa, e sim nos fantasmas projetados nela. Assim, o prazer seria mental mais do que corporal, e principalmente individual. Esta escolha dá uma boa noção do conteúdo bastante acadêmico e teórico que se pode ver, contra todas as expectativas, nesta colagem de cenas de coito, esperma, pênis, vaginas, penetrações duplas, sodomia, sexo grupal e todos os tipos de fetiches.
O início representa de maneira excepcional o discurso do diretor: uma bela atriz pornô espera sentada numa cadeira, enquanto HPG prepara a iluminação e a câmera. Ao seu lado, um homem se masturba para manter a ereção. Ela boceja de um lado, cutuca algumas pequenas feridas da pele, enquanto seu parceiro aumenta o ritmo frenético da masturbação. HPG grita: “Ação!”. Imediatamente, ela monta sobre seu parceiro, faz caras e bocas, geme, insinua todos os tipos de posa. A cena termina, ela volta para o seu canto, novamente entediada. Ele continua a se masturbar para a cena seguinte.
Este filme não é um ataque moralista sobre a “objetificação dos corpos”, sobre a exploração das mulheres nem nada do gênero. Ele tampouco é um tratado social, do tipo que observa a integração da profissão pornográfica com a vida cotidiana dos atores, com a família, amigos, salário, planos de carreira etc. Evitando a narração ou o desenvolvimento de uma história, a direção prefere colar cenas, uma ao lado da outra, sem grandes explicações, “como se faz nos vídeos da Internet de hoje em dia”, comenta Siboni.
Assim, o efeito produzido não é de crítica, nem de excitação – poucos filmes com tal quantidade de sexo explícito conseguiram ser tão pouco excitantes, aliás. Esta foi uma das razões pela qual Il n’y a pas de rapport sexuel foi classificado “apenas” um filme proibido para menores de 18 anos, e não um filme X, o que teria reservado sua projeção às salas de cinema pornográficas. E para a surpresa geral, a obra chegou aos cinemas independentes coroada de excelentes críticas.
De fato, Siboni efetua um mosaico um tanto triste, patético e mecânico da ilusão de prazer, da idealização do sexo, tanto heterossexual quanto gay. Os atores são vistos na espera entre as cenas, ensaiando frases ridículas como “Ai, como é gostoso o esperma dos desconhecidos!”, proferida por uma jovem cercada por três pênis em ereção. Raramente os atores se olham no rosto, de tão concentrados em suas performances individuais. A ausência voluntária de contexto, o confronto constante entre os personagens fetichizados e as pessoas comuns que os encarnam gera um efeito cômico, despretensioso, e uma certa forma de distanciamento em relação ao material – o que é contrário ao próprio princípio de imersão da imagem pornográfica.
Curiosamente, este discurso sobre a ilusão do sexo faz referência à ilusão da própria imagem. Enquanto os making of tradicionais, publicitários, revelam a parte técnica da realização mas mantém o fetiche do estrelato, Il n’y a pas de rapport sexuel ignora o aspecto técnico para humanizar estas figuras dotadas de uma imagem sobre-humana, com pênis imensos, seios superdimensionados e orgasmos múltiplos. O filme escolhe as imagens que as mostram apenas como pessoas comuns, sem prazer particular pelo que fazem, sendo penetradas com o mesmo profissionalismo indiferente de um operário padrão que produz a mesma peça dez vezes por dia. A pornografia é acima de tudo um trabalho, e as aulas de “como simular uma felação” dadas pelo diretor aos atores iniciantes no “softporn” (filmes sem penetração nem imagem de órgãos genitais) é um ótimo exemplo disso.
A cereja do bolo é o fato de Siboni ter conseguido aproveitar, e muito bem, a estética involuntária deste making of. A câmera está colocada num tripé, numa altura fixa, e ela permanece nesta posição por muitas horas, de modo que tanto o diretor quanto os atores se esquecem da sua existência. Esse enquadramento aleatório produz momentos interessantes do uso do extra-quadro, além de algumas composições que dificilmente teriam sido escolhidas por HPG ou o próprio Siboni (uma atriz, de pernas abertas sobre o sofá, geme enquanto sua vagina e seu ânus ocupam praticamente todo o enquadramento, durante longos minutos). Os corpos são reduzidos a um material plástico, órgãos genitais são vistos como ferramentas de trabalho e os gemidos de prazer parecem tão artificiais quanto os sorrisos em propagandas de margarina. Il n’y a pas de rapport sexuel é um excelente estudo sobre a ilusão e o fetiche dos corpos, do sexo, da imagem e do cinema.
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Il n’y a pas de rapport sexuel (2011)
Filme francês dirigido por Raphaël Siboni.
Com HPG, William Lebris, Phil Hollyday, Cindy Dollar, Stacey Stone, Dolce Elektra, Sexy Black, Nymphy, Superpussy.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

expressive writing


O tratamento pela escrita
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Estudos confirmam que escrever sobre a própria doença ajuda na recuperação.
Notícia Postada em: 16/01/2012
Por: Ricardo Santos
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Há muito a psicologia clínica indica que mudar as emoções diante de um evento é uma maneira eficaz de conseguir viver em paz com uma experiência dolorosa. Agora, a ciência confirma que a escrita não só é uma ferramenta importante nesse processo como pode alterar as respostas fisiológicas a doenças crônicas, melhorando o quadro de saúde de pacientes. Ao escrever os doentes tornam suportável uma experiência tida anteriormente como pesada demais. Ela passa a integrar a biografia de quem vive o trauma, abrindo o caminho para a recuperação, como se cada um reescrevesse sua história.

Por essa razão, a chamada “expressive writing” (algo como expressão pela escrita, em inglês) ganha cada vez mais espaço na medicina. Na última semana, por exemplo, dois novos estudos reforçaram o poder do método. O primeiro, aliás, apontou uma evolução interessante. Cientistas da Universidade de Haifa, em Israel, descobriram que a técnica, quando usada em blogs pode ser tão ou mais eficaz que no papel. Os pesquisadores chegaram à conclusão após analisar a reação ao experimento por eles organizado com a participação de 161 adolescentes com ansiedade e fobia social. Os jovens foram divididos em grupos que receberam orientações distintas. Alguns, por exemplo, deveriam escrever em blogs abertos, com comentários, e outros, em blogs fechados.

Depois de dez semanas escrevendo pelo menos duas vezes semanalmente, todos apresentaram melhora na autoestima, na autoconfiança e na capacidade de se sentir confortável em situações sociais que evitavam antes de iniciar a prática da escrita. Mas aqueles que escreveram em blogs com espaço para comentários manifestaram melhora mais significativa. De acordo com os autores do estudo, as características da internet e das qualidades da “expressive writing” podem ser potencializadas no blog. “Ele fornece uma combinação única de espaço confortável para a autoexpressão com um ambiente de interação social”, escreveram.

O segundo trabalho, da Universidade de Waterloo, no Canadá, mostrou a eficiência da técnica no controle do peso. Nele, a psicóloga Christine Logel demonstrou que as mulheres convidadas a escrever sobre seus sentimentos e valores perderam, em média, 3,4 quilos, enquanto as que não participaram da oficina ganharam cerca de 2,7 quilos. “Escrever funcionou como um incentivo”, disse Christine à ISTOÉ. A pesquisadora observou que a escrita ajudou as participantes a se sentir bem com elas próprias na medida em que descreviam o que consideravam importante em suas vidas. “E elas não utilizaram a comida como escape”, explicou Christine.

“A escrita organiza o pensamento e facilita o autoconhecimento”
Solange Pereira Pinho, coordenadora de oficina de escrita terapêutica



De fato, um estudo da Universidade de Baylor (EUA) com 48 portadores de câncer de testículo revelou que escrever sobre as emoções relacionadas à doença acelerou a recuperação dos participantes. Como justificativa, os cientistas levantaram a hipótese de que, como a escrita auxiliou no controle do estresse ocasionado pela enfermidade, o sistema imunológico entrou em equilíbrio. Resultado: ele deixa de reconhecer como nocivos agentes inofensivos, causando complicações como alergias, e continua a luta contra a doença.

Outras pesquisas também demonstraram os efeitos positivos da escrita no tratamento de doenças infecciosas, como a Aids, e diversos tipos de câncer. A dona de casa Izabel Modesto de Araújo, 47 anos, de São Paulo, por exemplo, encontrou na escrita uma maneira de amenizar o sofrimento após passar por três cirurgias para retirar um tumor cerebral. No processo de recuperação, ela começou a escrever já na cama do hospital. Acabou escrevendo dois livros e mantém o hábito da escrita até hoje, já recuperada. “Mesmo nos momentos mais difíceis não precisei tomar antidepressivo”, conta. “Escrever é minha terapia.”

No Rio Grande do Sul, a psicóloga Ana Maria Rossi, presidente da seção brasileira da International Stress Management Association, organização internacional para o controle do estresse, indica a escrita terapêutica para pacientes que não conseguem lidar com o acesso de raiva. “Ela tem efeitos positivos naquelas pessoas com dificuldade de descrever a experiência sem se descontrolar ou ficar extremamente emocionadas.”

Não basta, entretanto, apenas escrever. “É preciso ter um propósito. A escrita organiza o pensamento e facilita o autoconhecimento”, diz a professora Solange Pereira Pinho, que comanda uma oficina de escrita terapêutica em Brasília. Isso é possibilitado porque, sob orientação correta, o paciente não somente descreve a reação ao evento, mas o que foi sentido no momento.


Também não é qualquer conteúdo que surtirá resultados positivos. Na literatura médica, as investigações do pesquisador americano James Pennebaker, que descreveu o poder da escrita terapêutica em “Abra o Seu Coração: O Poder da Cura Através da Expressão das Emoções” (Editora Gente), apontaram que escrever sobre os aspectos emocionais afeta a saúde positivamente, mas descrever apenas os fatos da experiência traumática pode surtir o efeito contrário.


Fonte: http://www.istoe.com.br 

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Ref.



 A literatura. Adoro-a em todos os sentidos.
A progressão de todos os tipos de manifestação interior, a arte.
O quanto marcaram os períodos e os caracterizaram eternamente.
As obras contemporâneas darão lugar a um nome que as caracterizará e aí mais velha eu direi que vivi e fiz parte daquele período.
Não cabe aqui dizer todos os aspectos do nosso período
(que daqui a 30 anos alunos farão provas de literatura e terão que citar as características do período tal etc.), mas com certeza a referência será imediata a tecnologia e comunicação.

Já não sei dizer se é muito* diferente o valor do quadro à mão ou um abstrato ou expressionista feito em algum programa (adobe photoshop etc etc). Existe uma variedade enorme de programa, na tablet mesmo vêm um onde podemos escolher o efeito ‘pincel’ ou outros. A grossura e cor sobre cor numa paleta enorme, além das opções carvão, lápis, ‘caneta nanquim’, lápis pastel, a intensidade dos traços e uma porrada de outras coisas de forma prática que estão ali disponíveis rapidamente. Como dizer que é escroto? É arte, corresponde à vida interior, não vou julgar negativamente de forma alguma.

Isso se aplica também a instrumentos musicais. Guitarras e teclados de hoje em dia tem uma porrada de efeitos que antes era algo tenso de fazer. Mas ainda sim uma infinidade de tipos diferentes de sons se harmoniza, a melodia caracteriza o abstrato das pessoas que a estão tocando, é arte! Não vou julgar negativamente.

Mas de repente um dia a sensação maravilhosa de misturar as cores e sujar as mãos, sentir o cheiro e criar algo único onde a combinação abstrata não poderia existir igual!

Os livros de repente ficaram extintos e apenas usaremos tablet. Existirá mais árvores por isso? Nada. Os androids, ipods etc. são completamente ligados a internet. Sinceramente acho fantástico, como negar a praticidade do mundo em suas mãos? Uma biblioteca, música, cursos, compra e venda, conversas, opiniões de pessoas que você nunca teria oportunidade de conhecer...

Mas além de não durarem tanto, um dia também estarão fardados a subtituição por aparelhos mais modernos, bonitos etc. E olha que isso acontece rápido, MESMO.

Coisas maravilhosas nos são proporcionadas, assim mesmo o índice é de mais infelicidade do que felicidade. Acredito que esse troca-troca de aparelhos não deveria acontecer com tanta freqüência e empolgação. O lixo eletrônico é perigoso, sabemos e ignoramos isso de alguma forma por acharmos que não há nada a fazer. Mas... O que temos alcança o mundo inteiro, não é suficiente? Em países subdesenvolvidos isso é agravado ainda pela desigualdade absurda: enquanto uns querem um aparelho rosa super mais caro (mas praticamente com as mesmas propriedades do outro), outros não tem acesso à internet. Digo mais; outros não têm acesso à comida.
Cara, isso é assustador, como é que pode?
Não com isso vamos invalidar a tecnologia que somos proporcionados.
Não por isso também vamos validar ela mais do que a fome das pessoas!  
A tecnologia deveria garantir primeiramente uma forma segura de reciclagem desse tipo de lixo, até mesmo do lixo espacial.

Temos bastante acesso a informação, em vários aspectos. .
Muitas pessoas se mobilizam em prol da reciclagem, em prol da assistência médica decente, por deficientes de vários aspectos, meninos e meninas de rua, doenças tensas. Isso é de se orgulhar, sinceramente... Existe dentro das instituições públicas e privadas pessoas corruptas por seus motivos egoístas e, assim, prejudicam massas e impõe coisas absurdas que já temos como normais (o que também é outro absurdo).

Queria que as pessoas se achassem mais capazes de mudar algo, respeitassem sua contribuição e beneficiar nossa era.

2012 é mais um ano pra se tentar educar e absorver a idéia genial (mais genial que as coisas fantásticas da tecnologia) de conservar nosso mundo das coisas que somos responsáveis por modificar.
O fim do mundo é paralelo ao recomeço e isso é incrível.

Sou estranha.
Adoro a literatura.
A progressão de todos os tipos de manifestação interior, principalmente a compaixão. 


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Keith Thompson cria seu trabalho usando lápis preto sobre papel, depois escaneia e trabalha com camadas de cores e luzes no photoshop.
Ilustração  Maior