Páginas

domingo, 13 de janeiro de 2008

Diaria

Como salvar lembranças se não só dentro de nós...
Do mesmo jeito queremos apagar outras, provavelmente. Mais aproximadamente não apagar da memória e sim simplesmente não ter feito. Até andei pensando: Isso iria contra a lei do: "admitir que existiu naquele momento".
Eu existi, ué. Muitas vezes vivi, outras existi, outras assisti - confesso que poucas, já que sonho, já que confesso, já que uso a parapsicologia, já que intermedio, já que não sou mais garotinha afinal, e o fato de não ser invisível também ajuda.
Me permitiria viver, então, como não sempre porém sempre. Já que as vezes o pensado é: "sempre sou" " nunca sou". Mentira, somos o de repente e isso é o sempre, como de praxe, volto a inconstância. A tal que não consigo relevar. Como relevar a instabilidade?
Vi que sofrer é coisa para estáveis. Ser feliz é coisa para sábios, oras, não necessariamente só monges e, assim, não todos eles também.
Humano é humano, dane-se se ele fala 4 línguas, dane-se se ele é mais alto, dane-se se ele é futebol arte ou já leu tudo de shakespeare, ele no mínimo é um paradoxo. Todos acabamos por ser.
Acabo pensando que tudo que digo tenho um cunho analítico de vida, como se ela estivesse rodando, aquele filme acontecendo, meus momentos sendo vistos como quando sonho e ora me pergunto - Por que não? - E acabo em soluçar o por que sim?
Pensamentos dão voltas em roupas, pés no chão e nuvens, como sempre, formatos e conversas pro ar, alimentando a parte cítrica do filme que roda, aumentando a parte ácida das auto-críticas sórdidas e deixando gosto de comida que eu mesma fiz, na medida que a vida modelou pra mim. Uma mistura que me apanha despercebida, quase sempre, como aqueles beijos que paramos pra pensar. Afinal, quando muito queremos ou esperamos, ou pensamos ou logo beijamos. Afinal não tem regra, já lembro nos meus 12 anos pensando em como se beija. Sabia o meu jeito, mesmo assim. Mas mesmo assim não sei explicar, teoricamente. Nada têm como explicar teoricamente com essa verdade. E sempre acreditei que existem momentos muito maiores que outros,
sem ao menos têr as mesmas coisas, em seu lugar romântico. Até por que eu descarto o romantismo, jogo-o fora no lixo. Charlatão, ignorante e nada interessante.
Foto, vídeo. Os sonhos ainda são filmes em nossas cabeças, como nossas próprias vidas em outras épocas. Quem nunca quis ter um filme de sua vida ou um livro da própria? E é complicado escrever no diário todos os dias as mesmas, exatamente as mesmas coisas que aconteceram.
Ainda mais quando chega-se cansado, ainda mais quando não tem a mesma alma ali, rondando... fora que é interessante, como em um filme, como muitas vezes nossa vida se torna: Outra vida. Em diários é nossa visão e nossas feridas, em um filme, logo, encara-se o continuar de metades, outras metades e torna-se mais ainda infinita. Já é, por assim acreditar, por não ser burra, simplesmente. Como a mente pode morrer? Bom, não vou entrar em outros aspectos. Ainda estou no aspecto que condiz o filme sobre a vida. Pensei agora que não seria
bom um filme de outra pessoa que eu aparecesse, isto é, seria lindo, bonito, mas, não poderia mostrar a frieza estampada, não seria legal. Eu sei, eu sei, o mesmo que dizem sobre não adivinharmos pensamentos. Mas eu sou a favor, gosto de não ilusão. Odeio machucar, mas
já faço por fazer, então é vocação, não lazer, lazer é fazer feliz e isto é regra, é intermédio para viver.
Falando nisso e em outras coisas, lembro que preciso comprar meu diário para 2008, ainda não comprei e muito quero anotar aquele pôr do sol, só em fotos não têm o cheiro do mar, a reação, e como eu corri do frio e o deixei lá. Ainda não tem eu tirando fotos de pessoas descascando,
nem naquela janela clássica, que ria, e que os momentos foram mais engraçados. Nem daquele que pareço me apaixonar a cada lembrança, e que é uma grande bobeira, pois não sinto absolutamente nada, mas de fato seu sotaque que repetia " tu me encantas." não me sai da cabeça e me alcança nas alturas, quando lá estou a esquecer de tudo e renovar meus dias. Como todos que renovam-se, por serem também noites, e por ainda terem tempo, muito tempo e sede. Que sede! É o calor. Exatamente por isso, preciso comprar meu diário!


(- Carolina.)