No mundo grosseiro existe uma intensidade que se renova, mas não deixa
de ser um maldito círculo, e por que não dizer "Circo"? Aberrações,
sons que fazem seu fígado tremer, dias testados em um laboratório falsário,
imagens distorcidas de coisas ao contrário, herois e vilões de mentira, bichos escravizados (...) e ainda sim pagamos pra ver tudo isso, mesmo caro - mesmo sabendo que nos atrasará. É divertido fazer parte de um circo, assistir palhaços e, enfim, eles não tem uma vida - e é nós que a forjamos. Agora é uma condição para continuar indo e vindo sem atraso no que agora parece exterior, mas
sempre será um interior esquecido, desconhecido - um inconsciente que ninguém
quer ser pontual...
A intensidade não é grossa, a intensidade depende da entrega. A entrega
é tão fácil se não misturamos com nossos propósitos... E é tão difícil nos entregar a nós mesmos, admitir o mundo sem nos distanciar ou conseguindo desatar tantos nós, como é difícil fechar os olhos se andamos em uma corda suspensa no céu, meu Deus, quando vamos nos libertar até das metáforas?
O sutil é uma sensação, a ternura é um estágio da liberdade pouco explorado.
Preferimos explorar a liberdade de outras formas, marginalmente, imitando
uma democracia ilusória até desgostar da realidade.
A continuidade não existe, os pedaços quebrados se estilhaçam, que
sentido fará o que não existirá daqui a 20 anos?
A existência não é uma piada, mas mesmo assim é de mau gosto, solvida
em crenças que no final das contas são apenas uma insegurança agindo como
um camaleão, só não indefeso por isso.
Consigo perceber algumas coisas agora e assim outras vão pra casa do caralho,
logo sou apenas um sonho que teme nunca virar realidade.