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sexta-feira, 25 de março de 2011

Trajetória

'Um toque e já está imóvel por dentro, tentando fugir por fora.
A negação é uma mentira gostosa, mais intensa que o charme.

Um toque
e um ano passa - agora os toques são de origem questionadora, os segredos tentam fugir de uma situação criada.

E mais um ano.

O toque não parece existir, é preciso entender a identidade.
Mais um e os toques existem, parecendo uma auto-carícia.
Se mover é demorado e a intimidade é um templo.
A vida vai agir e os anos poderão se tornar meses, depois dias, logo uma noite apenas, só mais uma. E não mais. 

Dez anos luz no escuro

A lembrança é agora um toque agressivo. Encurralados, pensam em voltar. Não existe toque mais intenso que o ultimo?
A esperança encontra abrigo onde as tristezas parecem lhes trancar. A tristeza, assim como pecado, parece pesar.
O que mais seria um toque se não uma promessa mansa e hipócrita?

Um tempo em comum e os toques se multiplicam, já existe o divino ali.
Tudo se acalma, mesmo as ondas que nunca cessam parecem não interferir. Nada mais lindo que o primeiro toque divino, unindo mais que laço.
O amor é, mas não parece.
Fagulhas de uma pequena explosão futura, a corrente estoura.

O que mais seria um primeiro toque do novo? A história não é mais tão doce. A doçura era então daquelas mentiras gostosas...

Ninguem se cansa de sentir, apenas tocar.
O toque a deixa vermelha, seus olhos ardem, uma flor se abre no ventre - só mais um olhar de um dia sem volta,
permeado de sonhos entrelaçados que o mundo nunca verá.


Dois pássaros a namorar