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terça-feira, 26 de abril de 2011

Koto


Responsável por um som maravilhoso, o Koto me fascinou desde pequena - mas na época não tinha google pra pesquisar sobre ele, além de nem saber de sua existência, apenas das músicas tradicionais japonesas normalmente ouvidas através de animês (e raramente). Enfim, wikipediando e vendo outros sites, encontrei lindas imagens e passagens interessantes sobre o koto.

''O Koto é um instrumento musical de cordas dedilhadas, composto de uma caixa de ressonância com diversas cordas, semelhante a uma grande cítara. Atualmente é o mais popular dentre os instrumentos musicais tradicionais japoneses. Tanto quanto piano ou violino, meninas em idade escolar aprendem o koto.  !
            Japanese high school students play the koto.
A história do koto é longa. O instrumento já com as suas principais características atuais foi introduzido no século VI (época do imperador Kinmei) vindo da China (dinastia T’ang). Ele já possuía o corpo feito com a madeira tradicional do Japão o Kiri (Paulownia), sendo todo laqueado. Ele era chamado de Kin-no-Koto. Data desta época a partitura mais antiga para o Koto (Yuran-fu que se encontra guardada no Templo Shinhoin).
          https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgtQnWAWS6wpTjrJcLARlUVGaQ4pd4ymE3SFiWW9cZxNSeR9XJGQdrU-MypiVxP_J3vmiHyqNivpSMa2AsyLkXcSdw-Am-6ZAgzfWcL85_oAr6l2cwNTMBdda_2Py9c4ThtQrzrlsvy73AX/s1600/kutu.jpg 
O instrumento está presente na literatura japonesa desde a antiguidade. 
Nos Contos de Genji (Genji Monogatari de Murasaki Shikibu 978-1016) o Koto aparece em diversas passagens. O seu personagem principal, o príncipe Hikaru Genji, quando exilado em Akashi tocava e mantinha diálogos musicais com Lady Akashi. Em outra obra, Contos de Heike (Heike Monogatari), a amada do imperador, Kogo, foi descoberta em seu esconderijo pelo som de seu koto.


Durante séculos a música de koto foi cultivada pela nobreza. No século XVII, Yatsuhashi Kengyo fundou um estilo independente, o Yatsuhashi Ryu. Em 1664, foi impresso um livro escrito por Sosan Nakamura, Shichiku Shoshin Shu, onde constam as partituras das principais músicas de Yatsuhashi Kengyo, Rokudan no Shirabe, Hachidan no Shirabe e Midare, executadas até hoje. Yatsuhashi criou as afinações consideradas as mais tradicionais para o koto, o Hira e o Kumoi. Neste século ainda houve a popularização do instrumento como acompanhamento de dança e como conjunto formado juntamente com Shakuhachi e Sangen.


 
Atualmente existem duas correntes, a Ikuta Ryu e a Yamada Ryu. A escola Ikuta foi fundada por Ikuta Kengyo (1757 a 1817) no final do século XVII baseada na transposição para o Koto das fórmulas existentes para o Shamisen (Sangen) principalmente na alternância de cantos com instrumentais originados do Jiuta. A característica fundamental desta escola está em sua ênfase nas técnicas instrumentais.



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 No final do século XVIII surgiu a escola Yamada fundada por Yamada Kengyo (1757 a 1817). Ela se baseava em narrativas, dando um maior destaque ao canto. Apesar de terem algumas peças do repertório em comum, os estilos se diferem na sua orientação. Tecnicamente o estilo de execução também é diferente. O formato da unha é diferente. O estilo Ikuta usa a unha com o formato retangular, e o estilo Yamada adota uma unha de forma oval, isto leva os instrumentistas sentarem de maneira diferente com relação ao instrumento. O instrumentista da escola Ikuta senta num ângulo oblíquo enquanto o da escola Yamada senta em ângulo reto. A posição que a mão toca as cordas também difere; a escola Ikuta toca com a mão inclinada em relação às cordas, e a escola Yamada toca com a mão na posição vertical.
Japanese high school students play the koto.
foto: Thomas Peters
Michiko Takaiwa tocando o koto.

No início deste século houve a popularização do koto principalmente pelas mãos de Michio Miyagi. Apesar de pertencer à escola Ikuta, Miyagui praticamente formou a sua escola, introduzindo elementos ocidentais na composição de músicas japonesas. 

A instrumentista Tamie Kitahara, do Quinteto de Música Tradicional Japonesa (tocou no CCBB)

O koto moderno tem treze cordas que podem ser de seda ou nylon. As cordas são afinadas através de trastes móveis, que permitem a mudança de afinação durante a execução da música. O corpo é formado por duas pranchas de Kiri, com aproximadamente 180 centímetros, formando uma caixa de ressonância. Existem variações no instrumento como o koto de dezessete cordas, inventado por Michio Miyagi, que faz o baixo das músicas, e outros modelos com vinte e uma e com oitenta cordas.
http://www.miyamasaoka.com/media_files/photos/images/12masaoka_koto_hands.jpg
Miya Masaoka tocando Koto.
Foto por Kim Stringfellow
A maioria das pessoas que tocam o koto são mulheres, pelo fato de seu som suave e gentil, praticamente sendo um som mais doce, mas isso não significa que não haja homens que tocam o instrumento, não há uma margem consideravel de preconceito a isso.''


   Links pra ouvir e ver e saber mais e záz:

Como se faz um koto (sensacional): comosefazumkoto

garotinhas felizes tocando koto

Yoshie Sakai tocando koto


quinta-feira, 21 de abril de 2011

Flor de maio IV






em alegria ou surpresas, passavam-se igualmente todos os dias no castelo em que moravam duas princesas, Flor de Maio e Flor de Abril, que, apesar do nome, ainda não haviam florescido. Flor de Maio era quieta e Flor de Abril quase não falava. Se a primeira era melancólica, a segunda era tristonha. Se uma era solitária, a outra estava sempre sozinha. Eram irmãs, mas não se faziam companhia e, como o castelo era muito grande, nunca se cruzavam.
Assim, durante muito tempo, até que veio um inverno como nunca viera antes. Lagos e fontes gelaram completamente, calaram-se os pássaros e as torres do castelo vestiram-se de branco por longos meses e mais pareciam noivas das montanhas. A natureza emudeceu e as pessoas pouco falavam. Reinava um silêncio glacial. E foi assim que Flor de Maio e Flor de Abril encontraram-se na sala dos manuscritos.
Reinava também o silêncio, mas povoado de palavras magnificamente bordadas no papel, de iluminuras luminosas, de desenhos que podiam quase falar. E num pesado livro que contava sobre as plantas, Flor de Maio encontrou seu nome e sentiu-se flor. Mas Flor de Abril não encontrou nada e sentiu-se ainda mais só. Arrastando sua dor e tristeza, procurou seu nome no livro dos monstros, das bruxas, dos bichos e até dos mortos. Não se encontrou em nenhuma página e sua fria tristeza confundiu-se com o Inverno. Parecia que a princesa acompanhava o silêncio da estação.
Parecia que a estação entendia o silêncio da princesa. Meses de silêncio e a fome começou a se instalar. O trigo gemia sob a terra, querendo nascer, mas o Inverno, solidário com a princesa, não se ia embora. Não se sabe ao certo se foi por medo da fome ou por compaixão, mas Flor de Maio enfrentou o vento frio e foi ao jardim remexer na terra. E, debaixo de espessas camadas de neve, descobriu um arbusto em cujos galhos começava a despontar um broto, sugerindo um futuro de flor. Era o mês de abril.
Flor de Maio levou a irmã para fora e mostrou-lhe a descoberta: uma flor de abril. A triste princesa sentiu-se botão e sorriu.Naquele mesmo instante, um tímido sol novo descortinou a névoa e convidou a Primavera a voltar. A nova estação veria duas magníficas flores desabrocharem juntas nos jardins do castelo.

( fonte : Revista "MUNDO e MISSÃO", histórias medievais )



quarta-feira, 13 de abril de 2011

backup

30/09/10 (fotolog)


Já escrevi tanto. Acho que tudo que escrevi nos meus diários etc. desde pequena dá uns 50 livros, 60, 70, sei lá. Fora as cartas enormes, poemas, um livro que eu comecei a fazer com 12 anos e não terminei até hoje...

Muitas fotos, muitas! Não consigo me transferir pro dia da foto ali congelado, apenas lembro como foi uma ou duas coisas e se valeu a pena. Sei que em todas essas épocas não teria vivido nem a metade se não fosse impulsiva.
Tenho a ilusão de achar que hoje sei distinguir exatamente quando algo vale a pena e quando não vale. Tudo tem a ver com ser produtivo ou não,
e confesso que compreendo que muitos erros valem a pena,

... o problema é: essa expressão: "valer a pena" não faz sentido algum, valer a pena o cacete, só se for pena literalmente, maldita expressão feia que não traduz o que realmente vale!
Mas procurando outra forma de dizer: "valeu a pena", fico estagnada:
"foi suficiente"
"foi realmente considerável"
"não me arrependerei" (...)

A única expressão que lembrei com "valeu a pena" é carpediem, que significa "aproveite o dia".
Então.. vale a pena =
"foi aproveitável"
"aproveitei de verdade" (...)
Mas essa coisa de "aproveitei" é estranha também.

Enfim, o que interessa mesmo é que tudo foi interessante o suficiente pra que eu escrevesse,
e meu interesse em certas épocas é bem diferente de hoje. Aliás nem mesmo escrevo tudo de interessante hoje em dia, mas consigo dizer que tal coisa eu faria questão ou não e de repente desenhar na minha agenda a temática do dia.

A maioria das coisas que me dava uma dor dilacerante estão agora entre histórias, traumas e uma memória feliz, que necessariamente não quer dizer que tal época foi feliz e sim que tal lembrança agora me traz felicidade. Sabe, uma espécie de biografia poética, que é extremamente ruim pra quem está ali, mas pra quem vê é simplesmente... poético.
E é isso, meu backup valeu a pena, é poético.

Ervilha de laboratório


Se pararmos pra pensar um entusiasmo não deixa de ser uma ansiedade.

Qualquer comentário fica fora de todos os contextos e ao mesmo tempo se enquadra em qualquer um...
Falo da análise de qualquer coisa, permitindo o abstrato e o absurdo até. Pra entender melhor, é só olhar pra uma imagem, cada um vai ver de sua forma particular (até mesmo os que sabemos que falam por que outros falam, os chamados pseudo pseudos intelectuais).
A questão é que até mesmo os que avaliam de forma "lógica" procuram no objeto a ser analisado uma referência sutil pra garantir uma revelação.
A referência sutil é na verdade um lugar onde nossas próprias características pesam, até mesmo
por não pesarem. É como um ecossistema mental.

Ok, sempre existe um ponto de
partida.

O começo é pela empatia, por exemplo: se eu acabar percebendo em qualquer alvo
uma coincidência, estarei sem dúvida admitindo
uma ingenuidade que não me deixa ser crítica, nem
mesmo discernir o que de fato é bom.
Perai. Mas como assim bom?
Depende dos critérios.
[critério
s. m.
1. Faculdade de distinguir o verdadeiro do falso, o bom do mau.
2. Capacidade, autoridade para criticar.]

Sinceramente todos se identificam ou mapeiam inspirados em seus próprios meios... Ou seja, na verdade perceber uma coincidência não é ingenuidade e sim ser um idiota bem burro, daqueles que são carentes e não admitem que podem admitir suas lamentações psicológicas em cada análise que fazem, seja de qualquer coisa e principalmente pra qualquer um.
Cara, tudo rende demais e ainda há quem
tenha tédio (repare, justamente são os pseudo
psceudos intelectuais. No entanto considerá-los
extremamente burros é outra burrice, apenas são carentes e se ghandi deixar um dia serão proveitosos pra si mesmos e não só como ratos de laboratório.).
(18/11/09, postado no meu fotolog)

E olha que escroto: No gartic já desenharam algo parecido com uma ervilha,
aí eu arrisquei: "ervilha" e as pessoas ficaram: O.o, 'ervilha? NOSSA, ervilha não é
assim!". É incrível não saberem como é de fato uma ervilha, sabe, elas não nascem em latas daquele jeito, gente, elas são compridinhas e sua vagem também é usada.





"As ervilhas serviram a Johann Gregor Mendel para as experiências que o levaram à descoberta das leis da herança biológica, hoje conhecidas em todo o mundo como leis de Mendel." (wiki)

"Ervilha não é com H."
"Claro que é, ninguém fala ervila."
(Chaves)

Sabe?

Tudo tá estranho,
existe um desespero mudo me fazendo quase engolir em seco o mundo inteiro,

será essa uma sensação de estar tudo errado?
  Sensaçãode não conseguir parar o tempo,
o receio aumenta, estou longe de ser, de estar

acho que preciso desenhar pra conseguir voar,
não imagino o mundo inteiro agora sabe?
só sinto uma energia ensurdecedora,
uma sinestesia atrapalhada de querer me esconder entre as nuvens,
o ar, a água, todos os sons do mundo

é incompreensível, isso não é prelúdio de nada
me ensinei a resistir a essas coisas e agora preciso ir o mais rápido possível,
se não eu páro, sabe? páro que nem uma idiota. 



[Toulouse-Lautrec - art print, poster - The Bed]

Henri de Touslouse Lautrec_ The Bed

Listras

Os prédios altos abafavam seus pensamentos, o vai e vem da cidade confundia o tráfego dos pensamentos camuflados, dos sonhos quebrados, das ilusões e do normal arrependimento da cidade grande.
O grande mundo crescia ao redor de todas as noticias dos jornais, e a confusão que o vai e vem lhe causava era fácil de habitar.
Ela certa vez dissera:
- Vamos para o campo, a vida é mansa.
Não agüentaria viver na vastidão do interior, onde encontraria muito vazio em si mesmo para continuar em paz, sem saber o que fazer, onde esconder-se.
- Isto não é paz, é exclusão – dizia rapidamente.
Acaba realmente se encontrando com as buzinas descontroladas e no desconforto que a poluição exala no dia-dia da cidade grande, as reclamações que retruca e os xingamentos que escuta no trânsito, acaba dependente das propagandas capitalistas e da futilidade prática da tecnologia.
Das noticias matinais no jornal burguês, dos desastres e da calúnia social – mas que diabo, é e somos o sistema, devemos a ele – acaba afagado pela estupidez humana, pelos comentários blasé do elevador e envolvido pelo tempo nublado constante, por não sentir sua própria ausência.
Suas pernas destinadas como o tráfego das ruas, seu mecanismo de não pensar é o mais usual de todos: viver no mundo de drogas artificiais móveis, distintas. Seu mundo é o verdadeiro mundo, não precisa ter vida de verdade, a vida de fato é a capacidade de continuar no próprio destino dos pés e do trabalho onde esconde, onde nada o atinge mais do que a paz de se enxergar.
''São Paulo, 27''


http://artinvestment.ru/temp/cache/20090426_mondrian.jpg
Mondrian
 

minha vida em tigelas grandinhas


"Passei o dia vendo cartas antigas, jogando coisas fora, limpando cada canto de cada objeto que pretendo decorar meu quarto... e achei tantos, reciclei tantos.
Nas caixas coloquei as cartinhas, os pedaços de memória e os meus queridos diários: minhas biografias. Alguma frustração em ler aqueles pedaços me faz guardá-los mais no fundo, mas não rasgo, não rasgava-me naquele tempo ué... lembro bem.. (talvez por dentro).
Não sei se perco tempo. Não sei se as coisas vão para seu lugar, assim, naturalmente, sem pensar demais.
Aqui sou evasiva por motivos imbecis, ao menos comigo mesma, ao menos enquanto escrevo sem pensar que um dia vou ler depois.
Não perderia tempo se escrevesse sabendo que um dia irei ler. Outras vezes eu me atrevo a usar minha razão horripilante pra consagrar uma vida decadente de auto-suficiência ilusória.
E eu sei disso, neste mundo nasci dependendo de tudo que eu fizer fisicamente, espacialmente, socialmente: algo que me sustente ao menos pra pagar um óculos pra enxergar, a tinta que eu quero pintar. A natureza não é a solução, a terra que eu piso não é minha, se eu vender meu corpo eu arranjo uma terra, se eu pensar: hei, vou entrar nessa, vou ser mais uma na sociedade a continuar dando voltas cada vez mais longas para o mesmo ponto, reverenciando o que têm ao centro. Eu não concordo pra isso ou com isso. E como eu faço pra não concordar? Ando pelada por aí, isso é revolução?
Hoje em dia a revolução não é como antigamente, a revolução é paga. Temos uma liberdade sim, temos uma liberdade ilusória. Acho que a organização é fruto do companheirismo, compaixão, desenvolvimento. E isso cria organizações políticas, ou o que seja. E quem é qualificado, hoje em dia?

Vi a borboleta em um baú antigo, pintura mineira da época imperial. Amei o baú.
Pensei em vários tipos de posições e coisas para meu quarto, desde o que é usual e o que não é, o que é belo-agradável, o que é usual-desagradável (como duas cômodas.) etc.

Tenho mania de jogar três moedas que devem ser da mesma cor e do mesmo valor. Funciona da seguinte forma: Cara é sim. Coroa é não. Quando dá Cara, cara e coroa é “sim, mas haverá problemas”. Ou “sim, mas é melhor não arriscar”. E coroa, coroa e cara: “Não, espere mais um pouco” ou “Não, pare de jogar essa porra 300 vezes”.

Tenho mania de deixar um pouco de bebida ''pro santo'', seja o que for que eu vá beber, e assim também acontece com comida. Seria uma boa dieta se eu não pensasse que pessoas poderiam comer exatamente aquilo que eu deixei em muita maior quantidade. Mas bebida sim.

Não tenho mania de estalar dedos, apesar de fingir isso quando tenho vergonha.

Tenho mania de lavar as mãos todo momento. Tenho mania absurda de higiene. Acho que fiquei traumatizada quando era pequena e vi no colégio um vídeo sobre bactérias.
Gosto de comer coisas em tigelas grandinhas. Adoro tigelas de porcelana. Adoro taças, gosto de beber qualquer coisa em taça.
Tenho mania de me alongar.
Tenho mania de proatividade, quando me sinto reativa fico reclusa pensando
o quão errado é.


A profundeza as vezes é redundante demais, por isso é bom só pintar e pintar.

talvez junho, talvez julho, mas do meu diário de 2008;


[Millais - Bubbles (aka that Pears Soap poster original)]

  John Everett Millais - Bubbles (aka that Pears Soap)

                           

Avefall 07


Deixe-me ir. Talvez eu prefira vagar, por que não?

Só que não mais por aqueles cantos oprimidos, eu não mereço?

Por que não posso? Por que não devo? O que mais devo? O que mais devo matar por dentro, a fim de renovar tudo à minha volta...? Em circulos escuros, um clarão no meio sem medida e sem alcance, estou jogada a sete palmos do céu, caindo, caindo, caindo e dele cada vez mais longe...
[Henri Matisse - art print, poster - Fall of Icarus]

 Matisse -  Fall of Icarus

                                  

empavecer-lhe


Argucioso,
subterfúgio de êxtase,
Enlevo como lasso:
Ora amparo ora resguardo;
Na meia luz da meia vida;
Do inteiriço belle époque: (meu cântico sussurrado);
No espelho se espelha traços ambíguos;


Essa languidez de alma fugida (fudida)
De volta ao subterfúgio
Não me rendo
Nem ao enlevo, mesmo volúvel ao léu
O que faz o significado em teste lascivo?
...Tudo é emparvecer.


2008, diário

[kandinsky_improvisation30.jpg]
kandisnsky
 

distinto



Longiquo os versos artificiais tão nobres,
a hipocrisia tão belamente contorcida em língua portuguesa;
Prostituição de prosa que não cresce, nem desvenda.
Só permanece oprimida, isenta, disparatada, incapaz
Que nem a pena torna-se tão estúpida
Quanto abruptos reflexos incapazes
Da própria falta de vida:


Entre voltar do mundo ou para mundo é sentir em vazio;
À sentir a vida despejando gota a gota impura morte;
Prefere-se o dominar casto da própria;
Impune, eximido, à olhar de cima o cuspe de vingança nobre,
A grandeza em alma resistente de baixeza imoral
tripúdio do próprio prazer que revela, norteia.
Puritana singeleza da verdade à ferro, ardente, fria.
Extemporânea que têm a tudo pertencente:
ausência; perfeição.


(2008)

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inconscientize-se


Da forma inconsciente explicite o que é e viva a sinceridade.
Prometa ao mundo a vida feita para ser continuação de si.
Em todas as mensagens aspire o extrair delas:
julgar apenas o que você mesmo escolhe para sua própria vida.
Respeitar o próximo e até mesmo crer que os que mais cometem o desumano são os que mais precisam de ajuda. 

A inocência de que as pessoas ''são o que são'' e as verdades são somas da sociedade é tão pouco quanto se auto-flagelar. É preciso ver além da sociologia.
Confiar que nunca será magoado é o mesmo que além de se iludir, mentir e assim, magoar.
A falta de dialogo sincero e de coração nas relações é imensa.
A dor e a violência, por conseguinte, também são. Precisamente imensa como o mundo e todos nós.
Basta termos a consciência de levar a luz e a paciência do dialogo de coração, juntamente aos projetos do mesmo. 

Quanto mais se é você mesmo e se quer a felicidade sincera, buscando sabedoria coletiva e harmonia, mais isto se multiplica entre nós e suas metas.
É o plano, meta, destino ou o que eu acreditar como fonte da minha luz eterna.
A fortaleza se constrói em si mesmo, mas é preciso criar a ponte que socorre os que precisam.
Não sinta a inveja, use a admiração como propulsora e siga no melhor propósito.
 

Viver bem é saber lutar, saber reaver, saber que o erro é necessário para o acerto e que a sorte não existe e sim a força interior. 

Usar as palavras, prosa ou música (ou a forma que mais o agrada de arte), como o melhor de sí -  para levantar-se e levantar o mundo. 
Posso levantá-lo sozinha, porque todos sem exceção precisam de mim, precisam de alguém, precisam de você. 
 
E meu maior sonho não é covarde: Ele é o que eu faço para realizá-lo e ser sempre eu mesma, a maior ferramenta para o bem, honestidade e compaixão. 

Não sugiro religião, sugiro sua própria personalidade e o que você sente ser verdade neste mundo e a evolução dele e de si mesmo.
A consciência universal: O bem como corrente, que não me basta dizer.
Sinto na pele a dor e a felicidade de ser honesta à mim e a isto. Mas juro, prometo à mim a capacidade de continuar, mesmo eu sendo o sacrifício, trago a mesma ferida que me fez estar aqui, para ascender aonde for.
As feridas do sofrimento e trauma é o que mais precisamos para sermos felizes, realmente felizes.

 
Felicidade é sabedoria interna. 


diário 2007

Salvador Dali


domingo, 10 de abril de 2011

meio

http://kateduffyartpaintings.files.wordpress.com/2008/05/mondrian-grey-tree-painting.jpg
Mondrian, grey tree



Quando me vejo sendo outra pessoa, não me vejo fazendo o que eu faço
nem lidando como eu lido.

Quando eu penso em lidar como outra pessoa,
sinto dor e faço sentir.

Quando sou eu, a dor é libertadora, a verdade é libertadora e
ao mesmo tempo não consigo olhar pra ela. Não consigo sentir
o calor do sol e saem lágrimas dos meus olhos só de olhar pra ele,
já que arde demais.

Fujo da dor - quando me coloco em outra pessoa ainda sim sinto minha dor, mesmo com atitudes diferentes - e não quero me colocar nela. Ao mesmo tempo só consigo vivê-la pra ter uma alegria feliz, algo que me faz ser normal até o momento que demonstro as anomalias.

Ninguém é capaz de entender uma dor multiplicada,
nem uma felicidade multiplicada.
Só entendem as divisões.




quinta-feira, 7 de abril de 2011

Joy division - Ian curtis



Queria ver de forma terna Ian Curtis enforcado, mas não sei se a foto que encontrei é verdadeira. Na verdade isso não deveria importar, mas é que só consigo imagina-lo enforcado com o corda de estender roupa em um suicídio aos 23 anos. Por que o vocalista do Joy division logo antes da primeira turnê americana de seu sonho concretizado (sua banda) fez isso?

                                
Ian curtis tomava uma porrada de remédios contra sua epilepsia - fontes dizem que no palco mesmo suas danças malucas tinham a ver com isso... Bem, podiam ter a ver com seus remédios, mas não sei se realmente tinha ataques graves. A questão é que alguns dizem que esse foi um motivo que pesou muito em seu suicídio, até uns meses antes chegou a ser internado por overdose de um de seus medicamentos.

As prováveis razões se seu suicídio é a depressão causada por sua epilepsia, pelos efeitos das drogas que ele tomava para controlá-lo, pela dissolução do seu casamento com Deborah blablá e seu relacionamento extra conjugal com a jornalista Annik Honoré, preocupações sobre o futuro da turnê americana, seu descontentamento com a indústria musical e talvez também seu desejo mórbido de  ter um ''fim'' cedo como de seus ídolos. 

Ian ficava ansioso demais antes dos shows, talvez por isso as supostas crises no palco - que por sinal o pessoal adorava. Achavam sensacional e faziam o mesmo, como se ele estivesse fazendo uma espécie de coreografia. Bem, de repente estava, o inconsciente desequilibrado é como um paixão obsessiva.
A mídia adora falar uma coisas macabras, mas sua esposa Deborah chegou a dizer: "As pessoas o admiravam por aquilo que o estava matando". A mulher pode ter dito algo menor que isso ou dito isso só pra chocar mesmo, sabe lá.
Ian algumas vezes ficava acordado esperando um ataque pra, depois de terminado, dormir direito sem ansiedades etc. e no dia seguinte ir ao show.


                                   

Apesar de uma juventude problemática cheia de dorgas, depois de casado Ian tinha arranjado um emprego como assistente social pra reintegração de deficientes e atendia com especial carinho uma, olha que coisa, epilética. Quando soube que ela havia morrido, fez She's Lost Control.


                                    
Queria saber mais a respeito de sua relação com a filha Nathalie, onde só vejo uma foto e relatos sobre o que ela sente em relação a ele, durante muito tempo não quis saber quem era o pai ou o que fazia. "Sabia que ele estava morto, mas até aos oito anos não quis saber mais nada". Depois ela veio com o papo de que toda tristeza podia ter sido evitada, que o pai tinha uma fama de melancólico, mas dançava nos palcos... Enfim, resolvi deixar só a foto mesmo.


Já li que na música In a Lonely Place, Ian meio que antecipa seu suicídio, falando sobre um enforcamento "(...) Hangman looks round as he waits, Cord stretches tight then it breaks, Someday we will die in your dreams (...)". Mas sinceramente se for contar pelas letras ele ''antecipa'' em um monte de outras letras. É algo triste, mas as músicas são muito boas, dá pra sentir um desespero, uma catarse silenciosa, motivo que acredito demonstrar uma dor verdadeira por uma impressão até inocente da vida.



''(...)A 13 de Maio regressa a casa para ver mulher e filha. Tira uma fotografia com Natalie, a sua última fotografia. Nos dias seguintes está com amigos e colegas, discutindo com aparente entusiasmo a viagem à América. No dia 17 tem uma longa conversa com a mulher. Esta, no seu relato, recorda que nas primeiras horas da manhã ele tinha visto um filme de Herzog, bebido café e estava animado. Falaram da degradação da relação, de Annik, do seu receio em que ela conhecesse um homem enquanto ele estivesse fora. Deborah acaba por ir dormir a casa dos pais. Ian pedira-lhe para não regressar antes das dez da manhã, hora a que deveria apanhar um comboio para Manchester.
Bebe mais café, acaba a garrafa de whisky que tinham na despensa. Tira a fotografia da filha da parede, ouve The Idiot de Iggy Pop e escreve uma longa carta à mulher. Pedia-lhe para não entrar em contacto com ele durante algum tempo porque lhe era difícil falar com ela, revelou Deborah mais tarde. Esta regressa de manhã a casa. Sente a falta do cheiro a tabaco na sala. Vê a carta sobre a lareira, e, olhando para o lado, constata que Ian ainda ali está, ajoelhado, na cozinha. Fala com ele. Só então repara na cabeça tombada, as mãos sobre a máquina de lavar, a corda em volta do pescoço.(...)"

                            

Queria ver ''Joy Division'' - Documentário realizado por Grant Gee [2007, 93'], com entrevistas aos membros da banda, me parece mais confiável que Control, filme baseado no livro de Deborah contando a vida de Ian.

                        O nome '' Joy division'' veio do livro "House of Dolls", de Karol Cetinsky. Nesse livro Joy Division (Divisão da Alegria) é o nome dado para a área onde as mulheres judias são mantida prisioneiras e "oferecidas" sexualmente aos oficias nazistas.


integrantes

Ian Curtis ( vocal e guitarra )
Bernard Sumner ( guitarra e teclado )
Peter Hook ( baixo e vocal )
Stephen Morris ( bateria ) (tiveram uma porrada)




O melhor artigo sobre Ian curtis no site artes-DN , baseado em matéria suplemento DNmúsica a 13 de Maio de 2005.


"Nós fazemos música para nós mesmos , más esperamos que ainda assim outras pessoas gostem dela" . (Ian Curtis)

"A amizade sempre foi o mais importante , ela é que produz a música." (Bernard Sumner)

"Ian era um catalisador para todos nós. Ele consolidava nossas idéias. Nós compunhamos toda a música, mas Ian nos dirigia." (Peter Hook)

                              http://1.bp.blogspot.com/_hxjZf613r1w/TT35z5bIigI/AAAAAAAAAT8/O3RNdvt3Evo/s1600/1426193257_d168d826e8.jpg
www.joydiv.org/

No Love Lost

So long sitting here,
Didn't hear the warning.
Waiting for the tape to run.
We've been moving around in different situations,
Knowing that the time would come.
Just to see you torn apart,
Witness to your empty heart.
I need it.
I need it.
I need it.


Through the wire screen, the eyes of those standing outside looked in
at her as into the cage of some rare creature in a zoo.
In the hand of one of the assistants she saw the same instrument
which they had that morning inserted deep into her body. She shuddered
instinctively. No life at all in the house of dolls.
No love lost. No love lost.


You've been seeing things,
In darkness, not in learning,
Hoping that the truth will pass.
No life underground, wasting never changing,
Wishing that this day won't last.
To never see you show your age,
To watch until the beauty fades,
I need it.
I need it.
I need it.


(Second verse on Warsaw album)
Two-way mirror in the hall,
They like to watch everything you do,
Transmitters hidden in the walls,
So they know everything you say is true,
Turn it on,
Don't turn it on,
Turn it on.

Nenhum Amor Perdido

Tanto tempo sentado aqui.
Não ouvi o aviso.
Esperando a fita funcionar.
Temos nos movimentado em situações diferentes,
Sabendo que aquele tempo poderia vir.
Só para ver você se despedaçando,
Testemunha do seu coração vazio.
Eu preciso disso.
Eu preciso disso.
Eu preciso disso.


Através da tela de arame, os olhos aqueles em pé lá fora olhando
para ela como olhando para jaula de uma rara criatura de um zoológico.
Na mão de um dos assistentes ela viu o mesmo instrumento
que eles naquela manha inseriram profundamente em seu corpo.ela tremeu
instintivamente. Sem vida alguma na casa das bonecas.
Nenhum amor perdido. Nenhum amor perdido.


Você tem visto coisas,
Na escuridão, não na aprendizagem,
Esperando que a verdade passe.
Nenhuma vida subterrânea, gastando nunca mudando,
Desejando que este dia não dure.
Para nunca ver você mostrar sua idade,
Para ver até que a beleza desvaneça.,
Eu preciso disso.
Eu preciso disso.
Eu preciso disso.


(Segunda versão no album Warsaw)
Espelhos nos dois lados do corredor,
Eles gostam de ver tudo o que vocês fazem,
Transmissores escondidos nas paredes,
Então eles sabem tudo que vocês dizem é verdade.
Ligue isso.
Não ligue isso.
Ligue isso.

I Remember Nothing

We were strangers, we were strangers
For way too long, for way too long
We were strangers, for way too long
(Violent, violent, were strangers)


Get weak all the time, may just pass the time
Me in my own world, yeah you there beside
The gaps are enormous, we stare from each side
We were strangers for way too long


Violent, more violent, his hand cracks the chair
Moves on reaction, then slumps in despair
Trapped in a cage and surrendered too soon
Me in my own world, the one that you knew


(For way too long, we were strangers)
We were strangers, for way too long
We were strangers, for way too long
Way too long...

Nada Recordo

Nós éramos estranhos
Éramos estranhos
Por muito tempo distantes
Por muito tempo distantes
Nós éramos estranhos por muito tempo distantes
violentos violentos
Éramos estranhos


Enfraquecidos o tempo todo, só para poder passar o tempo
Eu em meu próprio mundo, sim você aí ao lado
As aberturas são enormes, olhamos de cada lado
Nos éramos estranhos por muito tempo distantes


Violento, mais violento, a mão dele destroça a cadeira
Move-se sob reação, então desfalece em desespero
Preso numa jaula e rendido cedo demais
Eu em meu próprio mundo, a pessoa que você conhecia
Por muito tempo distante
Nós éramos estranhos
Éramos estranhos
Por muito tempo distantes
Por muito tempo distantes

Shadowplay

To the centre of the city
Where all roads meet looking for you
To the depths of the ocean
Where all hopes sank searching for you
I was moving through the silence
Without motion, waiting for you
In a room with no window
In the corner I found truth
In the shadowplay, acting out your
Own death, knowing more
As the assassins all grouped
In four lines, dancing on the floor
And with cold steel, odour on their bodies
Made a move to connect
I could only stare in disbelief
As the crowds all left

I did everything, everything I wanted to
I let them use you for their own ends
To the centre of the city
In night waiting for you
To the centre of the city
In night waiting for you

Jogo de Sombras

Para o centro da cidade
Onde todas as ruas se encontram, procurando por você
Para as profundezas do oceano,
Onde todas as esperanças afundam, procurando por você
Eu estava me movendo através do silêncio
Sem movimento, esperando você
Em um quarto sem janelas
No canto, encontrei a verdade


No jogo de sombras, expressando em ações a sua
própria morte, conhecendo mais
Como os assassinos, todos agrupados
Em quatro linhas, dançando sobre o chão
E com aço frio, o odor sobre seus corpo deles,
Fez um movimento para conectar
Pude apenas olhar em descrença
Enquanto toda a multidão se foi


Eu fiz tudo, tudo o que eu queria fazer
Deixei eles usarem você, para os próprios fins deles
Para o centro da cidade
Na noite, esperando por você
Para o centro da cidade
Na noite, esperando por você

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Lapa PeB

Lugar sujo, poças de lama e tanta gente pra lá e pra cá.
Uma barraca parecida com aquelas que colocam brincos e cordoes etc
nas ruas cedo, fora transformada em um bar itinerante com garrafinhas pet
de várias cores fluorescentes diferentes, verde, rosa shock, laranja shock, amarelo-marca texto. Achei que as bebidas seriam servidas ali, mas não, era em um copo grande desses de plástico - de colocar guaraná e cantar parabéns com música da xuxa.
Pedi  uma caipirinha de morango que mais tarde parecia tripa, em um vermelho fígado tenebroso. Mas era alimento e bebida ao mesmo tempo, valia a pena.
Um rapaz de cabelo comprido chama o ''barmen'' da tal barraca de família. "E AÍ FAMÍLIA, ME VÊ UMA FODCA". Rio alto, ele olha pra mim risonho, comento que achei engraçado chamar de "família" e ele: "somos todos uma família, esse aqui é meu primo".
Eu disse que o barmen era meu irmão. Meu irmão nos ofereceu mais açúcar.

Dos becos molhados músicas diversas, um funk antigo e mulheres grandes
dançando com gays pequenos. Do meu lado cai um cara, empurrado por outro,
que mais parecia ter saído da possa de lama (e assim levava o outro em seu lugar).


Marchando, tudo estranho, pessoas conhecidas, tudo aquilo parecia um maldito bloco fora de época teoricamente. Prático era ser daquele jeito mesmo. 
Um garoto extremamente bêbado tinha o nome do meu pai e repetia coisas caóticas que bebados repetem, pois era um menino ainda, queria parecer um velho bêbado que fala coisas caóticas que bêbados falam e por isso assim agia e dizia que amigo meu era um irmão pra ele, apontando, abraçando e discorrendo várias bandas de gosto comum aos dois.
Vejo uma cara conhecida, ali fico até sair dali e ir pro tal gramado "calvo''. Achei
isso engraçadinho. Caras de cabelo comprido, projetos de mutantes.
Apresentações de meninas simpáticas.
Signos à parte. ''Vamos no banheiro perto do arco íris"
Ok, vamos.
Era um bar/restaurante, não podia entrar com bebida - então deixei minha tripa com cachaça no lado de fora e entramos no banheiro quente. As meninas mijaram, acho que falei coisas de meninas e saímos, estava quente demais mesmo.

Tinha um bar com nome tipo ''deleite'', com luz vermelha e uma escada misteriosa.
Queria ir ali, mas supostamente era caro. Uma menina dava dicas de como varrer
para um lixeiro que varria uma porrada de coisas do chão, onde as pessoas acham super normal jogar copos e papéis. Sabe, é como se limpo não fosse o lugar que queriam
estar e sabiam que estavam. Ou seja, se lá estivesse limpo eles não estariam ali, ficariam desconfigurados. Enfim, rinocerontes de Ionesco em seu Teatro nonsense.
 
Pés doendo, bares fechados - isso é a famosa lapa? ok, ali todos eram irmãos,
mas as coisas boas fechavam cedo. Desculpa, se for assim prefiro rio das trevas, perto da roça. Nos restara um bar com forró que as 8 da manhã tocava "chupa que é de uva". Achei justo, tinha um cara que parecia o hit - o palhaço  que come crianças na obra prima do medo. Uma das bebidas era gengibre  com cachaça. ''Quero isso aí mesmo''. Pombos voavam meio putos da vida e construções históricas me deixavam menos perturbada com aquilo tudo.
 
Dá pra beber e voltar pela manhã sem problema se é justamente nessa hora
que  a bebedeira te rouba a consciência e assim não se cansa de andar e andar.
MAS estava consciente e por isso essa parte não foi legal - tirei os sapatos
e andei pela lama nada poética já que era dia. Um casal colocou uma toalhinha
em cima de uma mesa no meio da calçada e pôs-se a vender café, chocolate quente e café com leite. Ela nos deu um copinho (estilo copo grátis de café do mercado) com um outro copinho embaixo, já que estava muito quente. Tentamos comprar um pão com manteiga,
mas cobraram quase 5 reais, achei um absurdo e quase coloquei as mãos pro alto.
"Pastel chinês, pastel chinês", amigo meu repetia, e  repetia também "cigarro, cigarro,
varejo!" há, e parando no meio do caminho pra comentar com olhar sensacional, completando: "ficarei por aqui, o bar numseioquê (nao lembro o nome e seria antiético dizer também) precisa de mim".
"Se comprar um cigarro a varejo eu juro que vou embora daqui no 1o ônibus". -
digo. 

Treme o ônibus e pra mim é como estar em um berço, já que meus pés estavam doendo demais e finalmente havia sentado.

Mais um tempo e páro em um ponto, pensando: "ó, e agora, quem poderá me defender?".
Antes do chapolim colorado aparecer, um cara de moto amarela parou e disse: "oi, sou eu". Eu disse: "não conheço você" e ele ficou olhando. Repeti: "não te conheço". Bem, finalmente ele se foi - fiquei pensativa, será que era o chapolim? Não era.
Logo estou sã e salva, com os pés em uma água maravilhosa. Uma hora acordo e sou feliz por lavar os pés durante mais duas horas.




foto


Só fica legal em preto e branco.

O mundo é um moínho


 É contado que a filha de um amigo de Cartola queria fugir de casa,
até fugiu, creio (será que era a natasha, 17 anos??) pra viver um grande amor ou se prostituir ou qualquer coisa fora de casa. Cartola, ao ver o sofrimento do amigo, fez uma música pensando nessa menina (nathashaempotencial), já quão querida mas iludida estaria.
Cazuza e Ney matogrosso chegaram a regravar essa música, mas... 
A voz do Cartola, tão natural de quem canta por viver a cantar (e não que canta pra viver) é inigualável... Fica na cabeça, grudada, e no coração.


Cartola

Ainda é cedo amor
Mal começastes a conhecer a vida
Já anuncias a hora da partida
Sem saber mesmo o rumo que irás tomar

Preste atenção querida
Embora eu saiba que estás resolvida
em cada esquina cai um pouco a sua vida
Em pouco tempo não serás mais o que és

Ouça-me bem amor
Preste atenção que o mundo é um moinho
Vai triturar teus sonhos tão mesquinhos
Vai reduzir as ilusões à pó

Preste atenção querida
De cada amor tu herdarás só o cinismo
Quando notares que estás à beira do abismo
Abismo este que cavastes com teus pés