Os negros, as mulheres, as crianças, os pais, as sogras, os
avós, os namorados, as mães têm ''seu dia''. Nos primeiros casos é
interessante frisar que ''seu dia'' é mais para relembrar das lutas pela
igualdade de
direitos e dificuldades que todos passam com os preconceitos enraizados na sociedade, tanto mulheres quanto homens,
portadores de deficiência ou não, fora do padrão comum, idosos ou que
fazem parte de uma minoria.
Enfim, hoje é intitulado o 'dia da mulher' porque em 8 de
março de 1857, mais de uma centena de operárias de uma fábrica de tecido de
Nova Iorque se mobilizaram na primeira greve (reconhecida historicamente)
conduzida apenas por mulheres. Elas reivindicavam melhores condições
de trabalho que, à época, eram sub-humanas, incluíam agressões físicas,
sexuais e uma jornada muito extensa.
A resposta dos patrões e da polícia foi muito violenta e fez
com que as mulheres permanecessem dentro da fábrica, que foi estrategicamente trancada
e incendiada, causando a morte de todas elas, carbonizadas.
Houve uma época que as mulheres não haviam direito ao
trabalho e ao voto, assim como julgadas incapazes de qualquer intervenção
pública.
Vale ler o techo do livro ''8 de março, dia internacional da
mulher e muitas histórias" de Carmen Lucia:
''É a partir da Revolução francesa, em 1789, que as
mulheres passam a
atuar na sociedade de forma mais significativa,
reivindicando a melhoria das
condições de vida e trabalho, a participação política,
o fim da prostituição, o
acesso à instrução e a igualdade de direitos entre os
sexos.
É nessa época que surge o nome da francesa Olympe de
Gouges. Em
1791, ela lança a "Declaração dos Direitos da
Cidadã", onde reivindicava o
"direito feminino a todas as dignidades, lugares
e empregos públicos
segundo suas capacidades". Afirmava também que
"se a mulher tem o
direito de subir ao cadafalso, ela deve poder subir
também à tribuna".
Olympe de Gouges foi julgada, condenada à morte e
guilhotinada em 3 de
março de 1793, por "ter querido ser um homem de
estado e Ter esquecido
as virtudes próprias do seu sexo". Nesse mesmo
ano, as associações
femininas foram proibidas na França.
''Na Segunda metade do século XVIII, as grandes
transformações ocorridas
no processo produtivo e que resultaram na Revolução
Industrial, trouxeram
consigo uma série de reivindicações até então
inexistentes. A absorção do
trabalho feminino pelas indústrias, como forma de
baratear os salários,
inseriu definitivamente a mulher no mundo da produção.
Ela passou a ser
obrigada a conviver com jornadas de trabalho que
chegavam até 17 horas
diárias, em condições insalubres, submetidas a
espancamentos e ameaças
sexuais constantes, além de receber salários que
chegavam a ser 60%
menores que os dos homens.
Em exemplo típico do ambiente fabril na época era a tecelagem
Tydesley,
em Manchester, na Inglaterra, onde se trabalhava 14
horas diárias a uma
temperatura de 29º, num local úmido, com portas e
janelas fechadas e, na
parede, um cartaz afixado proibia, entre outras
coisas, ir ao banheiro,
beber água, abrir janelas ou acender as luzes.''
Tudo isso é muito surreal para mulheres e homens do século
21, parece até caricato, mas isso acontecia realmente, assim como
também aconteceu a escravidão, onde as condições eram ainda mais precárias.
(Imagine então como era tratada a mulher negra?)
A luta de muitas mulheres e muitos homens é pela igualdade
entre os gêneros, por um mundo que não pague salários segundo o sexo e a
raça/etnia, mas de acordo com a capacidade e desempenho de cada pessoa.
Podemos encontrar vários casos de coragem para lutar a favor
da igualdade entre os sexos, inclusive de homens. E sinceramente vejo uma
quantidade muito grande de mulheres machistas, que sem perceber se colocam
moralmente menores que os homens em várias questões.
Hoje em dia resquícios de machismo são vistos em casos bem
diferentes daqueles bizarros de antigamente, porém ainda sim inegáveis
injustiças acontecem com o sexo feminino, até por elas mesmas.
Muitos apontam a criação machista que tiveram como grande
motivo para
terem impressões ruins de certas atitudes das mulheres
("não se dão o respeito") que, tomadas pelos homens, são perdoáveis
ou até parabenizadas.
É uma estranha hipocrisia, em outros assuntos conseguiram
ser mais liberais, mas justamente nesse não progrediram. Paciência. Também precisamos compreender a dificuldade
das pessoas e que realmente em casos de criação mais antiga (geração dos avós)
é mais comum não conseguirem absorver as idéias atuais, assim como a
tecnologia.
Nada disso é regra. Conheço uma avó feminista e uma mãe
machista.
Assim como não é dificil encontrar pessoas mais novas
machistas, racistas ou com qualquer outro preconceito.
Hoje temos vários meios de democratização de informações,
assim sendo podem - tanto homens quanto mulheres - conhecer a história triste
dos preconceitos humanos e dados antes camuflados e tirarem suas conclusões,
refletindo se vale mesmo a pena continuar com qualquer tipo de sexismo ou
preconceito.
Também vale lembrar das conquistas dos direitos e deveres
sociais de todos e das mulheres que fizeram parte da história (e também as que,
por preconceito, não fizeram) e refletir se estamos sendo preconceituosos com
alguém, se estamos mesmo fazendo nossa pequena grande.
Não é ser alguém que não brinca, mas é saber que é uma
brincadeira e fazer isso apenas entre amigos. E isso vale em vários aspectos: xingamentos
sobre o peso, cor, religião, modo de se vestir, idade ou escolha sexual.
Julgar as pessoas externamente é SIM opcional. Só precisamos
ter uma referência de bondade e empatia para que a cor, marca da roupa, peso ou
qualquer outra coisa não serem relevantes.
Vale também questionar o que vemos na TV, em revistas,
seriados e outros meios manipuláveis. O marketing inescrupuloso usufrui de
muitos de nossos preconceitos enraizados e não percebemos isso, continuamos
alimentando nosso ego com porcarias que enfiaram em nossas mentes como bonitas. .
A mídia é sexista, nossos desejos são influenciados e acabamos
por fazer coisas que se questionássemos, faríamos diferente.
Enfim, hoje é um bom dia para lembrar que todos os dias são
especiais.